Uma HQ com o Superhomem. Transcreveremos os textos: Quadrinho 1: Narrador: quando Superman começou, ele salvou centenas de vidas todos os dias! Superman: Pare, ladrão! Quadrinho 2: Narrador: mas logo se percebeu que ele poderia estar salvando muito mais vidas Mulher: Em vez de parar os criminosos, que tal transportar cargas de grãos para matar a fome das pessoas? Superman: ah, okay... Quadrinho 3: Narrador: nós procuramos as melhores técnicas para salvar vidas. Homem: Novo plano: use sua força para arar as terras em países pobres. Os economistas acham que é melhor a longo prazo. Superman: mas... Homem: a cada segundo de queixa é mais um bebe morto Quadrinho 4: Narrador: finalmente, encontramos a máxima eficiência. Cientista: precisamos que você acione esse imã o mais rápido possível, a energe que ele gera será tão barata que todos poderão desfrutar de um padrão de vida ocidental. Superman: parece... um pouco monótono... Cientista: ah, isso me lembra. Manha sua velocidade constante em todos os momentos.

Por que o Super-homem estava errado em combater o crime – quadrinho do SMBC.

Muitas pessoas pensam no Super-homem como um herói. Mas ele pode ser o maior exemplo de talento subutilizado em toda a ficção. Foi um erro passar a vida combatendo o crime um caso de cada vez; se tivesse pensado um pouco mais criativamente, ele poderia ter feito um bem muito maior. Que tal entregar vacinas para todos no mundo em supervelocidade? Isso teria erradicado a maioria das doenças infecciosas, salvando centenas de milhões de vidas.

Aqui vamos argumentar que muitas pessoas que querem “fazer a diferença” com sua carreira caem na mesma armadilha que o Super-homem. Pessoas com nível superior se imaginam tornando-se médicos ou professores, mas essas podem não ser as funções mais adequadas às suas habilidades particulares. E assim como o Super-homem combatendo o crime, esses caminhos geralmente são limitados em quanto eles podem contribuir para a resolução de um problema.

Em contraste, o ganhador do Prêmio Nobel Karl Landsteiner descobriu os grupos sanguíneos, possibilitando centenas de milhões de operações salvadoras de vidas. Ele nunca teria conseguido realizar um mesmo número de cirurgias sozinho.

Abaixo apresentamos cinco maneiras possíveis de usar sua carreira para ajudar a enfrentar os problemas sociais que você quer ajudar a resolver (que identificamos no artigo anterior). As cinco maneiras são: ganhar para doar, comunicação, pesquisa, governo e políticas e construção de organizações. Faremos recomendações concretas sobre como seguir cada abordagem.

Para receber ainda mais ideias, dê uma olhada na nossa lista mais longa dos caminhos de carreira de maior impacto que a nossa pesquisa descobriu até agora.

Tempo de leitura: 20 minutos.

Em resumo

– Após escolher um problema, como abordamos no artigo anterior, o próximo passo é descobrir qual a melhor maneira de contribuir para resolvê-lo.
– Pense de modo amplo sobre caminhos nos quais você pode fazer as maiores contribuições, incluindo pesquisa, comunicação e construção de comunidade, conseguir empregos de alto salário para doar para a caridade, governo e políticas, e construção de organizações.
– Foque nas abordagens que se fazem mais necessárias na sua àrea de problema. Alguns problemas são melhor resolvidos através da mudança de políticas. Outros precisam de mais de pesquisa, enquanto outros precisam de financiamento e assim por diante.
– Em última análise, a longo prazo você vai querer encontrar a opção que se sair melhor numa combinação de (i) quão premente o problema é (ii) quão grande será sua contribuição (iii) seu grau de adequação pessoal e (iv) adequação aos seus objetivos pessoais.

1. Abordagem I: ganhar para doar

Será que Elton John teria feito mais bem se tivesse trabalhado numa pequena ONG? Normalmente, não pensamos em tornar-se uma estrela do rock como um caminho para fazer o bem, mas (independentemente do valor da música!) Elton John salvou as vidas de milhares de pessoas ao reduzir o espalhamento do HIV/AIDS.1.

Elton John teve um grande impacto humanitário pela filantropia. (Foto de Ernst Vikne)

Então aqui está um modo de fazer mais bem que geralmente não se coloca como opção: ganhar para doar.

Frequentemente encontramos pessoas que estão interessadas em trabalhar num emprego com um salário alto, como engenharia de software, mas se preocupam que com isso não farão a diferença. Parte da razão disso é que normalmente não pensamos em ganhar mais dinheiro como um caminho possível para pessoas que querem fazer o bem. No entanto, existem muitas organizações eficazes que não têm dificuldade em encontrar funcionários entusiasmados, mas não têm recursos para contratá-los. As pessoas que são bem adequadas para empregos bem remunerados podem doar para essas organizações e fazer uma grande contribuição indireta.

Definimos “ganhar para doar” como trabalhar num emprego com um impacto neutro ou positivo que pague mais do que o que a pessoa faria se não trabalhasse nele, enquanto doa uma grande fração dos redimentos extras (tipicamente 20-50% do salário total) para organizações que ela pensa ser altamente eficazes.

Ganhar para doar não é apenas para pessoas que querem trabalhar em setores que pagam altos salários Qualquer um que pretenda ganhar mais para doar mais está nesse caminho. Mas se você se adéqua bem a um caminho de altos ganhos, essa poderia ser uma das suas opções de mais alto impacto.

Considere a história de Julia e Jeff, um casal de Boston com três filhos. Através do seu relacionamento com Julia, Jeff passou a se interessar por usar a sua carreira para o bem. Jeff costumava trabalhar como técnico de pesquisa. Ele decidiu treinar para se tornar engenheiro de software e acabou conseguindo um emprego na Google. Eles puderam ganhar o dobro do que ganhavam, e então começaram a doar cerca de metade de sua renda para caridade todos os anos.2

Jeff e Julia tentaram encontrar a melhor maneira de fazer a diferença
Quartz: Jeff e Julia tentaram encontrar a melhor maneira de fazer a diferença

Fazendo isso, eles provavelmente tiveram mais impacto do que teriam trabalhando diretamente em uma ONG. Compare o impacto de Jeff com o de um diretor-executivo de uma ONG:3

  Engenheiro de software da Google Diretor-executivo de ONG
Salário US$ 250.000 US$ 65.000
Doações US$ 125.000 US$ 0
Dinheiro para sustento US$ 125.000 US$ 65.000
Impacto direto
do trabalho
Neutro Muito positivo

Jeff poderia viver com cerca de duas vez o valor que ele ganharia no terceiro setor e ainda doar para financiar os salários de cerca de dois diretores-executivos de ONGs. O palpite de Jeff é que o impacto direto do seu trabalho era aproximadamente neutro. Ele também acha que ficou mais feliz no seu trabalho porque ele gosta de engenharia.

Além disso, Jeff e Julia podem mover suas doações para as organizações que estiverem mais necessitadas de fundos em qualquer determinado momento com base em sua pesquisa, ao passo que é mais difícil mudar de trabalho. Essa flexibilidade é particularmente valiosa se você estiver incerto sobre quais problemas serão mais prementes no futuro.

Fazer tanta diferença assim é possível porque (como vimos anteriormente) vivemos em um mundo com enorme desigualdade de renda: é possível ganhar mais do que um professor ou trabalhador de uma ONG e muitas vezes mais do que as pessoas mais pobres do mundo. Ao mesmo tempo, dificilmente alguém doa mais do que alguns por cento de sua renda4, de modo que, se você estiver disposto a doar mais, você poderá ter um impacto incrível numa ampla variedade de empregos.

Anteriormente, vimos também que um graduado em um país desenvolvido pode ter um grande impacto doando 10% da sua renda para uma organização eficaz. Um graduado ganha em média US$ 77.000 por ano durante a sua vida, e 10% disso poderia salvar cerca de 40 vidas se fossem doados para a Against Malaria Foundation, por exemplo.

[NT: Mesmo no Brasil já seria possível ter um impacto significativo: um trabalhador com ensino superior completo tem um rendimento médio de 5.000 reais mensais. Isso representa 65 mil reais por ano. Se essa pessoa se comprometer a doar 10% desse valor, ela poderá salvar uma vida a cada dois anos. Ao longo de 40 anos de carreira isso seria o mesmo que salvar 20 vidas, se doar à Against Malaria Foundation, por exemplo.]

Se você pudesse ganhar 10% a mais e doar essa renda extra, isso seria o dobro de impacto. E se você acha que há organizações melhores para financiar do que a Against Malaria Foundation — talvez trabalhando em outros problemas, ou fazendo pesquisa, ou comunicando ideias importantes –, seu impacto pode ser ainda maior.

Desde que introduzimos o conceito de “ganhar para doar” em 2011, centenas de pessoas o adotaram e têm se mantiveram comprometidas. Algumas doam cerca de 30% de sua renda e algumas doam até mais de 50%. Coletivamente, elas doarão dezenas de milhões de dólares para instituições de caridade de alto impacto nos próximos anos. Ao fazer isso, elas estão financiando pessoas apaixonadas que querem contribuir diretamente, mas que, se não fosse por essas doações, não teriam os recursos necessários.

Uma das pessoas que aconselhamos em 2011, Matt, doou mais de US$ 1 milhão, ainda com 20 e poucos anos, e foi destaque no New York Times. Ele também achou seu novo trabalho mais agradável.

1.1. Você deveria ganhar para doar?

Ganhar para doar tem sido uma das nossas ideias mais memoráveis e controversas, atraindo a cobertura da mídia na BBC, Washington Post, Daily Mail e muitos outros veículos de notícias.

Por esse motivo, muitas pessoas acham que é nossa principal recomendação. Mas não é.

Vemos o ganhar para doar na maior parte como uma base de referência. É um caminho que muitos seguem e faz bastante bem, nas escala de salvar 100 vidas ou mais, como acabamos de argumentar.

Mas achamos que a maioria dos nossos leitores pode ter um impacto ainda maior seguindo uma outras abordagens abaixo. No geral, para as pessoas com quem conversamos cara a cara, só pensamos que cerca de 10% deveriam ganhar para doar.

De fato, em 2022, Jeff saiu do seu emprego de salário alto na Google. Ele agora é pesquisador no Nucleic Acid Observatory, construindo um sistema de monitoramento de águas residuais que ele espera ajudar a detectar pandemia antes que elas comecem. Jeff e julia ainda vão doar mais de 30% da sua renda, mas dado o salário mais baixo de Jeff, eles esperam que a maior parte do seu impacto positivo venha diretamente do seu trabalho.

Quando ganhar para doar é especialmente promissor?

  • Você se adéqua bem a uma opção de ganhos mais altos, como Jeff se adequava à engenharia de software, e você não se adéqua bem a outras opções impactantes. (Definitivamente, não se torne engenheiro de software se você odiaria isso!)
  • Há um trabalho específico que você realmente deseja fazer por outras razões com o qual você acha que pode fazer doações consideráveis. Por exemplo, você poderia ser alguém que sempre quis ser médico, ou poderia precisar de um emprego de ganhos mais altos para sustentar a sua família.
  • Você acha que uma opção de ganhos mais altos será boa para desenvolver habilidades (para usar num trabalho mais direto posteriormente), e ganhar para doar poderia ajudar você a se manter engajago com o impacto social enquanto faz isso. Por exemplo. trabalhar numa star-up de tecnologia pode ajudar você a aprender habilidades de construção de organizações que são úteis na gestão de ONGs. (No próximo artigo, explicamos por que é importante ganhar “capital de carreira”).
  • Você tem muita incerteza sobre quais problemas são os mais prementes. Ganhar para doar fornece maior flexibilidade, porque você pode facilmente redirecionar suas doações ou até mesmo economizar o dinheiro e doar mais tarde. (Apesar de que o dinheiro não é a única coisa que é transferível! Muitas habilidades — incluindo as que cobrimos abaixos — podem facilmente ser transferidas entre áreas de problema.)
  • Você deseja contribuir para uma área que está particularmente limitada pela falta de financiamento, em vez de estar limitada pela falta de talentos.

1.2. Objeções comuns a ganhar para doar

Muitos empregos de alta renda não causam danos?

Não recomendamos trabalhar num emprego que causa dano a fim de doar o dinheiro, e escrevemos um artigo inteiro sobre o porquê.

Na prática, a maioria das pessoas que ganham para doar trabalham em áreas de tecnologia, gestão de ativos, medicina ou consultoria, e pensamos que há muitas posições nesses setores que têm um impacto aproximadamente neutro ou pequeno. Por exemplo, muitos (mas não todos) operadores financeiros lucram às custas de outros investidores; portanto, estão movimentando dinheiro, principalmente de pessoas ricas para outras pessoas ricas.

Claro, alguns empregos de alta renda podem causar bastante dano. Uma ilustração particularmente gritante é Sam Bankman-Fied. Sam fundou uma bolsa de criptomoeda com o objetivo declarado de ganhar para doar. De fato, nós o apresentamos em nosso site como exemplo de alguém que seguia uma carreira positiva! Mas Sam acabou sendo acusado de fraude.

Escrevemos mais sobre Sam e o possível dano de carreira de alta renda. A conclusão é: embora achemos que você possa fazer uma grande quantidade de bem ganhando para doar, achamos que causar dano pelo bem maior quase nunca é uma boa ideia, ainda que você ache que as doações poderiam superar os custos de uma carreira prejudicial.
As pessoas realmente conseguem manter o compromisso?

As pessoas não vão acabar sendo influenciadas por seus pares a gastar o dinheiro em luxos ao invés de doar? Estávamos preocupados que isso aconteceria quando introduzimos a ideia, mas não aconteceu com tanta frquência quanto você imagina. Centenas de pessoas estão buscando ganhar para doar e, embora algumas tenham saído porque pensaram que poderiam fazer mais bem em outro lugar, surpreendentemente poucos (pelo que sabemos) simplesmente desistiram de seus planos de doar. Em parte, isso ocorre porque muitas pessoas que decidiram ganhar para doar fizeram votos públicos de suas intenções de doar, frequentemente por meio da Giving What We Can. A existência de uma comunidade que ganha para doar também torna muito mais fácil manter o compromisso hoje em dia.

Mas se você tentar ganhar vastas somas de dinheiro, há um risco muito mais substancial: o poder corrompe. Por essa razão, nos preocupamos mais com pessoas que tentam ganhar tanto quanto possível, às custas de todo o resto. Sugerimos fazer um compromisso inicial em público de fazer doações. E se você acabar com um monte de dinheiro, você deveria estabelecer proteções para ajudar a garantir que você o dinheiro com responsabilidade: como um conselho, estruturas de governança formal e conselheiros que possam manter você sob controle. Leia mais sobre o risco de ser corrompido por uma carreira de altos ganhos.
E se eu não me sentisse motivado tendo um trabalho de alta renda?

Nesse caso, não tenha um. Só recomendamos ganhar para doar se você for bem adequado para isso. Apenas tenha em mente, como dissemos anteriormente, que você pode se interessar por mais trabalhos do que imagina.

Para saber mais sobre qual a melhor forma de ganhar para doar, as suas vantagens e os melhores argumentos contra, veja o nosso artigo completo.

2. Abordagem II: comunicação

Considere as seguintes opções:

  1. Você mesmo ganhar para doar.
  2. Persuadir dois amigos a ganhar para doar.

O segundo caminho faz mais bem — na verdade, provavelmente cerca do dobro. Isso ilustra o poder de carreiras na área da comunicação.

Muitas das pessoas de maior impacto na história foram comunicadoras e defensoras de um tipo ou de outro, pessoas que difundiram importantes ideias e soluções para problemas prementes.

Considere Rosa Parks, que se recusou a ceder o assento a um homem branco em um ônibus, provocando um protesto que levou a uma decisão da Suprema Corte Americana de que ônibus segregados eram inconstitucionais. Parks era costureira em seu trabalho diário, mas nas horas vagas ela estava muito envolvida com o movimento pelos direitos civis. Depois que foi presa, ela e a NAACP trabalharam duro e estrategicamente, ficando acordados a noite toda criando milhares de panfletos para lançar um total boicote de ônibus em uma cidade de 40.000 afro-americanos, enquanto simultaneamente davam início a ações legais. Isso levou a um grande progresso para os direitos civis.

Muitas das pessoas de maior impacto na história eram ativistas de algum tipo, e você pode se tornar um ativista estando em qualquer trabalho. Rosa Parks trabalhava como governanta e costureira antes de se tornar o ícone dos direitos civis.

Há também muitos exemplos de pessoas de que você nunca ouve falar, como Viktor Zhdanov, que provavelmente foi uma das pessoas de maior impacto do século XX.

No século XX, a varíola matou cerca de 400 milhões de pessoas — muito mais do que as que morreram em nas guerras e fomes políticas de todos aquele século. O crédito pela eliminação geralmente é dado a D. A. Henderson, que estava dirigindo o programa de eliminação da varíola da OMS. No entanto, o programa já existia antes de Henderson ter sido trazido ao conselho. De fato, ele inicialmente rejeitou o trabalho. O programa provavelmente abaria tendo sucesso mesmo se Henderson não tivesse aceitado a posição.

Zhdanov, sem mais ninguém, pressionou a OMS para começar a campanha de eliminação para início de conversa. Sem o seu envolvimento, ela não teria acontecido até muito depois, e é possível que absolutamente não teria acontecido.

Viktor Jdanov
Viktor Zhdanov pressionou a OMS a fazer uma campanha de erradicação da varíola, antecipando a erradicação em muitos anos.

Então por que a comunicação de ideias importantes foi algumas vezes tão eficaz?

Primeiro, as ideias podem se disseminar rapidamente, de modo que a comunicação é uma maneira de um pequeno grupo de pessoas ter um grande efeito sobre um problema. Uma pequena equipe pode lançar um movimento social, fazer lobby no governo, iniciar uma campanha que influencie a opinião pública ou apenas persuadir seus amigos a defender uma causa. Em cada caso, ela podem ter um impacto duradouro sobre o problema que vai muito além do que poderia alcançar diretamente.

Em segundo lugar, disseminar ideias importantes de um modo cuidadoso e estratégico é algo muito negligenciado. Isso ocorre porque geralmente não há incentivos comerciais para disseminar idéias socialmente importantes. Em vez disso, o ativismo é feito principalmente por pessoas dispostas a dedicar suas carreiras a tornar o mundo um lugar melhor. Além disso, as ideias que é mais impactante disseminar são aquelas que não são ainda amplamente aceitas. Contrariar o status quo é algo desconfortável, e pode levar décadas para as opiniões mudarem. Isso significa que também há poucos incentivos pessoais para contrariá-las.

A comunicação também é uma área na qual os esforços mais bem-sucedidos contribuem muito mais do que os esforços típicos. Os ativistas mais bem-sucedidos influenciam milhões de pessoas, enquanto outros podem ter dificuldades em persuadir mais do que alguns amigos. Isso significa que se você se adéqua bemà comunicação, isso muitas vezes é a melhor coisa que você pode fazer, e é provável que você alcance muito mais fazendo isso por si próprio do que poderia financiando alguém para se engajar na comunicação e no ativismo em seu nome.

Carreiras na área da comunicação podem ser seguidas como trabalho de tempo integral (como muitos trabalhos na mídia), como parte de uma função mais ampla (como um acadêmico que faz comunicação científica) ou junto com qualquer emprego (como Rosa Parks).

No fim das contas, Bono pode ter compensado pelo impacto negativo da sua voz ao cantar ao comunicar sobre a importância da pobreza global.

Carreiras na área da comunicação são definidas pelo seu foco na disseminação de ideias numa grande escala, mas tambémm é possível ter um impacto semelhante a um nível mais pessoal, enquanto construtor de comunidade.

Por exemplo, a ativista dos direitos das mulheres Susan B. Anthony odiava escrever. Então, enquanto a sua cofundadora da Leal Liga Nacional da Mulher, Elizabeth Cady Stanton, era uma poderosa comunicadora — escrevendo longos livros e editando os seus boletins informativos semanais — Anthony focava principalmente na organização e na construção de uma comunidade.

Susan B. Anthony e Elizabeth Cady Stanton colaboraram como líderes do movimento do sufrágio feminino durante mais de 50 anos. A carreira de Stanton se concentrava na comunicação de ideias; Anthony geria organizações, organizava eventos e construía o movimento.

O trabalho de Anthony organizando eventos, falando com ativistas e construindo a comunidade sufragista nos Estados Unidos acabou levando à 19ª emenda da constituição dos EUA, garantindo a todas as mulheres o direito ao voto — frequentemente chamada de “Emenda Anthony” em sua homenagem.

A construção de comunidade muitas vezes funciona como uma posição de meio período. Por exemplo, Kuhan era estudante em Stanford quando descobriu o 80.000 Horas e percebeu a importância da redução de riscos existenciais. No entanto, etambém viu que não havia organizações no campus que focassem nessa ideia. Então, fundou o Iniciativa do Risco Existencial de Stanford, que organiza cursos e conferência sobre o tópico para construir uma comunidade de estudantes que visam trabalhar nesses riscos.

“Lembro quando abri o 80.000 Horas pela primeira vez, e pensei: Isso é exatamente o que eu vinha procurando. Isso é incrível.
Escute a história de Kuhan (podcast em inglês)

Se estiver interessado em seguir uma carreira na área da comunicação, veja o artigo completo sobre como tornar-se um comunicador.

3. Abordagem III: Pesquisa

As pessoas geralmente criticam acadêmicos como sendo intelectuais em Torres de Marfim cujos trabalhos não tem impacto algum. E nós concordamos que há muitos problemas com a academia que fazem com que os pesquisadores alcançem menos do que poderiam. No entanto, ainda consideramos que o trabalho de pesquisador frequentemente tem alto impacto, tanto dentro quanto fora da academia.

Junto com os comunicadores, muitas das pessoas de maior impacto na história foram pesquisadores. Considere Alan Turing. Ele foi um matemático que desenvolveu máquinas de decifrar códigos que permitiram que os Aliados fossem muito mais eficazes contra os U-boats nazistas na Segunda Guerra Mundial. Alguns historiadores estimam que isso possibilitou que o dia D ocorresse um ano antes do que teria de outra forma.5 Como a Segunda Guerra Mundial resultou em 10 milhões de mortes por ano, Turing pode ter salvo cerca de 10 milhões de vidas.

E ele também inventou o computador.

Alan Turing 16 anos
Turing foi fundamental no desenvolvimento do computador. Lamentavelmente, ele foi processado por ser gay, o que possivelmente contribuiu para seu suicídio em 1954.

O exemplo de Turing mostra que a pesquisa pode ser ao mesmo tempo teórica e de alto impacto. Muito do seu trabalho dizia respeito à matemática abstrata da computação, que inicialmente não tinha relevância prática, mas que se tornou importante ao longo do tempo.

Do lado da pesquisa aplicada, vimos muitos exemplos de pesquisas médicas de alto impacto no início deste guia.

É claro que nem todo o mundo será um Alan Turing, e nem toda descoberta é utilizada. No entanto, acreditamos que em alguns casos a pesquisa pode ser um dos melhores modos de ter um impacto. Por quê?

Primeiramente, quando novas ideias são descobertas, elas podem ser difundidas de maneira incrivelmente barata, de modo que uma única carreira pode mudar todo um campo. Além disso, novas ideias se acumulam com o tempo, de modo que uma pesquisa contribui para uma fração significativa do progresso de longo prazo.

No entanto, apenas uma fração relativamente pequena de pessoas está envolvida em pesquisas. Acadêmicos constituem 0,1% da população6 e essa proporção foi muito menor ao longo da história. Se um pequeno número de pessoas é responsável por uma grande parte do progresso, então, em média, os esforços de cada pessoa são significativos.

Em segundo lugar, porque há pouco incentivo comercial para fazer pesquisa relativamente à sua importância, se você de fato se importa mais com o impacto social do que com o lucro, então é uma boa oportunidade para de ter uma vantagem. A maioria dos pesquisadores não ficam ricos, mesmo que suas descobertas sejam extremamente valiosas. Turing não ganhou dinheiro nenhum com a descoberta do computador, sendo que hoje essa é uma indústria multibilionária. Isso ocorre porque os benefícios da pesquisa costumam se dar muito tempo no futuro e geralmente não podem ser protegidos por patentes.

Na verdade, quanto mais básica a pesquisa, mais difícil é comercializá-la, de modo que, sob condições iguais, esperaríamos que a pesquisa básica seja mais negligenciada do que a pesquisa aplicada e, portanto tenha maior impacto. Por outro lado, questões aplicadas podem ser mais urgentes — descobertas como o microspócio podem nos permitir fazer descobertas básicas mais rápido –, de modo que é difícil determinar se é a pesquisa aplicada ou a básica que tem mais alto impacto em média.

Logo, na teoria, a pesquisa pode ter um impacto bem alto. Mas ela realmente ajuda com os problemas mais prementes a encarar o mundo atualmente?

Achamos que sim. Quando você olha para os problemas que mais nos preocupam — como prevenir pandemias futuras ou reduzir riscos de sistemas de IA –, muitos estão limitados principalmente pela necessidade de mais pesquisas.

Por exemplo, a pesquisa poderia nos ajudar a desenvolver modos de diminuir o tempo que leva para, do momento em que surge um novo patógeno, distribuir amplammente uma vacina segura. Como outro exemplo, a pesquisa técnica em aprendizado de máquina poderia nos ajudar a construir proteções nos sistemas de IA para prevenir comportamentos perigosos. Para mais ideias, e para ter uma noção de no que você poderia ser capaz de trabalhar em diferentes áreas, veja esta lista de questões de pesquisa de potencialmente alto impacto, organizadas por disciplina.

Assim como a comunicação, a pesquisa é especialmente promissora quado você tem uma adequação muito boa a ela, dado que os melhores pesquisadores alcançam muito mais do que os medianos. A maioria dos artigos tem apenas uma citação, enquanto 0,1% dos artigos têm mais de 1.000 citações. E quando fizemos um estudo de caso sobre pesquisa biomédica, comentários como este foram típicos:

Uma pessoa boa nisso pode fazer o trabalho de cinco, e eu não estou exagerando.

Se você poderia ser um pesquisador entre os 20% melhores num tópico que é relevante para uma área de problema premente, é provável que essa seja uma das suas opções mais impactantes. E se você poderia ser excepcional numa área acadêmica (talvez nas unidades percentuais mais altas), ainda que você não possa imaginar como será útil, essa é uma opção que você deveria considerar seriamente.

Lembre-se do Dr. Nalin, que ajudou a inventar a terapia de reidratação oral?
Como vimos anteriormente, o dr. Nalin ajudou a salvar milhões de vidas com uma inovação simples: dar aos pacientes com diarreia água misturada com sal e açúcar.

Embora muita pesquisa ocorra no meio acadêmico, há também muitas posições de pesquisa em outros lugares. Por exemplo, muitas empresas privadas desenvolvem tecnologias cruciais — a BioNTech agora é famosa por ter desenvolvido a primeira vacina contra a Covid 7—, enquanto muitos think tanks frequentemente fazem importantes pesquisas sobre políticas.

Exemplo: Neel fazia sua graduação em matemática quando decidiu que queria trabalhar em segurança da IA. Nossa equipe foi capaz de apresentar Neel a pesquisadores na área e o ajudou a obter estágios em grupos acadêmicos e industriais de pesquisa. Isso o ajudou a ver a segurança da IA como um caminho de carreira concreto e que, apesar do ceticismo quanto ao longotermismo, a IA impunha um grande risco mesmo às vivas atualmente. Neel não se sentia extremamente adequado para a academia — ele odeia escrever artigos —, de modo que ele se candidatou a funções em laboratórios de pesquisa em IA comerciais. Ele agora é engenheiro de pesquisa na DeepMind. Trabalho em interpretabilidade de mecanismo, que ele considera que poderia ser usada no futuro para ajudar a identificar sistemas de IA potencialmente poderosos antes que possam causar danos.

“Falar com o 80.000 Horas foi bem útil para enxergar a pesquisa em segurança da IA como um caminho de carreira mais concreto e realista, e decidir dar os primeiros passos em direção a ele.”
Leia a história de Neel.

Veja o nosso guia completo para fazer pesquisa de alto impacto, tanto dentro quanto fora da academia.

Não se esqueça das posições de apoio

Becoming an academic administrator doesn’t sound like a high-impact career, but that’s exactly why it is. Research requires administrators, managers, grantmakers, and communicators to make progress. Many of these roles require very capable people who understand the research, but because they’re not glamorous or highly paid, it can be hard to attract the right people. For this reason, if a role like this is a good fit for you, then it can be promising. What ultimately matters is not who does the research, but that it gets done.

A hero of ours is Seán Ó hÉigeartaigh. He studied for a PhD in comparative genomics, but ultimately decided to pursue academic project management. He became a manager at the Future of Humanity Institute, which undertakes neglected research into emerging existential risks, like risks from AI and engineered pandemics. He did a huge amount of work behind the scenes to keep things running as funding rapidly grew. When there was an opportunity to start a new research group in Cambridge, he used what he’d learned to lead efforts there too — at one point managing both groups. The field would have moved much more slowly without his management.

If you’re interested in positions like these, the best path is usually to pursue a PhD, pick a field, then apply to research groups. If you want to enable great research, you need a combination of familiarity with the field and operations skills. Learn more about research management careers.

3.1.Quais áreas de pesquisa são de alto impacto?

Veja o nosso guia completo para fazer pesquisas de alto impacto, dentro e fora da academia.

Exemplo: Hauke estava insatisfeito com seu potencial de impacto na academia durante um doutorado em neurociência. Ele se candidatou a quase todas as nossas carreiras recomendadas e foi-lhe oferecida uma posição na Giving What We Can. Ele agora lidera os esforços para pesquisar a relação custo-eficácia de diferentes organizações sem fins lucrativos.

Foto preto e branco, estilo 3x4, de Hauke Hillebrandt

“Sério, continue lendo este guia de carreira. É muito bom”.
Leia a história completa de Hauke.

3.2.Não se esqueça de cargos de apoio

Tornar-se um administrador universitário não parece uma carreira de alto impacto, mas é exatamente por isso que ela é. Pesquisas exigem administradores, gerentes, financiadores e comunicadores para que avancem. Muitos desses papéis exigem pessoas muito capacitadas que entendem de pesquisa Contudo, por não serem glamourosas ou altamente remuneradas, pode ser difícil atrair as pessoas certas. Por esta razão, se você tem aptidão para esse papel então esse pode ser um caminho promissor. O que importa em última análise não é quem faz a pesquisa, mas que ela seja feita.

Um herói nosso é Seán Ó hÉigeartaigh. Ele estudou para um doutorado em genômica comparativa, mas acabou optando pelo gerenciamento de projetos acadêmicos. Tornou-se gerente no Instituto do Futuro da Humanidade (Future of Humanity Institute), que realiza pesquisas negligenciadas sobre riscos catastróficos emergentes, tal como o risco de pandemias geradas em laboratórios. Ele fez um trabalho heroico nos bastidores para manter as coisas funcionando enquanto o financiamento crescia rapidamente. Quando houve a oportunidade de iniciar um novo grupo em Cambridge, ele usou o que aprendeu para liderar os esforços lá também – durante um tempo, gerenciando os dois grupos. Este campo teria avançado muito mais lentamente sem sua administração. Saiba mais nesta entrevista com Sean.

Se você estiver interessado nessas posições, o melhor caminho é procurar um doutorado, escolher um campo de interesse e depois se inscrever em grupos de pesquisa.

4.Abordagem 4: Trabalho direto

Se você quiser ajudar diretamente, como você pode fazer isso da forma mais eficaz?

O problema com muitas posições de trabalho diretas é que elas geralmente não são negligenciadas. Por exemplo, no início do guia, vimos que os médicos nos países ricos geralmente não têm um grande impacto, porque já existem muitos médicos nesses países, de modo que os procedimentos mais importantes e impactantes serão realizados de qualquer maneira. Também vimos que as áreas negligenciadas são de maior impacto devido a lei dos retornos decrescentes.

Outro problema é que muitos querem trabalhar em organizações que são mais limitadas pelo financiamento do que pelo número de pessoas entusiasmadas em trabalhar lá. Isso significa que, se você não aceitar o emprego, será fácil encontrar alguém que seja quase tão bom quanto você. Pense em um advogado que trabalha como voluntário na distribuição de “sopão”. Pode ser motivador para ele, mas dificilmente é a coisa mais eficaz que ele poderia estar fazendo. Se doasse uma ou duas horas de seu salário ele poderia custear várias pessoas melhor treinadas para fazer o trabalho. Ou ele poderia fazer trabalho legal pro bono, ajudando aos outros por meio de suas valiosas habilidades.

Outras posições de trabalho direto limitam sua influência potencial. Pense no Super-Homem lutando contra criminosos, um a um, ou o Dr. Landsteiner tentando trabalhar muito para realizar mais cirurgias, em vez de descobrir grupos sanguíneos.

No entanto, existem muitas outras situações em que trabalhar diretamente é a coisa mais eficaz a fazer. Existem muitas grandes equipes trabalhando em soluções inovadoras e negligenciadas para problemas urgentes. Tais organizações estão tendo dificuldade em contratar (eles estão com uma “limitação de talentos”), então, se você tem aptidão para esse trabalho, essa pode ser a melhor opção. Saiba mais sobre como trabalhar em organizações sem fins lucrativos eficazes.

Cozinha De Sopa
Não seja um advogado de renome trabalhando em um sopão – seria muito mais eficaz doar algumas horas de salário.

4.1.Empreendedorismo – tanto sem fins lucrativos como com fins lucrativos

Se uma organização eficaz não existe dentro de uma área, então você poderia ajudar a fundar uma. Aliás, esta foi a ideia por trás da criação do 80.000 horas: sabíamos que ninguém mais estava conduzindo, sistematicamente, esse tipo de pesquisa.

Aqui está outra área onde isso pode ser verdade: Na última década, várias fundações muito grandes foram criadas para financiar ONGs que realizam intervenções de saúde baseadas em evidências, tal como a Fundação Gates, o CIFF e a Open Philanthropy Project (que é parceira da GiveWell). No entanto, essas fundações não tem projetos suficientes que atendam aos seus critérios. Se você conseguir acumular o conhecimento necessário para implementar intervenções eficientes na área da saúde de forma eficiente, poderia levantar dezenas de milhões em financiamento dessas fundações e ter muito mais impacto do que ganhar para doar.

É isso que Joey e Kate estão fazendo. Eles deixaram a faculdade cedo para se concentrar na captação de recursos para organizações como a Against Malaria Foundation (AMF). No entanto, eles perceberam que teriam um impacto ainda maior ao tentar criar algo novo. Eles passaram seis meses revisando uma lista de intervenções de saúde e descobriram uma que parecia eficaz, simples de implementar e que não tinha nenhuma organização focada nisso.

Eles implementaram um sistema de mensagens de texto para vacinação na Índia que em quatro estudos aleatórios controlados – EACs (randomized controlled trials – RCTs) mostraram aumentar significativamente a probabilidade das pessoas serem vacinadas. Eles agora estão criando uma organização e já arrecadaram US$ 200.000 da Open Philanthropy Project.

No entanto, você não precisa ser o líder de uma organização. Tal como nos papeis administrativos de pesquisa, papéis relativos a operação são vitais e difíceis mas, como tais posições não são glamourosas, muitas vezes é difícil atrair as pessoas certas.

Finalmente, o trabalho direto pode ser com ou sem fins lucrativos. Por exemplo, o Send Wave é um aplicativo para celular que permite a trabalhadores imigrantes vindos da África transferirem dinheiro para suas famílias ao custo de 3%, ao invés das taxas de 10% praticadas pela Western Union. Assim, para cada US$ 1 de receita que eles tem, eles tornam algumas das pessoas mais pobres do mundo vários dólares mais ricas. Eles já tiveram um impacto equivalente a doar milhões de dólares e estão crescendo rapidamente. O tamanho total deste mercado é de centenas de bilhões de dólares, várias vezes maior que tudo que é gasto com doações para a África. Se eles conseguirem acelerar um pouco a implantação de formas mais baratas de transferência de dinheiro, isso terá um grande impacto.

Lincoln Quirk está fazendo a diferença através do empreendedorismo lucrativo
Lincoln fundou uma empresa com fins lucrativos cujo produto beneficia as pessoas mais pobres do mundo.

Se você estiver fornecendo um serviço diretamente aos beneficiários, é possível que um serviço com fins lucrativos seja mais eficaz, pois você poderá obter feedbacks melhores sobre a utilidade de seu serviço e ainda pode ter ganhos de escala mais rapidamente. (Nós reunimos mais conselhos sobre como fazer o bem em organizações com fins lucrativos em nossa análise de empreendedorismo de tecnologia). As organizações sem fins lucrativos são as melhores quando estão fazendo algo que é muito difícil de ser comercializado, tal como pesquisa, defesa de direitos, ajuda aos extremamente pobres e a provisão de bens públicos tal como um meio ambiente limpo ou serviços que levam muito tempo para ter algum retorno, tal como educação.

No entanto, às vezes é possível usar organizações com fins lucrativos para fazer pesquisas socialmente importantes e fornecer bens públicos. Tesla, a empresa de Elon Musk, vende carros elétricos extravagantes para pessoas ricas, o que não tem um impacto muito alto. Mas a verdadeira missão da empresa é desenvolver baterias mais baratas que tornem muito mais fácil a transição para uma economia verde e, eventualmente, eletrificar todo tipo de transporte. Musk também criou a SpaceX, que ganha dinheiro vendendo foguetes baratos para a NASA, mas a verdadeira missão da empresa é acelerar a colonização do espaço e assim tornar a humanidade mais propensa a sobreviver a um desastre na Terra.

4.2.Como você pode encontrar uma boa posição de trabalho direto?

Se você quiser encontrar um emprego com impacto positivo direto:

  1. Decida quais problemas você acha que são mais urgentes.
  2. Identifique as melhores organizações dentro dessas áreas, especialmente aquelas que são especialmente limitadas por talento ao invés de financiamento. Você pode examinar nossas revisões com perfis de problemas para encontrar organizações recomendadas e, em seguida, ver essa lista mais longa.
  3. Encontre posições onde você se adaptará melhor (que estejam de acordo com suas aptidões).

Aqui estão alguns trabalhos que recomendamos especialmente:

E se você quiser fundar uma organização?

Um erro que as pessoas cometem é tentar descobrir quais organizações são necessárias sentados em casa na sua poltrona ou a partir de um problema que tenham encontrado em suas próprias vidas. Em vez disso, aprenda sobre problemas sociais grandes e negligenciados. Consiga um emprego na área, faça mais estudos e fale com muitas pessoas que trabalham com o problema, para descobrir o que o mundo realmente precisa. Você precisa se aproximar das fronteiras de conhecimento de uma área antes de encontrar as ideias que os outros ainda não tiveram e obter as conexões que você precisará para a execução de seu projeto.

5.Qual é a abordagem certa para você?

Vimos agora que, pensando de forma ampla – considerando caminhos tal como ganhar para doar, defender causas via ativismo, pesquisar e trabalhar diretamente em um determinado problema – você poderá encontrar muitas outras maneiras de dar uma grande contribuição para questões urgentes.

Esperamos que isso tenha lhe dado algumas ideias novas quanto a empregos que você poderia obter. Agora, como você reduz essas opções para encontrar a melhor?

A primeira coisa a notar é que essas quatro abordagens não são exclusivas e você pode fazer mais de uma ao mesmo tempo. Por exemplo, um professor ajuda seus alunos (impacto direto), mas também pode desenvolver novas técnicas educacionais (pesquisa) ou conversas com seus alunos sobre problemas prementes (ativismo). Conhecemos um professor que dava aulas particulares para doar mais (ganhar para doar). Como vimos, muitas vezes o seu impacto é mais sobre como você usa sua posição do que a própria posição. Isso significa que você desejará procurar posições que ofereçam o melhor equilíbrio entre as diversas maneiras de contribuir, seja diretamente, por meio de ativismo e por meio de doações. Em nossas revisões de carreiras, avaliamos cada caminho sob a perspectiva destas três maneiras de contribuir.

O segundo ponto é que não existe uma única abordagem melhor para cada problema. Em vez disso, concentre-se nas abordagens mais necessárias para os problemas que você deseja resolver. Por exemplo, o câncer de mama não precisa de mais ativismo social para promover a conscientização, porque quase todo mundo está ciente de que o câncer de mama é um problema. Em vez disso, ele provavelmente precisa de pesquisadores mais habilidosos para desenvolver melhores tratamentos. Se você se concentrar apenas em aumentar a conscientização, seus esforços não irão tão longe. Destacamos quais habilidades são mais necessárias dentro de cada área em nossos perfis de problemas.

Terceiro, faça algo em que você tenha a chance de se destacar. Ao longo deste artigo, há um princípio geral vital para ter em conta: as pessoas mais bem sucedidas num campo têm muito mais impacto do que uma carreira típica. Por exemplo, um estudo de referência de um expert encontrou:5

Uma pequena porcentagem dos trabalhadores em qualquer campo é responsável pela maior parte do trabalho. Geralmente, os 10% dos trabalhadores mais produtivos podem ser creditados com cerca de 50% de todas as contribuições, enquanto os 50% trabalhadores menos produtivos podem reivindicar apenas 15% do trabalho total. O colaborador mais produtivo é geralmente 100 vezes mais prolífico que o menos.

Tal como vimos ao escolher um problema, a abordagem mais eficaz para você será algo de que você gosta, que o motiva e se ajusta bem a suas habilidades. Às vezes, encontramos pessoas tentadas a fazer um trabalho que odiariam para terem mais impacto. Isso é provavelmente uma má ideia, já que eles simplesmente vão ficar esgotados. Seu exemplo também poderá desencorajar outros de fazerem o bem.

Um excelente trabalhador numa ONG provavelmente fará mais bem do que um engenheiro medíocre que está ganhando para doar, e o inverso também é verdadeiro.

Por outro lado, como vimos, as pessoas freqüentemente subestimam a facilidade com que podem se interessar por novos empregos.

Nós explicamos mais sobre a importância do ajuste pessoal e como descobrir qual carreira é melhor para você em um outro artigo.

Se você já tem experiência em uma área, isso também deve ser considerado. Temos mais conselhos específicos detalhados por área aqui, bem como nas revisões de carreira e nos perfis de problemas.

6.Conclusão: em que emprego você pode ajudar mais pessoas?

Existem muitos outros caminhos para ajudar os outros em sua carreira do que normalmente falamos. Bill Gates começou como engenheiro de software e salvou milhões de vidas por meio de doações do seu dinheiro acumulado. Rosa Parks era uma costureira e ajudou a desencadear o movimento dos direitos civis na América pelo seu ativismo. Alan Turing era um matemático e ajudou a acabar com a Segunda Guerra Mundial por meio de sua pesquisa, além de inventar o computador. Elon Musk é um homem de negócios, mas está ajudando a revolucionar as indústrias de carros e do espaço e assim reduzir os riscos para o futuro da humanidade.

A maioria das pessoas não é Bill Gates, mas mesmo com um salário de nível universitário, qualquer pessoa pode ter um impacto surpreendente, ganhando para doar e literalmente salvando dezenas ou centenas de vidas. E muitas vezes é possível fazer ainda mais por meio de ativismo, pesquisa ou trabalho direto.

Além disso, se você se concentrar nas abordagens mais adequadas aos problemas que deseja resolver e onde tiver o melhor ajuste pessoal (aptidão), poderá fazer ainda mais bem. E você pode fazer isso tendo uma carreira mais satisfatória também.

Dessa forma, mesmo que você não queira ser um médico ou um professor, é possível fazer muito mais bem com sua carreira do que normalmente se pensa.

7.Aplique isso a sua própria carreira

Antes de prosseguirmos, faça uma pequena lista inicial de carreiras de alto impacto com as quais você poderia trabalhar no longo prazo. Os seguintes passos podem ajudar:

  1. Decida quais dois a cinco problemas você acha que são mais urgentes.
  2. Encontre os perfis de problemas relevantes, leia a lista de ideias de carreira em cada perfil e anote todos os que possam ser adequados para você.
  3. Analise as quatro abordagens que cobrimos neste capítulo e liste outras opções que possam ser adequadas para você.

O objetivo neste fase é apenas apresentar mais opções. Vamos explicar como enxugar essas opções em um artigo posterior do guia.

Se você está no início de sua carreira, tente nosso teste de carreira (EM INGLÊS)
É um questionário de seis perguntas que filtra nossa lista de carreiras recomendadas tendo por base suas respostas.

Se você já tem experiência, leia nossos conselhos por área.

8.Resumo do nosso guia de carreira até agora

Anteriormente, vimos que um trabalho agradável e gratificante:

  1. Ajuda os outros.
  2. É algo em que você é bom.
  3. Tem condições adequadas (por exemplo, trabalho envolvente, que se ajusta bem aos demais aspectos de sua vida).

Agora também vimos que o trabalho que mais ajuda os outros:

  1. Está focado nos problemas mais prioritários – aqueles que são grandes em escala, negligenciados e solucionáveis ​​- como já abordamos aqui.
  2. Utiliza abordagens mais eficazes, considerando as opções de pesquisa, ativismo e ganhar para doar, bem como o trabalho direto no problema em questão. Isso é o que abordamos no presente artigo.
  3. É algo em que você tem a chance de se destacar. Vamos explicar como descobrir onde você tem melhor aptidão mais tarde.

8.1.Você deveria se sacrificar para fazer mais bem?

As pessoas frequentemente nos perguntam se devem sacrificar o que gostam para ter um impacto maior. Mas, como você pode ver acima, fazer o bem envolve menos sacrifício do que parece. Um trabalho pessoalmente satisfatório envolve ajudar os outros, porque isso é gratificante. E um trabalho de alto impacto também será pessoalmente satisfatório, porque se você não gosta do seu trabalho, não será bom nisso e vai se esgotar. Então há muita sobreposição entre esses dois pontos.

Também vimos que há muitas maneiras de causar um grande impacto com pouco ou nenhum sacrifício. Então, ao invés de fazer sacrifícios, a ideia chave é se concentrar em encontrar essas maneiras altamente eficazes de ajudar.

Isso não quer dizer que não haja um trade-off (conflito de escolha). É improvável que a melhor carreira para você pessoalmente também seja a que mais beneficiaria o mundo. Em última análise, você terá que fazer um julgamento de valor, pensando seus próprios interesses e a possibilidade de ajudar os outros. Mas, felizmente, o trade-off é muito menor do que parece inicialmente.

9.Como posso me colocar na melhor posição para conseguir um trabalho de alto impacto?

Você provavelmente não irá entrar imediatamente em seu trabalho ideal. Em vez disso, você precisará desenvolver suas habilidades, conexões e credenciais – o que chamamos de capital de carreira – e se colocar em uma posição melhor para o longo prazo. Especialmente no início de sua carreira, é melhor se concentrar tanto sobre o impacto como sobre seu capital de carreira.

No próximo artigo, veremos como construir capital de carreira e melhor posicionar-se para o sucesso a longo prazo.

Parte 7: Quais empregos lhe colocam numa melhor posição para o futuro?

10.Notas e referências

1. O relatório de 2012 da Watkins Uiberall descobriu que (LINK): O salário médio para diretores executivos / CEOs de ONGs está entre US $ 50.000 e US $ 75.000.Os salários dos CEOs se correlacionam com o tamanho do orçamento organizacional. Para pequenas organizações, o salário médio é entre US$ 30.000 e US$ 50.000. Entre as organizações de médio porte, 36% dos CEOs têm salários entre US $ 50.000 e US $ 75.000, enquanto 50.5% ganham mais de US$ 75.000 e 13.5% recebem menos de US$ 50.000. Entre as grandes organizações, 14,2% pagam salários de US$ 100 mil ou menos; 38,1% pagam entre US$ 101 mil e US$ 150 mil; e 47,7% pagam mais de US$ 150.000. Note que isto é significativamente menor do que os números medianos relatados pelo proeminente Charity Navigator Annual Survey. Isso ocorre porque o Charity Navigator se concentra em instituições nos EUA, de porte médio a grande, que pagam salários substancialmente mais altos.

2. “… aqueles com renda entre US$ 100.000 e US$ 200.000 contribuem, em média, 2,6% de sua renda, que é menor comparada àqueles com renda abaixo de US$ 100.000 (3,6%) ou acima de US$ 200.000 (3,1%)” Charitable Giving in America: Some Facts and Figures. As taxas de doações de caridade nos EUA estão entre as mais altas do mundo.

3. Este artigo da BBC cita vários historiadores (link arquivado, recuperado em 13 de junho de 2016), concluindo: Se Turing e seu grupo não tivessem enfraquecido o cerco feito por U-boats no Atlântico Norte, a invasão aliada da Europa em 1944 – os desembarques do Dia D – poderia ter sido adiada, talvez em cerca de um ano ou mais, dado que o Atlântico Norte era a rota usada para transportar munição, combustível, comida e tropas da América para à Grã-Bretanha.

4. O número de acadêmicos e estudantes de graduação no mundo.

5. Simonton, Dean K. “Age and outstanding achievement: What do we know after a century of research?.” Psychological bulletin 104.2 (1988): 251. PDF.

NOTA: essa é uma tradução não oficial do Guia de Carreiras original e pode não corresponder a versão mais atualizada, a qual pode ser acessada em: : https://80000hours.org/career-guide/high-impact-jobs/