De Benjamin Todd
Todo o mundo diz que é importante achar um emprego em que você seja bom, mas ninguém diz como.
O conselho-padrão é pensar por semanas e semanas até “descobrir o seu talento”. Pra ajudar, conselheiros de carreira lhe dão testes sobre os seus interesses e preferências. Outros recomendam tirar um ano sabático, fazer reflexões profundas, imaginar diferentes opções e tentar descobrir o que realmente motiva você.
Mas como vimos num artigo anterior, tornar-se realmente bom na maioria das coisas leva décadas de prática. Então, em grande medida, as suas habilidades são construídas em vez de “descobertas”. Darwin, Lincoln e Oprah, todos eles falharam no começo de suas carreiras, e em seguida dominaram completamente os seus campos. O relatório de 1885 do professor de Albert Einstein lê-se: “Ele nunca dará em nada.”
Perguntar “no que eu sou bom?” restringe desnecessariamente as suas opções. É melhor perguntar: “no que eu posso me tornar bom?”
Deixando isso de lado, o maior problema é que esses métodos não são confiáveis. Várias pesquisas mostram que, embora seja possível prever no que você será bom de antemão, é difícil. Simplesmente “seguir seus instintos” é particularmente inconfiável e acontece que testes de carreira também não funcionam.
Ao invés disso, você devia se preparar para pensar como cientista: descobrir as suas opções e experimentá-las, olhando para o exterior em vez do interior. Aqui explicaremos por quê e como.
Tempo estimado de leitura: 23 minutos
Em resumo -A sua adequação pessoal para um emprego é a chance de que — se você trabalhasse nesse — você acabaria se destacando. -A adequação pessoal é ainda mais importante do que a maioria das pessoas pensam, pois ela aumenta o seu impacto, satisfação no trabalho e capital de carreira. -As pesquisas mostram que é difícil descobrir no que você será bom de antemão. Testes de carreira, tentar usar a introspecção ou simplesmente “seguir seu instinto” parecem modos precários de descobrir isso. -Em vez disso, pense como cientista: faça alguns melhores palpites (hipóteses) sobre quais carreiras podem ser bem adequadas, identifique incertezas-chave sobre esses palpites e daí vá investigar essas incertezas. -Procure os modos mais baratos de testar as suas opções primeiro, criando uma “escada” de testes. Geralmente, isso significa começar falando com pessoas já trabalhando no emprego. Depois, poderia envolver candidatar-se para trabalhos ou encontrar modos de fazer breves projetos que sejam semelhantes a efetivamente fazer o trabalho. -Pode levar anos para encontrar a sua adequação, e você nunca terá certeza sobre isso. Então, mesmo quando tiver um emprego, veja-o como um experimento. Experimente-o por alguns anos e daí atualize os seus melhores palpites. -Cedo na sua carreira, se você tiver a segurança necessária, pode valer a pena planejar experimentar vários caminhos de carreira, mirar alto e estar pronto para sair se algo estiver indo mais ou menos em vez de ótimo. Você pode tornar isso mais fácil considerando com cuidado em qual ordem explorar as suas opções e fazendo bons planos de reserva. |
1. Ser bom no seu trabalho é mais importante do que você pensa
Todo o mundo concorda que é importante achar um trabalho em que você seja bom. Mas nós pensamos que é ainda mais importante do que a maioria das pessoas pensam, especialmente se você se importa com o impacto social.
Primeiro, as pessoas mais bem-sucedidas em uma área são responsáveis por uma fração desproporcionalmente grande do impacto. Um estudo emblemático sobre pessoas de desempenho a nível especialista descobriu que:1
Uma pequena porcentagem de trabalhadores em qualquer nicho é responsável pelo grosso do trabalho. De forma geral, 10% superiores da elite mais prolífica pode receber o crédito por cerca de 50% de todas as contribuições, enquanto os 50% inferiores dos trabalhadores menos produtivos podem reivindicar somente 15% do trabalho total, e o contribuidor mais produtivo é geralmente 100 vezes mais prolífico que o menos produtivo.
Então, se você representar graficamente o grau de sucesso, seria assim:
É o mesmo formato pontiagudo dos gráficos que já vimos antes diversas vezes nesse guia.
No artigo sobre trabalhos de alto impacto, vimos isso em ação em áreas como pesquisa e ativismo. Em pesquisa, por exemplo, o 0,1% de artigos de mais destaque recebem 1.000 vezes mais citações do que o mediano.
Essas são áreas nas quais os resultados são particularmente assimétricos, mas a nossa revisão das evidências sugere que as melhores pessoas em quase qualquer área têm significativamente mais produção do que a pessoa típica. Quanto mais complexo o domínio, mais significativo o efeito, de modo que ele é especialmente notável em profissões como pesquisa, engenharia de software e empreendedorismo.
Ora, algumas dessas diferenças são apenas devidas à sorte: mesmo que todos fossem igualmente bem adequados, ainda poderia haver grandes diferenças em resultados simplesmente porque algumas pessoas calham de dar sorte, enquanto outras não. Entretanto, algum componente quase com certeza se deve à competência, e isso significa que você terá muito mais impacto se escolher uma área na qual você gosta do trabalho e tem uma boa adequação pessoal.
Em segundo lugar, ter sucesso no seu campo lhe dá mais capital de carreira. Isso parece óbvio, mas pode ser importante. Ser geralmente conhecido como uma pessoa que produz e é ótima no que faz abre todo tipo de oportunidades (muitas vezes surpreendentes).
Por exemplo, muitas organizações contratarão alguém sem experiência na sua área, se essa pessoa tiver feito algo impressionante em outro lugar (p. ex., muitas empresas de IA contrataram pessoas sem formação em IA). Membros de conselhos de empresas e instituições de caridade frequentemente são pessoas bem-sucedidas recrutadas de outros campos. Ou você pode encontrar alguém em outro campo que admire o seu trabalho e queira trabalhar com você. (Você pode ouvir mais sobre a defesa de ser foda em termos gerais em nosso podcast com Holden Karnofsky.)
Além do mais, ser bem-sucedido em qualquer campo — mesmo que seja meio aleatório — lhe dá influência, dinheiro e contatos, o que, como também já cobrimos, pode ser usado para promover topo tipo de boas causas, até aquelas não relacionadas ao seu campo.
Em terceiro lugar, ser bom no seu trabalho e ganhar um senso de domínio é um componente essencial de estar satisfeito no trabalho. Cobrimos isso no primeiro artigo.
É por tudo isso que a adequação pessoal é um dos fatores-chave a procurar num trabalho. Pensamos em “adequação pessoal” como as chances de se destacar num emprego, caso trabalhe nele.
Se juntarmos tudo o que falamos até agora no guia, esta seria a fórmula para um emprego perfeito:
Você pode usar esses fatores para fazer comparações lado a lado de diferentes opções de carreira (saiba mais sobre como fazer isso num artigo distinto).
Adequação pessoal é um multiplicador de todo o resto, o que significa que ele provavelmente é mais importante do que os outros três fatores. Logo, jamais recomendaríamos arrumar um trabalho de “alto impacto” no qual você seria ruim. Mas como você pode descobrir onde terá a melhor adequação pessoal?
Esperamos que você tenha algumas ideias aproximadas de opções a longo prazo a partir da parte anterior do guia de carreiras. Agora explicaremos como filtrá-las e encontrar a carreira certa para você.
(Aparte avançado: se você está trabalhando como parte de uma comunidade, então sua vantagem comparativa em relação às outras pessoas dentro dela também é importante. Leia mais.)
2. Por que introspecção, seguir o seu instinto e testes de carreira não funcionam
2.1. O desempenho é difícil prever de antemão
Quando pensamos em qual carreira escolher, nosso primeiro instinto é olhar pra dentro e não pra fora: “seguir nosso instinto” ou “seguir nosso seu coração”.
As pessoas que aconselhamos frequentemente passam dias se torturando em reflexões sobre quais opções parecem as melhores, tentando descobrir isso da poltrona, ou pela introspecção.
Essas abordagens pressupõem que conseguimos descobrir facilmente que seremos bons de antemão. Mas na verdade, não conseguimos.
Aqui está o melhor estudo que pudemos encontrar até agora sobre como prever o desempenho em diferentes empregos nos anos seguintes. É uma meta-análise de testes de seleção usados por empregadores, feita a partir de centenas de estudos realizados durante de mais de 100 anos.2 Aqui estão alguns dos resultados:
Tipo de teste de seleção | Correlação com desempenho no trabalho (r) |
Testes de QI | 0,65 |
Entrevistas (estruturadas) | 0,58 |
Entrevistas (não estruturadas) | 0,58 |
Avaliações por pares | 0,49 |
Testes de conhecimento da função | 0,48 |
Testes de integridade | 0,46 |
Procedimento de experiência no trabalho | 0,44 |
Nota média | 0,34 |
Testes de amostras de função | 0,33 |
Tipologia de Holland | 0,31 |
Experiência profissional (em anos) | 0,16 |
Anos de formação | 0,10 |
Grafologia | 0,02 |
Idade | 0,00 |
Quase todos esses testes são bem ruins. Uma correlação de 0,6 é bem fraca. E a precisão para previsões de prazo mais longo provavelmente é ainda pior.3 Logo, ainda que você tente prever usando as melhores técnicas disponíveis, você vai estar errado muitas das vezes: candidatos que parecem ruins muitas vezes acabarão sendo bons, e vice-versa.
Qualquer um que já tenha contratado pessoas lhe dirá que isso é exatamente o que acontece (e há algumas evidências sistemáticas para isso).4 E porque contratar é tão caro, os empregadores realmente desejam selecionar os melhores candidatos. Eles também sabem exatamente o que o trabalho exige; se até eles acham muito difícil descobrir de antemão quem terá o melhor desempenho, você provavelmente não tem muita chance.
2.2. Não siga o seu instinto
Se você fosse tentar prever seu desempenho de antemão, “seguir seu instinto” não seria a melhor forma de fazer isso. Pesquisas científicas sobre tomada de decisão coletadas durante várias décadas mostram que a tomada de decisão intuitiva só funciona em certas circunstâncias.
Por exemplo, o seu instinto pode lhe dizer muito rápido se alguém está bravo com você. Isso é porque o nosso cérebro é biologicamente feito para nos avisar quando estamos em perigo e para nos enturmar socialmente.
Sua intuição também pode ser maravilhosamente precisa quando treinada. Mestres enxadristas têm uma estupenda intuição para as melhores jogadas, e isso é porque eles treinaram a sua intuição jogando um monte de jogos parecidos e criaram uma noção do que funciona e do que não funciona.
No entanto, a tomada de decisão por instinto é precária quando estamos falando de quão rápido um negócio vai crescer, quem vai vencer uma partida de futebol e quais notas um estudante vai receber. Anteriormente, também vimos que a nossa intuição é ruim em descobrir o que nos fará felizes. Isso tudo é porque nossa intuição não treinada comete muitos erros, e nessas situações é difícil treiná-las para melhorar.
A tomada de decisão de carreira é mais parecida com esses exemplos do que ser um mestre enxadrista.
É difícil treinar o nosso instinto quando:
- os resultados das nossas decisões demoram muito tempo para se concretizar,
- temos poucas oportunidades para praticar,
- a situação continua mudando.
Essa é exatamente a situação com as escolhas de carreira: só fazemos algumas poucas decisões importantes de carreira em nossas vidas, demora anos para ver os resultados e o mercado de trabalho continua mudando.
O seu instinto ainda pode lhe dar dicas sobre a melhor carreira. Pode lhe dizer coisas como “eu não confio nessa pessoa” ou “não estou animado com esse projeto”. Mas você não pode simplesmente “seguir o seu instinto”.
(Veja a nossa revisão das evidências para mais detalhes.)
2.3. Por que testes vocacionais também não funcionam
Muitos testes vocacionais se baseiam na “Tipologia de Holland” ou algo parecido. Esses testes classificam você como um entre seis tipos de interesse, como “artístico” ou “empreendedor”. Daí, eles recomendam carreiras que combinam com esse tipo. No entanto, podemos ver pela tabela acima que a “Tipologia de Holland” tem apenas uma correlação fraca com o desempenho. Ela também só tem uma correlação fraca (os estudos encontram uma correlação de cerca de 0,1 a 0,3). Então, é por isso que não prestamos muita atenção a testes vocacionais tradicionais.
3. O que funciona na busca aquilo em que podemos ter excelência? Tentativa e erro.
Na tabela acima, as entrevistas figuram perto do topo, o que sugere o seguinte método: fale com pessoas que tenham experiência recrutando no campo, e pergunte a elas como você se compararia aos outros candidatos. Isso faz muito sentido: os especialistas provavelmente são muito bons em fazer esse tipo de juízo.
O grupo dos procedimentos de experiência no trabalho, testes de conhecimento de função e amostras de função também se saem bem, e isso sugere outro método intuitivo: tente chegar tão perto de efetivamente fazer o trabalho quanto for possível, e então veja como é. Falamos sobre alguns modos de fazer isso abaixo.
Surpreendentemente, testes de QI se correlacionam ao máximo, mas não são tão úteis para ajudá-lo a descobrir qual tipo de emprego é o mais adequado para você relativamente a outros empregos (e isso deixando de lado a questão sobre o que os testes de QI efetivamente medem!)
Dito tudo isso, é importante ter em mente que nenhum desses métodos funcionam muito bem. É simplesmente difícil dizer onde você pode ou não ser capaz de se destacar no futuro, e isso significa que você deveria manter a mente aberta e dar a si mesmo o benefício da dúvida — você provavelmente tem mais opções do que parece à primeira vista!
E em última análise, a única maneira de descobrir dar o mergulho e realmente experimentar as coisas.
4. Como você pode encontrar um emprego adequado? Pense como cientista
Se é difícil prever onde você terá o melhor desempenho de antemão, e seguir a sua intuição não funciona, então precisamos ter uma abordagem empírica:
- Faça alguns melhores palpites (hipóteses) sobre quais opções parecem as melhores.
- Identifique as suas incertezas-chave sobre essas hipóteses.
- Vá investigar essas incertezas.
E mesmo quando a sua investigação estiver completa e você começar um emprego, isso também será outro experimento. Depois que você tiver experimentado o emprego por alguns anos, atualize os seus melhores palpites e repita.
Achar a carreira certa para você não é algo que você descobrirá de imediato; é um processo passo a passo de elaborar respostas cada vez melhores com o passar do tempo.
Aqui estão algumas dicas a mais para cada estágio.
4.1. Faça uma grande lista de opções
O curto de excluir por acidente uma ótima opção cedo demais é muito maior do que o custo de investigá-la mais a fundo; logo, é importante começar de modo bem amplo.
E visto que é tão difícil prever onde você irá se destacar, isso também significa que é difícil excluir diversos caminhos!
Isso também pode ajudar você a evitar um dos maiores vieses de tomada de decisão: considerar muito poucas opções. Encontramos muitas pessoas que esbarraram em caminhos como doutorados, medicina e direito porque essas opções pareciam o padrão na época, mas se tivessem considerado mais opções, elas poderiam facilmente ter achado algo que se adequasse a elas melhor.
Também encontramos muitas pessoas que pensam que precisam aderir estritamente à sua experiência recente. Por exemplo, elas podem pensar que, porque estudaram biologia, deveriam procurar principalmente empregos que envolvem biologia. Mas o que você estudou na sua formação raramente importa tanto assim.
Assim, comece fazendo uma longa lista de opções, mais longa do que a sua primeira inclinação. Investigaremos mais como fazer isso em nosso artigo sobre planejamento.
4.2. Descubra as suas principais incertezas
Você não tem tempo de tentar investigar todo emprego; logo, você precisa restringir o campo.
Para começar, simplesmente faça alguns palpites aproximados: classifique mais ou menos as suas opções em termos de adequação pessoas, impacto e condições de apoio para a satisfação no trabalho (além de capital de carreira, se você estiver comparando próximos passos em vez de caminhos de longo prazo).
Então, pergunte a si mesmo: “Quais são as minhas incertezas mais importantes sobre esta classificação?”
Em outras palavras, se você pudesse conseguir as respostas para apenas algumas dessas perguntas, quais perguntas lhe diriam mais sobre quais opções deveriam ser as prioritárias?
As pessoas frequentemente descobrem que as perguntas mais importantes são coisas bem simples, como:
- Se eu me candidatasse para este emprego, eu entraria?
- Eu desfrutaria deste aspecto do emprego?
- O pagamento seria alto o bastante dados os meus empréstimos estudantis?
- Como efetivamente é a rotina diária?
Temos mais algumas dicas sobre como prever a sua adequação abaixo.
4.3. Faça testes baratos primeiro
Agora que você tem uma lista de incertezas, tente resolvê-las!
Comece com os modos mais rápidos e fáceis de ganhar informação primeiro.
Frequentemente encontramos pessoas que desejam, digamos, experimentar a economia; então elas se candidatam para um mestrado. Mas isso é um enorme investimento. Em vez disso, penso em como você pode aprender mais com o menor esforço possível: “testes baratos.”
Em particular, considere como você poderia eliminar as suas principais opções. Ou considere o que você poderia precisar descobrir para passar para uma opção diferente para a classificação superior.
Ao investigar uma opção específica, você pode pensar em criar uma “escada” de testes.
Após cada degrau, reavalie se a opção ainda parece promissora, ou se você consegue pular os degraus remanescentes e prosseguir para a investigação de outra opção.
Uma escada dessas pode se parecer assim:
- Leia as nossas análises de carreiras relevantes, todas as nossas pesquisas sobre um dado tópico e algumas pesquisas no Google para aprender o básico. (1–2 horas)
- Fale com alguém da área. (2 horas)
- Fale com três ou mais pessoas e leia um ou dois livros. (20 horas)
- Considere usar algumas das abordagens adicionais para prever o sucesso abaixo.
- Dadas as nossas descobertas nos passos anteriores, procure um projeto relevante que possa levar 1-4 semanas de trabalho — como candidatar-se para empregos, voluntariar-se numa função relacionada ou fazer um projeto paralelo na área — para ver como é e como você se sai.
- Só aí considere aceitar um compromisso de 2 a 24 meses — como um estágio ou uma pós-graduação. O ideal pode ser receber uma posição de teste numa organização por alguns meses, pois tanto você quanto a organização querem avaliar rápido a sua adequação.
Se você estiver escolhendo em qual restaurante comer, não há muito em jogo para justificar muita pesquisa. Mas uma decisão de carreira irá influenciar décadas da sua vida, de modo que poderia facilmente valer a pena tirar semanas ou meses de trabalho para garantir que você acerte.
4.4. Tente algo (e repita)
Você nunca terá certeza de qual opção é a melhor, e pior, talvez você nunca sequer se sinta confiante no seu melhor palpite.
Logo, quando você deveria terminar a sua pesquisa e tentar algo?
Aqui está uma resposta simples: quando o seu melhor palpite se para de mudar.
Se você continua a investigar, mas as suas respostas não estão mudando, então é provável que você tenha atingido rendimentos decrescentes, e você deveria simplesmente tentar algo.
Claro que algumas decisões são mais difíceis de reverter ou têm mais em jogo do que outras (p. ex., fazer medicina). Logo, tudo o mais igual, quanto maior a decisão, mais tempo você deveria passar investigando, e mais estáveis você quer que sejam as suas respostas.
Quando você dá o mergulho e começa um emprego, é de ajuda lembrar lembrar que até isso é um experimento. Na maioria dos casos, se você tentar algo por alguns anos e não funcionar, você pode tentar outra coisa.
Com cada passo que você tomar, você vai aprender mais sobre o que se adéqua melhor a você.
Veja as nossas análises de carreiras individuais para mais conselhos sobre como avaliar a sua adequação para um emprego específico, inclusive quando você já está no caminho.
Avançado: quais são os melhores modos de prever a adequação de carreira, segundo as pesquisas? Nossos conselhos cruciais sobre prever a adequação e definir as suas principais incertezas e ir investigá-las de qualquer forma que pareça mais útil. Mas também é verdade que, com base nas pesquisas e na nossa experiência, algumas abordagens à previsão parecem melhores que outras. Você pode usar essas sugestões para melhor direcionar os seus esforços para adquirir informação, e fazer palpites melhores antes de começar a fazer muita investigação. 1. Como o trabalho realmente é? Frequentemente encontramos pessoas que especulam sobre a sua adequação para, digamos, trabalhar no governo, mas pouca ideia têm sobre o que servidores públicos fazem realmente. Antes de ir adiante, tente entender o básico: você consegue descrever o como pode ser um dia típico de trabalho? Quais tarefas criam valor no trabalho? O que é necessário para fazê-las bem? 2. O que os especialistas dizem? Se puder, pergunte às pessoas com experiência no campo quão bom é o seu desempenho — especialmente pessoas com experiência no recrutamento para o trabalho em questão. Mas tenha cuidado: não atribua peso demais à opinião de uma única pessoa! E tente encontrar pessoas que provavelmente sejam honestas com você. 3. O que tem funcionado para você até agora?5 Um método simples de prever o seu sucesso é projetar o seu histórico para o futuro. Se o você tem tido sucesso num caminho, isso normalmente é uma boa razão para continuar. Você pode tentar usar o seu histórico para fazer estimativas mais precisas das suas chances. Por exemplo, se você está fazendo pós-graduação, aproximadamente a melhor metade da sua classe irá para o meio acadêmico; logo, se você está entre os 25% superiores da sua classe na pós-graduação, você pode chutar mais ou menos que estará nos 50% superiores da academia.6 Para ter uma noção melhor do seu potencial no longo prazo, você deve olhar a sua taxa de melhoramento, não apenas o seu desempenho recente.7 4. O que conduz o sucesso nesta área, e como você se compara? As suas respostas aos 1-3 lhe dão um ponto de partida, mas daí você pode modificar isso para cima ou para baixo dependendo de fatores específicos que poderiam aumentar ou diminuir as suas chances de sucesso. O objetivo é desenvolver um modelo do que é necessário para o sucesso. Você pode. Você pode tentar fazer isso perguntando às pessoas no campo o que mais é necessário, e tentando entender o que faz as pessoas ter sucesso ou não. Daí, tente avaliar como você se compara nesses previsores. É assim que (boas) entrevistas de emprego funcionam: elas tentam identificar os traços mais importantes para o emprego e então lhe pedem evidências de que tenha demonstrado esses traços no passado. 5. O emprego combina com os seus pontos fortes? Uma maneira útil de descobrir os seus pontos fortes é descobrir atividades que não parecem trabalho, mas parecem para a maioria das pessoas. Temos um artigo com um processo movido a por evidência para avaliar os seus pontos fortes pessoais. 6. Você se sente animado com isto? Motivação ao nível visceral não é um previsor confiável do sucesso. Mas se você não se sente motivado, você provavelmente não será capaz de colocar o esforço necessário para ter um bom desempenho. Logo, uma falta de animação definitivamente deveria fazer você hesitar; pode valer a pena explorar o que exatamente você acha pouco inspirador. 7. Você vai ter prazer com isto? Isso importa mesmo que você se importe principalmente com o impacto social: para se comprometer com qualquer carreira por tempo o bastante para fazer a diferença, ela terá que ser prazerosa e se adequar ao restante da sua vida. Por exemplo, se você deseja uma família, você provavelmente deseja um emprego sem horas de trabalho extremas. 8. Combine todas essas perspectivas. Prever o sucesso de carreira é difícil, e não há uma única abordagem que seja confiável. Logo, é útil considerar todas as perspectivas acima, e focar em opções que pareçam boas a partir de várias delas. Veja as nossas análises de carreiras individuais para mais conselhos sobre como avaliar a sua adequação para um emprego específico. Fazer boas previsões em geral é difícil. Mas é também muito útil se o seu objetivo é fazer o bem, de modo que também temos um artigo sobre como melhorar em tomar decisões e prever o futuro. |
5. Quanto você deveria explorar na sua carreira?
Suponha que você tenha decidido experimentar um emprego por alguns anos. Você agora está diante de um conflito: deveria insistir nele ou largá-lo na esperança de encontrar algo melhor?
Muitas pessoas de sucesso exploraram bastante cedo na sua carreira. Tony Blair trabalhou como promotor de rock antes de entrar para a política. Mary Angelou trabalhou como condutora de teleférico, cozinheira e dançarina de calipso antes de mudar para a escrita e o ativismo, enquanto Steve Jobs passou um ano na Índia sob o efeito de ácido e considerou até ir para o Japão para virar um monge zen. Isso é exploração pra valer.
Exemplos de pessoas que se especializaram cedo, como Tiger Woods, frequentemente nos saltam aos olhos; mas não parece necessário especializar-se tão cedo, e provavelmente nem é a norma. O livro Range: Why Generalists Triumph in a Specialized World [Alcance: Por Que Generalistas Triunfam num Mundo Especializado], David Epstein argumenta que a maioria das pessoas tenta vários caminhos, e que atletas que tentam vários esportes antes de se estabelecer em um tendem a ser mais bem-sucedidos — apresentando Roger Federer como para Tiger.
Um estudo de 2018 na Nature descobriu que “marés de sorte” entre criativos e cientistas tenderam a seguir períodos de exploração de várias áreas.
E hoje é amplamente aceito que muitas pessoas irão trabalhar em vários setores e funções ao longo da sua vida. A pessoa de 25 a 34 anos típica muda de emprego a cada três anos,8 e mudanças não são incomuns depois disso também.
E se a adequação pessoal é tão importante quanto defendemos, pode valer a pena passar muitos anos descobrindo o emprego que é o melhor para você.
Mas claro que explorar também é custoso. Mudar de caminhos de carreira pode levar anos, e se você fizer isso com demais, pode parecer irresponsável. Além disso, alguns caminhos podem ser difíceis de reingressar após deixá-los.
Steve Jobs gostava de dizer que você jamais deveria “se estabelecer”. Mas esse não é um conselho realista. A verdadeira questão é como equilibrar os custos da exploração com os benefícios.
Felizmente, tem havido bastantes pesquisas em ciência da decisão, ciência da computação e psicologia sobre essa questão. Por exemplo, entrevistamos Brian Christian, autor de Algoritmos para Viver: A Ciência Exata das Decisões Humanas, sobre como resumir essa pesquisa, e temos uma série avançada toda sobre isso.
Estas são algumas das descobertas cruciais.
5.1. Explore mais na juventude
Todos concordam que quanto mais cedo você está na sua carreira, mais exploratório você devia ser.
Isso é porque quanto mais cedo você descobre uma melhor opção, mais tempo você tem para tirar vantagem dela.
Se você descobre uma ótima carreira na idade de 66 e se aposenta na idade de 67, você só se beneficiou por um ano. Mas se você descobriu uma coisa nova na idade de 25, você pode ter décadas para desfrutar dela.
Além disso, logo cedo você sabe relativamente pouco sobre os seus fortes e opções, de modo que você aprende muito mais experimentando.
A sociedade também está estruturada para tornar mais fácil que pessoas mais jovens explorem — por exemplo, muitos estágios só estão disponíveis para pessoas que ainda estão na faculdade —, de modo que os custos de tentar outros caminhos também são menores quando se é mais jovem.
5.2. Considere tentar vários caminhos (com um ordenamento cuidadoso)
Uma estratégia de exploração é tentar vários caminhos e então comprometer-se com qualquer coisa que parecer a melhor no final. (Isso é semelhante à solução para o (anacronicamente batizado) ”problema do secretário” na ciência da computação, que se trata de quanto tempo passar procurando o melhor candidato para contratar a partir de um reservatório de pessoas interessadas.)
Essa estratégia é mais adequada quando você é um pós-graduando ou está nos seus primeiros empregos, quando a exploração é mais fácil e mais valiosa, e quando as suas incertezas são maiores.
A principal desvantagem dessa estratégia é que é custoso experimentar vários caminhos. No entanto, muitas vezes é possível reduzir os custos consideravelmente ordenando com cuidado as suas opções. Por exemplo, você pode tentar um número surpreendente de caminhos entre a graduação e a pós, durante os recessos ou priorizando as opções mais reversíveis.
Aqui estão mais alguns detalhes sobre como ordenar os seus próximos passos:
5.2.1. Explore antes da pós-graduação, não depois (e priorize outras opções reversíveis)
Nos anos logo depois que você se graduar, não se espera que você saiba tudo sobre a sua carreira imediatamente — em geral, você tem licença para tentar algo mais incomum, como começar um negócio, viver no estrangeiro ou trabalhar numa ONG.
Se não der certo, você pode usar a “reinicialização da pós-graduação”: fazer um mestrado, um MBA, um curso de direito, um doutorado, que lhe permite voltar para um caminho-padrão. Vemos muitas pessoas se apressando para a pós-graduação ou para outras opções convencionais logo depois de se graduarem, o que as fazem perder uma das suas melhores oportunidades a explorar.
Em especial, vale a pena explorar antes de um doutorado do que depois. No final de um doutorado, é difícil deixar a academia. Isso é porque passando de um doutorado para um pós-doutorado, e daí para uma posição acadêmica permanente, é improvável que você tenha sucesso se você não focar 100% na pesquisa. Logo, se você não tiver certeza sobre a academia, experimente alternativas antes do seu doutorado se possível.
Da mesma forma, é mais fácil passar de uma posição no mundo dos negócios para um emprego numa ONG do que vice-versa; logo, se você estiver incerto entre os dois, pegue a posição dos negócios primeiro.
5.2.2 Escolha opções que lhe permitam experimentar
Uma abordagem alternativa é arranjar um emprego que lhe permita experimentar várias áreas:
- Deixando você trabalhar numa variedade de setores. Posições freelance e de consultoria são especialmente boas para isso.
- Deixando você praticar muitas habilidades diferentes. Trabalhos em pequenas empresas são com frequência especialmente bons nesse sentido.
- Dando a você tempo livre e energia para explorar outras coisas fora do trabalho.
5.2.3. Experimente algo paralelamente
Se você já tem um emprego, pense em maneiras de experimentar uma nova opção paralelamente. Você conseguiria fazer um projeto pequeno, porém relevante no seu tempo livre, ou no seu emprego atual?
Se for estudante, tente fazer tantos estágios e projetos de verão quantos conseguir. As férias da universidade são umas das melhores oportunidades na sua vida para explorar.
5.2.4. Considere incluir um curinga
Um inconveniente das estratégias acima é que o seu melhor caminho pode bem ser algo em que você ainda não pensou.
É por isso que na ciência da computação, muitos algoritmos de exploração têm um elemento aleatório; fazer um movimento aleatório pode ajudar a evitar o estabelecimento num “ótimo local”. Embora não recomendemos literalmente escolher ao acaso, o fato de que até algoritmos de computador acham a aleatoriedade útil ilustra o valor de tentar algo diferente.
Isso poderia significar tentar algo totalmente fora da sua experiência normal, como viver numa cultura muito diferente, participar de comunidades diferentes ou experimentar setores diferentes daqueles que você já conhece (p. ex., ONGs, o governo, corporações).
Por exemplo, eu (Benjamin) fui aprender Chinês na China antes de ir para a universidade. Não tinha nenhuma ideia específica sobre como seria útil, mas senti que aprendi muito com a experiência, e acabou sendo útil quando posteriormente trabalhei para criar recursos para pessoas que trabalham na coordenação entre a China e o Ocidente em torno de tecnologias emergentes.
Jess – um estudo de caso sobre exploração Aqui está um exemplo da vida real: quando Jess se formou em matemática e filosofia, ela estava bem interessada na academia e inclinada a estudar filosofia da mente, mas estava preocupada que teria pouco impacto. “80,000 horas fez nada menos que revolucionar o modo como eu penso sobre a minha carreira.” LEIA A HISTÓRIA DE JESS Então, após ter se formado, ela passou vários meses trabalhando com finanças. Ela não achava que iria gostar disso, e acabou estando certa, de modo que se sentiu confiante eliminando essa opção. Ela também passou vários meses trabalhando em ONGs e lendo sobre diferentes áreas de pesquisa. O mais importante é que ela falou com um monte de gente, especialmente nas áreas acadêmicas em que ela tinha mais interesse. Isso acabou levando-a a receber uma oferta para um doutorado em psicologia, focado em como melhorar a tomada de decisão de formuladores de políticas públicas. Durante o seu doutorado, ela fez estágio em um think tank especializado em políticas baseadas em evidências, e começou a escrever sobre psicologia para um periódico on-line. Isso lhe permitiu explorar o lado do “intelectual público” de ser um acadêmico, e a opção de entrar para a elaboração de políticas. No final do seu doutorado, ela poderia ter continuado na academia ou mudado para a elaboração de políticas ou a escrita. Ela também poderia ter voltado para as finanças ou para o terceiro setor. O mais importante é que ela tinha uma ideia muito mais clara de quais opções eram as melhores. |
5.3. Uma razão racional para mirar alto
Com frequência, os jovens são aconselhados a “pensar alto”, “ser mais ambiciosos”, “mirar alto”; isso é bom conselho?
Nem sempre. Quando lhes perguntaram, mais de 75% dos jogadores de basquete da Divisão I acharam que jogariam basquete profissionalmente, mas somente 2% realmente conseguiram. Quer os jogadores das pesquisas estivessem ou não fazendo uma boa aposta, eles superestimaram as suas chances de sucesso… por mais de 37 vezes.
Dizer às pessoas para mirar alto não faz sentido quando as pessoas são tão superconfiantes assim nas suas chances de sucesso.
Mas quando você está mais calibrado, muitas vezes é bom conselho.
Suponha que você esteja comparando duas opções:
- Ganhar para doar como engenheiro de software
- Pesquisa em segurança da IA
Imagine que você pense que as suas chances de sucesso na pesquisa não são muito altas, de modo que o mais provável é que você terá mais impacto ganhando para doar. Mas se você de fato tiver sucesso na pesquisa, seria um impacto muito maior.
Se você tiver apenas uma chance para escolher, você deveria ganhar para doar.
Mas o mundo real normalmente não é assim. Se você tentar o caminho da pesquisa e não funcionar, você pode com a maior probabilidade voltar a ganhar para doar. Mas se de fato funcionar, você estará num caminho de impacto muito mais alto para o resto da sua carreira.
Ou seja, há uma assimetria. Isso significa que, se você puder tolerar o risco, é melhor tentar a pesquisa primeiro.
De modo mais geral, você está em posição de aprender ao máximo tentando caminhos que
- Podem ser muito, muito bons…
- Mas dos quais você está muito incerto.
Em outras palavras, tiros no escuro.
Nesse sentido, o conselho de mirar alto faz sentido, especialmente para jovens.
Uma versão agressiva dessa estratégia é classificar as suas opções em termos de vantagem — ou seja, quão boas serão se forem extraordinariamente bem (digamos, nos 10% superiores dos cenários) —, e daí começar com os mais bem classificados. Se você não estiver no caminho certo para alcançar o cenário da vantagem dentro de um determinado prazo, tente o próximo, e assim por diante.
Isso geralmente só é adequado se você tiver boas opções de reserva e a posição afortunada de poder experimentar várias coisas.
Uma versão mais moderada dessa estratégia é usar um critério de desempate: quando estiver incerto entre duas opções, escolha aquela com a maior vantagem potencial. (Veja também a nossa série avançada sobre quando ser mais ambicioso.)
5.4. Na dúvida, largue
O viés dos custos irrecuperáveis é a tendência de continuar a fazer uma coisa que não faz mais sentido, só por causa de como você já pagou por ela. Ele nos leva a esperar que as pessoas:
- continuem no seu caminho atual por tempo demais,
- queiram evitar custos de curto prazo da transição,
- sejam adversas a saltar para uma nova opção desconhecida.
Isso tudo sugere que, se você está em cima da cerca sobre largar um emprego, você devia largar.
Isso é exatamente o que um influente estudo randomizado descobriu. Steven Levitt recrutou dezenas de participantes que estavam profundamente incertos sobre se deveriam fazer uma grande mudança na sua vida. Após oferecer alguns conselhos sobre como fazer escolhas difíceis, aqueles que permanecerem genuinamente indecisos receberam a chance de jogar uma moeda para resolver a questão — 22.500 jogaram.
Levitt acompanhou esses participantes dois e seis meses depois para perguntar se eles haviam realmente feito a mudança e quão felizes eles estavam numa escala de 1 a 10. Aconteceu que as pessoas que fizeram uma mudança numa questão importante ganharam 2,2 ponto de felicidade em 10!
Claro que isso é só um estudo, e não ficaríamos surpresos se o efeito fosse menor numa replicação. Mas ele se alinha com o que esperaríamos.
Aplique isso à sua própria carreira Nos artigos anteriores, você deve ter feito uma lista de algumas ideias para caminhos de carreira de longo prazo a visar. Agora você pode começar a filtrá-los. 1. Faça um palpite aproximado sobre quais caminhos de longo prazo são os mais promissores no geral: impacto, adequação pessoal e satisfação pessoal. 2. Quais são algumas das suas principais incertezas sobre essa classificação? Liste pelo menos cinco. 3. Como você poderia resolver essas principais incertezas tão facilmente quanto possível? Vá investigá-las. Considere fazer testes baratos. 4. Qual opção você acha que tem a maior vantagem potencial? 5. Se você fosse tentar vários caminhos de longo prazo, qual seria o modo ideal de ordenar esses testes? 6. Quão confiantes você se sente sobre as suas opções de longo prazo? Você acha que devia (i) fazer mais pesquisas comparando as suas opções de longo prazo?, (ii) tentar entrar em uma (mas com um plano de reserva)?, (iii) planejar tentar vários caminhos de longo prazo? ou (iv) simplesmente ganhar capital de carreira transferível e descobrir os seus caminhos de longo prazo posteriormente? Se você deseja pensar mais sobre as suas opções de longo prazo, experimente o nosso processo para comparar uma lista de opções de carreira: COMO TOMAR DECISÕES DE CARREIRA |
6. Conclusão
Gostamos de imaginar que podemos descobrir no que somos bons por meio da reflexão, num lampejo de insight. Mas não é assim que funciona.
Ao invés disso, é mais como um cientista testando uma hipótese. Você tem ideias sobre no que você pode vir a ser bom (hipóteses), que você pode testar (pesquisas e experimentos). Acha que pode ser bom em escrever? Então comece um blog. Acha que iria odiar fazer consultoria? Pelo menos fale com um consultor.
Se você não sabe ainda qual é a sua “vocação” ou a sua “paixão”, isso é normal. É muito difícil prever qual carreira é a certa para você quando está começando, e até às vezes quando muitos anos se passaram.
Ao invés disso, vá testar as coisas. Você vai aprender pelo caminho, indo passo a passo em direção a uma carreira gratificante.
Quando tiver escolhido uma área, como você pode garantir o sucesso? É isso o que cobriremos no próximo artigo. Depois disso, mostraremos como juntar tudo num plano de carreira.
Leia em seguida
Parte 9: Conselhos baseados em evidências sobre como ter sucesso em qualquer emprego. Ou veja uma visão geral do guia de carreiras inteiro.
Notas e referências
1. Simonton, Dean K. “Age and outstanding achievement: What do we know after a century of research?” Psychological bulletin 104.2(1988): 251. PDF
2. Schmidt, Frank L., and John E. Hunter. “The validity and utility of selection methods in personnel psychology: Practical and theoretical implications of 85 years of research findings.” Psychological bulletin 124.2 (1998): 262. PDF
3. Estamos bem confiantes de que isso é verdade, pois a incerteza se agrava com o tempo.
Por exemplo, Ericsson argumentou que o melhor previsor do desempenho a nível de especialista em períodos mais longos é quanta “prática deliberada” alguém teve.
Mas uma meta-análise de 2014 descobriu que isso só explicava cerca de 20% da variância e que isso era em campos como esportes, xadrez e música, onde a prática deliberada é comparativamente mais importante. Em outras profissões, era somente 1%.
Isso sugere que até o melhor previsor que temos não nos diz tanto assim.
4.
Escolhas de carreira, por exemplo, são frequentemente abandonadas ou lamentadas. Uma pesquisa da American Bar Association [NT: o equivalente à OAB nos EUA] descobriu que 44% dos advogados recomendariam que um jovem não siga a carreira no Direito. Um estudo de 20.000 recrutamentos executivos descobriu que 40% dos contratados de nível sênior “são removidos, falham ou desistem em 18 meses”. Mais da metade dos professores deixam o emprego em até quatro anos.
Extraído de Decisive, de Chip & Dan Heath.
5. Se o resultado de uma escolha de caminho de carreira é dominado por cenários de “cauda” (resultados extraordinariamente bons), que pensamos que muitas vezes é, então você pode aproximar o impacto esperado de um caminho olhando para a probabilidade de os cenários de cauda acontecerem e quão bons/ruins eles são.
6. Se supusermos que 50% com a melhor adequação seguir para a academia, então você estaria na metade superior. Na realidade, os seus prospectos seriam um pouco piores do que isso, visto que parte do seu desempenho passado pode ser devido à sorte ou outros fatores que não se projetam no futuro. Da mesma forma, fracassos passados podem ter sido devidos à sorte ou outros fatores que não se projetam no futuro, de modo que os seus prospectos são um pouco melhores do que eles ingenuamente sugerem. Em outras palavras, o desempenho passado não prevê perfeitamente o desempenho futuro.
7. Em termos mais técnicos, você pode tentar fazer uma previsão de taxa-base.
8.
A permanência mediana dos funcionários no cargo foi geralmente maior entre os trabalhadores mais velhos do que os mais jovens. Por exemplo, o tempo médio de ocupação dos trabalhadores com idades entre 55 e 64 anos (10,4 anos) foi mais de três vezes maior do que o dos trabalhadores com idades entre 25 e 34 anos (3,0 anos). Uma proporção maior de trabalhadores mais velhos do que os trabalhadores mais jovens tinha 10 anos ou mais de permanência no cargo. Entre os trabalhadores com idades entre 60 e 64 anos, 58% estavam empregados há pelo menos 10 anos em seu atual empregador em janeiro de 2014, em comparação com apenas 12% daqueles entre 30 e 34 anos.
Link arquivado, acessado em 24 de abril de 2017.
NOTA: esta é uma tradução do Guia de Carreiras do 80,000 Hours, tendo maio de 2023 como última atualização. Ela pode não corresponder à versão mais atualizada, que pode ser acessada em: https://80000hours.org/career-guide/personal-fit/