De Benjamin Todd

Uma HQ com o Superhomem. Transcreveremos os textos: Quadrinho 1: Narrador: quando Superman começou, ele salvou centenas de vidas todos os dias! Superman: Pare, ladrão! Quadrinho 2: Narrador: mas logo se percebeu que ele poderia estar salvando muito mais vidas Mulher: Em vez de parar os criminosos, que tal transportar cargas de grãos para matar a fome das pessoas? Superman: ah, okay... Quadrinho 3: Narrador: nós procuramos as melhores técnicas para salvar vidas. Homem: Novo plano: use sua força para arar as terras em países pobres. Os economistas acham que é melhor a longo prazo. Superman: mas... Homem: a cada segundo de queixa é mais um bebe morto Quadrinho 4: Narrador: finalmente, encontramos a máxima eficiência. Cientista: precisamos que você acione esse imã o mais rápido possível, a energe que ele gera será tão barata que todos poderão desfrutar de um padrão de vida ocidental. Superman: parece... um pouco monótono... Cientista: ah, isso me lembra. Manha sua velocidade constante em todos os momentos.

Por que o Super-homem estava errado em combater o crime – quadrinho do SMBC.

Muitas pessoas pensam no Super-homem como um herói. Mas ele pode ser o maior exemplo de talento subutilizado em toda a ficção. Foi um erro passar a vida combatendo o crime um caso de cada vez; se tivesse pensado um pouco mais criativamente, ele poderia ter feito um bem muito maior. Que tal entregar vacinas para todos no mundo em supervelocidade? Isso teria erradicado a maioria das doenças infecciosas, salvando centenas de milhões de vidas.

Aqui vamos argumentar que muitas pessoas que querem “fazer a diferença” com sua carreira caem na mesma armadilha que o Super-homem. Pessoas com nível superior se imaginam tornando-se médicos ou professores, mas essas podem não ser as funções mais adequadas às suas habilidades particulares. E assim como o Super-homem combatendo o crime, esses caminhos geralmente são limitados em quanto eles podem contribuir para a resolução de um problema.

Em contraste, o ganhador do Prêmio Nobel Karl Landsteiner descobriu os grupos sanguíneos, possibilitando centenas de milhões de operações salvadoras de vidas. Ele nunca teria conseguido realizar um mesmo número de cirurgias sozinho.

Abaixo apresentamos cinco maneiras possíveis de usar sua carreira para ajudar a enfrentar os problemas sociais que você quer ajudar a resolver (que identificamos no artigo anterior). As cinco maneiras são: ganhar para doar, comunicação, pesquisa, governo e políticas e construção de organizações. Faremos recomendações concretas sobre como seguir cada abordagem.

Para receber ainda mais ideias, dê uma olhada na nossa lista mais longa dos caminhos de carreira de maior impacto que a nossa pesquisa descobriu até agora.

Tempo de leitura: 20 minutos.

Em resumo

– Após escolher um problema, como abordamos no artigo anterior, o próximo passo é descobrir qual a melhor maneira de contribuir para resolvê-lo.
– Pense de modo amplo sobre caminhos nos quais você pode fazer as maiores contribuições, incluindo pesquisa, comunicação e construção de comunidade, conseguir empregos de alto salário para doar para a caridade, governo e políticas, e construção de organizações.
– Foque nas abordagens que se fazem mais necessárias na sua área de problema. Alguns problemas são melhor resolvidos através da mudança de políticas. Outros mais precisam de pesquisa, enquanto outros precisam de financiamento e assim por diante.
– Em última análise, a longo prazo você vai querer encontrar a opção que se sair melhor numa combinação de (i) quão premente o problema é (ii) quão grande será sua contribuição, (iii) seu grau de adequação pessoal e (iv) adequação aos seus objetivos pessoais.

1. Abordagem I: ganhar para doar

Será que Elton John teria feito mais bem se tivesse trabalhado numa pequena ONG? Normalmente, não pensamos em tornar-se uma estrela do rock como um caminho para fazer o bem, mas (independentemente do valor da música!) Elton John salvou as vidas de milhares de pessoas ao reduzir o espalhamento do HIV/AIDS.1

Elton John teve um grande impacto humanitário pela filantropia. (Foto de Ernst Vikne)

Então aqui está um modo de fazer mais bem que geralmente não se coloca como opção: ganhar para doar.

Frequentemente encontramos pessoas que estão interessadas em trabalhar num emprego com um salário alto, como engenharia de software, mas se preocupam que com isso não farão a diferença. Parte da razão disso é que normalmente não pensamos em ganhar mais dinheiro como um caminho possível para pessoas que querem fazer o bem. No entanto, existem muitas organizações eficazes que não têm dificuldade em encontrar funcionários entusiasmados, mas não têm recursos para contratá-los. As pessoas que são bem adequadas para empregos bem remunerados podem doar para essas organizações e fazer uma grande contribuição indireta.

Definimos “ganhar para doar” como trabalhar num emprego com um impacto neutro ou positivo que pague mais do que o que a pessoa faria se não trabalhasse nele, enquanto doa uma grande fração dos redimentos extras (tipicamente 20-50% do salário total) para organizações que ela pensa ser altamente eficazes.

Ganhar para doar não é apenas para pessoas que querem trabalhar em setores que pagam altos salários. Qualquer um que pretenda ganhar mais para doar mais está nesse caminho. Mas se você se adéqua bem a um caminho de altos ganhos, essa poderia ser uma das suas opções de mais alto impacto.

Considere a história de Julia e Jeff, um casal de Boston com três filhos. Através do seu relacionamento com Julia, Jeff passou a se interessar por usar a sua carreira para o bem. Jeff costumava trabalhar como técnico de pesquisa. Ele decidiu treinar para se tornar engenheiro de software e acabou conseguindo um emprego na Google. Eles puderam ganhar o dobro do que ganhavam, e então começaram a doar cerca de metade de sua renda para a caridade todos os anos.2

Jeff e Julia tentaram encontrar a melhor maneira de fazer a diferença
Quartz: Jeff e Julia tentaram encontrar a melhor maneira de fazer a diferença

Fazendo isso, eles provavelmente tiveram mais impacto do que teriam trabalhando diretamente em uma ONG. Compare o impacto de Jeff com o de um diretor-executivo de uma ONG:3

  Engenheiro de software da Google Diretor-executivo de ONG
Salário US$ 250.000 US$ 65.000
Doações US$ 125.000 US$ 0
Dinheiro para sustento US$ 125.000 US$ 65.000
Impacto direto
do trabalho
Neutro Muito positivo

Jeff poderia viver com cerca de duas vez o valor que ele ganharia no terceiro setor e ainda doar para financiar os salários de cerca de dois diretores-executivos de ONGs. O palpite de Jeff é que o impacto direto do seu trabalho era aproximadamente neutro. Ele também acha que ficou mais feliz no seu trabalho porque ele gosta de engenharia.

Além disso, Jeff e Julia podem mover suas doações para as organizações que estiverem mais necessitadas de fundos em qualquer determinado momento com base em sua pesquisa, ao passo que é mais difícil mudar de trabalho. Essa flexibilidade é particularmente valiosa se você estiver incerto sobre quais problemas serão mais prementes no futuro.

Fazer tanta diferença assim é possível porque (como vimos anteriormente) vivemos em um mundo com enorme desigualdade de renda: é possível ganhar mais do que um professor ou trabalhador de uma ONG e muitas vezes mais do que as pessoas mais pobres do mundo. Ao mesmo tempo, dificilmente alguém doa mais do que alguns por cento de sua renda4, de modo que, se você estiver disposto a doar mais, você poderá ter um impacto incrível numa ampla variedade de empregos.

Anteriormente, vimos também que um graduado em um país desenvolvido pode ter um grande impacto doando 10% da sua renda para uma organização eficaz. Um graduado ganha em média US$ 77.000 por ano durante a sua vida, e 10% disso poderia salvar cerca de 40 vidas se fossem doados para a Against Malaria Foundation, por exemplo.

[NT: Embora a situação financeira no Brasil não seja tão confortável quanto nos EUA, daqui já seria possível ter um impacto considerável: alguém com ensino superior completo tem uma renda média anual de cerca de 60.500 reais após impostos. Se essa pessoa se comprometer a doar 10% desse valor para a AMF, ela poderá salvar uma vida a cada seis anos. Ao longo de 40 anos de carreira isso seria o mesmo que salvar quase 7 vidas. (Lembre que vimos num artigo anterior que um médico no Reino Unido pode esperar salvar em média o mesmo que 3 vidas ao longo de sua carreira.)]

Se você pudesse ganhar 10% a mais e doar essa renda extra, isso seria o dobro de impacto. E se você acha que há organizações melhores para financiar do que a Against Malaria Foundation talvez trabalhando em outros problemas, ou fazendo pesquisa, ou comunicando ideias importantes , seu impacto pode ser ainda maior.

Desde que introduzimos o conceito de “ganhar para doar” em 2011, centenas de pessoas o adotaram e se mantiveram comprometidas. Algumas doam cerca de 30% de sua renda e algumas doam até mais de 50%. Coletivamente, elas doarão dezenas de milhões de dólares para instituições de caridade de alto impacto nos próximos anos. Ao fazer isso, elas estão financiando pessoas apaixonadas que querem contribuir diretamente, mas que, se não fosse por essas doações, não teriam os recursos necessários.

Uma das pessoas que aconselhamos em 2011, Matt, doou mais de US$ 1 milhão, ainda com 20 e poucos anos, e foi destaque no New York Times. Ele também achou seu novo trabalho mais agradável.

1.1. Você deveria ganhar para doar?

Ganhar para doar tem sido uma das nossas ideias mais memoráveis e controversas, atraindo a cobertura da mídia na BBC, Washington Post, Daily Mail e muitos outros veículos de notícias.

Por esse motivo, muitas pessoas acham que é nossa principal recomendação. Mas não é.

Vemos o ganhar para doar na maior parte como uma base de referência. É um caminho que muitos seguem e faz bastante bem, na escala de salvar 100 vidas ou mais, como acabamos de argumentar.

Mas achamos que a maioria dos nossos leitores pode ter um impacto ainda maior seguindo uma outras abordagens abaixo. No geral, para as pessoas com quem conversamos cara a cara, só pensamos que cerca de 10% deveriam ganhar para doar.

De fato, em 2022, Jeff saiu do seu emprego de salário alto na Google. Ele agora é pesquisador no Nucleic Acid Observatory, construindo um sistema de monitoramento de águas residuais que ele espera que ajudem a detectar pandemias antes que elas comecem. Jeff e Julia ainda vão doar mais de 30% da sua renda, mas dado o salário mais baixo de Jeff, eles esperam que a maior parte do seu impacto positivo venha diretamente do seu trabalho.

Quando ganhar para doar é especialmente promissor?

  • Você se adéqua bem a uma opção de ganhos mais altos, como Jeff se adequava à engenharia de software, e você não se adéqua bem a outras opções impactantes. (Definitivamente, não se torne engenheiro de software se você odiaria isso!)
  • Há um trabalho específico que você realmente deseja fazer por outras razões com o qual você acha que pode fazer doações consideráveis. Por exemplo, você pode ser alguém que sempre quis ser médico, ou pode precisar de um emprego de ganhos mais altos para sustentar a sua família.
  • Você acha que uma opção de ganhos mais altos será boa para desenvolver habilidades (para usar num trabalho mais direto posteriormente), e ganhar para doar poderia ajudar você a se manter engajado com o impacto social enquanto faz isso. Por exemplo, trabalhar numa start-up de tecnologia pode ajudar você a aprender habilidades de construção de organizações que são úteis na gestão de ONGs. (No próximo artigo, explicamos por que é importante ganhar “capital de carreira”).
  • Você tem muita incerteza sobre quais problemas são os mais prementes. Ganhar para doar fornece maior flexibilidade, porque você pode facilmente redirecionar suas doações ou até mesmo economizar o dinheiro e doar mais tarde. (Apesar de que o dinheiro não é a única coisa que é transferível! Muitas habilidades incluindo as que cobrimos abaixo podem facilmente ser transferidas entre áreas de problema.)
  • Você deseja contribuir para uma área que está particularmente limitada pela falta de financiamento, em vez de estar limitada pela falta de talentos.

1.2. Objeções comuns a ganhar para doar

Muitos empregos de alta renda não causam danos?

Não recomendamos trabalhar num emprego que causa dano a fim de doar o dinheiro, e escrevemos um artigo inteiro sobre o porquê.

Na prática, a maioria das pessoas que ganham para doar trabalham em áreas de tecnologia, gestão de ativos, medicina ou consultoria, e pensamos que há muitas posições nesses setores que têm um impacto aproximadamente neutro ou pequeno. Por exemplo, muitos (mas não todos os) operadores financeiros lucram às custas de outros investidores; portanto, estão movimentando dinheiro, principalmente de pessoas ricas para outras pessoas ricas.

Claro, alguns empregos de alta renda podem causar bastante dano. Uma ilustração particularmente gritante é Sam Bankman-Fied. Sam fundou uma bolsa de criptomoeda com o objetivo declarado de ganhar para doar. De fato, nós o apresentamos em nosso site como exemplo de alguém que seguia uma carreira positiva! Mas Sam acabou sendo acusado de fraude.

Escrevemos mais sobre Sam e o possível dano de carreiras de alta renda. A conclusão é: embora achemos que você possa fazer uma grande quantidade de bem ganhando para doar, achamos que causar dano pelo bem maior quase nunca é uma boa ideia, ainda que você ache que as doações poderiam superar os custos de uma carreira prejudicial.
As pessoas realmente conseguem manter o compromisso?

As pessoas não vão acabar sendo influenciadas por seus pares a gastar o dinheiro em luxos ao invés de doar? Estávamos preocupados que isso aconteceria quando introduzimos a ideia, mas não aconteceu com tanta frequência quanto você imagina. Centenas de pessoas estão buscando ganhar para doar e, embora algumas tenham saído porque pensaram que poderiam fazer mais bem em outro lugar, surpreendentemente poucos (pelo que sabemos) simplesmente desistiram de seus planos de doar. Em parte, isso ocorre porque muitas pessoas que decidiram ganhar para doar fizeram votos públicos de suas intenções de doar, frequentemente por meio da Giving What We Can. A existência de uma comunidade que ganha para doar também torna muito mais fácil manter o compromisso hoje em dia.

Mas se você tentar ganhar vastas somas de dinheiro, há um risco muito mais substancial: o poder corrompe. Por essa razão, nos preocupamos mais com pessoas que tentam ganhar tanto quanto possível, às custas de todo o resto. Sugerimos fazer um compromisso inicial em público de fazer doações. E se você acabar com um monte de dinheiro, você deveria estabelecer proteções para ajudar a garantir que você o dinheiro com responsabilidade: como um conselho, estruturas de governança formal e assessores que possam manter você sob controle. Leia mais sobre o risco de ser corrompido por uma carreira de altos ganhos.
E se eu não me sentisse motivado tendo um trabalho de alta renda?

Nesse caso, não tenha um. Só recomendamos ganhar para doar se você for bem adequado para isso. Apenas tenha em mente, como dissemos anteriormente, que você pode se interessar por mais trabalhos do que imagina.

Para saber mais sobre qual a melhor forma de ganhar para doar, as suas vantagens e os melhores argumentos contra, veja o nosso artigo completo.

2. Abordagem II: comunicação

Considere as seguintes opções:

  1. Você mesmo ganhar para doar.
  2. Persuadir dois amigos a ganhar para doar.

O segundo caminho faz mais bem na verdade, provavelmente cerca do dobro. Isso ilustra o poder de carreiras na área da comunicação.

Muitas das pessoas de maior impacto na história foram comunicadoras e defensoras de um tipo ou de outro, pessoas que difundiram importantes ideias e soluções para problemas prementes.

Considere Rosa Parks, que se recusou a ceder o assento a um homem branco em um ônibus, provocando um protesto que levou a uma decisão da Suprema Corte Americana de que ônibus segregados eram inconstitucionais. Parks era costureira em seu trabalho diário, mas nas horas vagas ela estava muito envolvida com o movimento pelos direitos civis. Depois que foi presa, ela e a NAACP trabalharam duro e estrategicamente, ficando acordados a noite toda criando milhares de panfletos para lançar um total boicote de ônibus em uma cidade de 40.000 afro-americanos, enquanto simultaneamente davam início a ações legais. Isso levou a um grande progresso para os direitos civis.

Muitas das pessoas de maior impacto na história eram ativistas de algum tipo, e você pode se tornar um ativista estando em qualquer trabalho. Rosa Parks trabalhava como governanta e costureira antes de se tornar o ícone dos direitos civis.

Há também muitos exemplos de pessoas de que você nunca ouve falar, como Viktor Zhdanov, que provavelmente foi uma das pessoas de maior impacto do século XX.

No século XX, a varíola matou cerca de 400 milhões de pessoas muito mais do que as que morreram em nas guerras e fomes políticas de todo aquele século. O crédito pela eliminação geralmente é dado a D. A. Henderson, que estava dirigindo o programa de eliminação da varíola da OMS. No entanto, o programa já existia antes de Henderson ter sido trazido ao conselho. De fato, ele inicialmente rejeitou o trabalho. O programa provavelmente acabaria tendo sucesso mesmo se Henderson não tivesse aceitado a posição.

Zhdanov, sem mais ninguém, pressionou a OMS para começar a campanha de eliminação para início de conversa. Sem o seu envolvimento, ela não teria acontecido até muito depois, e é possível que absolutamente não tivesse acontecido.

Viktor Jdanov
Viktor Zhdanov pressionou a OMS a fazer uma campanha de erradicação da varíola, antecipando a erradicação em muitos anos.

Então por que a comunicação de ideias importantes foi algumas vezes tão eficaz?

Primeiro, as ideias podem se disseminar rapidamente, de modo que a comunicação é uma maneira de um pequeno grupo de pessoas ter um grande efeito sobre um problema. Uma pequena equipe pode lançar um movimento social, fazer lobby no governo, iniciar uma campanha que influencie a opinião pública ou apenas persuadir seus amigos a defender uma causa. Em cada caso, ela podem ter um impacto duradouro sobre o problema que vai muito além do que poderia alcançar diretamente.

Em segundo lugar, disseminar ideias importantes de um modo cuidadoso e estratégico é algo muito negligenciado. Isso ocorre porque geralmente não há incentivos comerciais para disseminar idéias socialmente importantes. Em vez disso, o ativismo é feito principalmente por pessoas dispostas a dedicar suas carreiras a tornar o mundo um lugar melhor. Além disso, as ideias que é mais impactante disseminar são aquelas que não são ainda amplamente aceitas. Contrariar o status quo é algo desconfortável, e pode levar décadas para as opiniões mudarem. Isso significa que também há poucos incentivos pessoais para contrariá-las.

A comunicação também é uma área na qual os esforços mais bem-sucedidos contribuem muito mais do que os esforços típicos. Os ativistas mais bem-sucedidos influenciam milhões de pessoas, enquanto outros podem ter dificuldades em persuadir mais do que alguns amigos. Isso significa que se você se adéqua bem à comunicação, isso muitas vezes é a melhor coisa que você pode fazer, e é provável que você alcance muito mais fazendo isso por si próprio do que poderia financiando alguém para se engajar na comunicação e no ativismo em seu nome.

Carreiras na área da comunicação podem ser seguidas como trabalho de tempo integral (como muitos trabalhos na mídia), como parte de uma função mais ampla (como um acadêmico que faz comunicação científica) ou junto com qualquer emprego (como Rosa Parks).

No fim das contas, Bono pode ter compensado pelo impacto negativo da sua voz cantante ao comunicar sobre a importância da pobreza global.

Carreiras na área da comunicação são definidas pelo seu foco na disseminação de ideias numa grande escala, mas também é possível ter um impacto semelhante a um nível mais pessoal, enquanto construtor de comunidade.

Por exemplo, a ativista dos direitos das mulheres Susan B. Anthony odiava escrever. Então, enquanto a sua cofundadora da Leal Liga Nacional da Mulher, Elizabeth Cady Stanton, era uma poderosa comunicadora — escrevendo longos livros e editando os seus boletins informativos semanais — Anthony focava principalmente na organização e na construção de uma comunidade.

Susan B. Anthony e Elizabeth Cady Stanton colaboraram como líderes do movimento do sufrágio feminino durante mais de 50 anos. A carreira de Stanton se concentrava na comunicação de ideias; Anthony geria organizações, organizava eventos e construía o movimento.

O trabalho de Anthony organizando eventos, falando com ativistas e construindo a comunidade sufragista nos Estados Unidos acabou levando à 19ª emenda da constituição dos EUA, garantindo a todas as mulheres o direito ao voto — frequentemente chamada de “Emenda Anthony” em sua homenagem.

A construção de comunidade muitas vezes funciona como uma posição de meio período. Por exemplo, Kuhan era estudante em Stanford quando descobriu o 80.000 Horas e percebeu a importância da redução de riscos existenciais. No entanto, e também viu que não havia organizações no campus que focassem nessa ideia. Então, fundou a Iniciativa do Risco Existencial de Stanford, que organiza cursos e conferências sobre o tópico para construir uma comunidade de estudantes que visam trabalhar nesses riscos.

“Lembro quando abri o 80.000 Horas pela primeira vez, e pensei: Isso é exatamente o que eu vinha procurando. Isso é incrível.
Escute a história de Kuhan (podcast em inglês)

Se estiver interessado em seguir uma carreira na área da comunicação, veja o artigo completo sobre como tornar-se um comunicador.

3. Abordagem III: pesquisa

As pessoas geralmente criticam acadêmicos como sendo intelectuais em Torres de Marfim cujos trabalhos não têm impacto algum. E nós concordamos que há muitos problemas com a academia que fazem com que os pesquisadores alcancem menos do que poderiam. No entanto, ainda consideramos que o trabalho de pesquisador frequentemente tem alto impacto, tanto dentro quanto fora da academia.

Junto com os comunicadores, muitas das pessoas de maior impacto na história foram pesquisadores. Considere Alan Turing. Ele foi um matemático que desenvolveu máquinas de decifrar códigos que permitiram que os Aliados fossem muito mais eficazes contra os U-boats nazistas na Segunda Guerra Mundial. Alguns historiadores estimam que isso possibilitou que o dia D ocorresse um ano antes do que teria de outra forma.5 Como a Segunda Guerra Mundial resultou em 10 milhões de mortes por ano, Turing pode ter salvo cerca de 10 milhões de vidas.

E ele também inventou o computador.

Alan Turing 16 anos
Turing foi fundamental no desenvolvimento do computador. Lamentavelmente, ele foi processado por ser gay, o que possivelmente contribuiu para seu suicídio em 1954.

O exemplo de Turing mostra que a pesquisa pode ser ao mesmo tempo teórica e de alto impacto. Muito do seu trabalho dizia respeito à matemática abstrata da computação, que inicialmente não tinha relevância prática, mas se tornou importante ao longo do tempo.

Do lado da pesquisa aplicada, vimos muitos exemplos de pesquisas médicas de alto impacto no início deste guia.

É claro que nem todo o mundo será um Alan Turing, e nem toda descoberta é utilizada. No entanto, acreditamos que em alguns casos a pesquisa pode ser um dos melhores modos de ter um impacto. Por quê?

Primeiramente, quando novas ideias são descobertas, elas podem ser difundidas de maneira incrivelmente barata, de modo que uma única carreira pode mudar todo um campo. Além disso, novas ideias se acumulam com o tempo, de modo que uma pesquisa contribui para uma fração significativa do progresso de longo prazo.

No entanto, apenas uma fração relativamente pequena de pessoas está envolvida em pesquisas. Acadêmicos constituem 0,1% da população6 e essa proporção foi muito menor ao longo da história. Se um pequeno número de pessoas é responsável por uma grande parte do progresso, então, em média, os esforços de cada pessoa são significativos.

Em segundo lugar, porque há pouco incentivo comercial para fazer pesquisa relativamente à sua importância, se você de fato se importa mais com o impacto social do que com o lucro, então é uma boa oportunidade para ter uma vantagem. A maioria dos pesquisadores não ficam ricos, mesmo que suas descobertas sejam extremamente valiosas. Turing não ganhou dinheiro nenhum com a descoberta do computador, sendo que hoje essa é uma indústria multibilionária. Isso ocorre porque os benefícios da pesquisa costumam se dar muito tempo no futuro e geralmente não podem ser protegidos por patentes.

Na verdade, quanto mais básica a pesquisa, mais difícil é comercializá-la, de modo que, sob condições iguais, esperaríamos que a pesquisa básica seja mais negligenciada do que a pesquisa aplicada e, portanto tenha maior impacto. Por outro lado, questões aplicadas podem ser mais urgentes descobertas como o microscópio podem nos permitir fazer descobertas básicas mais rápido , de modo que é difícil determinar se é a pesquisa aplicada ou a básica que tem mais alto impacto em média.

Logo, na teoria, a pesquisa pode ter um impacto bem alto. Mas ela realmente ajuda com os problemas mais prementes a encarar o mundo atualmente?

Achamos que sim. Quando você olha para os problemas que mais nos preocupam como prevenir pandemias futuras ou reduzir riscos de sistemas de IA , muitos estão limitados principalmente pela necessidade de mais pesquisas.

Por exemplo, a pesquisa poderia nos ajudar a desenvolver modos de diminuir o tempo que leva para, do momento em que surge um novo patógeno, distribuir amplamente uma vacina segura. Como outro exemplo, a pesquisa técnica em aprendizado de máquina poderia nos ajudar a construir proteções nos sistemas de IA para prevenir comportamentos perigosos. Para mais ideias, e para ter uma noção de no que você poderia ser capaz de trabalhar em diferentes áreas, veja esta lista de questões de pesquisa de potencialmente alto impacto, organizadas por disciplina.

Assim como a comunicação, a pesquisa é especialmente promissora quando você tem uma adequação muito boa a ela, dado que os melhores pesquisadores alcançam muito mais do que os medianos. A maioria dos artigos tem apenas uma citação, enquanto 0,1% dos artigos têm mais de 1.000 citações. E quando fizemos um estudo de caso sobre pesquisa biomédica, comentários como este foram típicos:

Uma pessoa boa nisso pode fazer o trabalho de cinco, e eu não estou exagerando.

Se você poderia ser um pesquisador entre os 20% melhores num tópico que é relevante para uma área de problema premente, é provável que essa seja uma das suas opções mais impactantes. E se você poderia ser excepcional numa área acadêmica (talvez nas unidades percentuais mais altas), ainda que você não possa imaginar como será útil, essa é uma opção que você deveria considerar seriamente.

Lembre-se do Dr. Nalin, que ajudou a inventar a terapia de reidratação oral?
Como vimos anteriormente, o dr. Nalin ajudou a salvar milhões de vidas com uma inovação simples: dar aos pacientes com diarreia água misturada com sal e açúcar.

Embora muita pesquisa ocorra no meio acadêmico, há também muitas posições de pesquisa em outros lugares. Por exemplo, muitas empresas privadas desenvolvem tecnologias cruciais — a BioNTech agora é famosa por ter desenvolvido a primeira vacina contra a Covid 7—, enquanto muitos think tanks frequentemente fazem importantes pesquisas sobre políticas.

Exemplo: Neel fazia sua graduação em matemática quando decidiu que queria trabalhar em segurança da IA. Nossa equipe foi capaz de apresentar Neel a pesquisadores na área e o ajudou a obter estágios em grupos acadêmicos e industriais de pesquisa. Isso o ajudou a ver a segurança da IA como um caminho de carreira concreto e que, apesar do ceticismo quanto ao longotermismo, a IA impunha um grande risco mesmo às pessoas vivas atualmente. Neel não se sentia extremamente adequado para a academia — ele odeia escrever artigos —, de modo que ele se candidatou a funções em laboratórios de pesquisa em IA comerciais. Ele agora é engenheiro de pesquisa na DeepMind. Ele trabalha em pesquisa de interpretabilidade de mecanismo, que considera que poderia ser usada no futuro para ajudar a identificar sistemas de IA potencialmente poderosos antes que possam causar danos.

“Falar com o 80.000 Horas foi bem útil para enxergar a pesquisa em segurança da IA como um caminho de carreira mais concreto e realista, e decidir dar os primeiros passos em direção a ele.”
Leia a história de Neel.

Veja o nosso guia completo para fazer pesquisa de alto impacto, tanto dentro quanto fora da academia.

Não se esqueça das posições de apoio

Tornar-se um administrador universitário não parece uma carreira de alto impacto, mas é exatamente por isso que ela é. Pesquisas exigem administradores, gerentes, financiadores e comunicadores para que avancem. Muitas dessas funções exigem pessoas muito capacitadas que entendem de pesquisa, mas por não serem glamourosas ou altamente remuneradas, pode ser difícil atrair as pessoas certas. Por essa razão, se uma função como essa for bem adequada a você, ela pode ser promissora. O que importa em última análise não é quem faz a pesquisa, mas que ela seja feita.

Um herói nosso é Seán Ó hÉigeartaigh. Ele estudou para um doutorado em genômica comparativa, mas acabou optando pelo gerenciamento de projetos acadêmicos. Tornou-se gerente no Future of Humanity Institute, que realiza pesquisas negligenciadas sobre riscos existenciais emergentes, como riscos de IA e de pandemias projetadas. Ele fez uma enorme quantidade de trabalho nos bastidores para manter as coisas funcionando enquanto o financiamento crescia rapidamente. Quando houve a oportunidade de iniciar um novo grupo em Cambridge, ele usou o que aprendeu para liderar os esforços lá também — durante um tempo, gerenciando os dois grupos. O campo teria avançado muito mais lentamente sem sua administração.

Se você estiver interessado em posições como essa, o melhor caminho é buscar um doutorado, escolher um campo e depois se inscrever em grupos de pesquisa. Se seu desejo é possibilitar grandes pesquisas, você precisa de uma combinação de familiaridade com o campo e habilidades operacionais. Saiba mais sobre carreiras em gestão de pesquisa.

4. Abordagem IV: governo e políticas

Quando pensamos em carreiras que “fazem o bem”, podemos não pensar em nos tornar um burocrata desconhecido do governo. Mas altos funcionários do governo frequentemente supervisionam orçamentos de dezenas ou até centenas de milhões. Se você pudesse fazer com que esses orçamentos fossem gastos de forma mais eficaz, isso valeria milhões de dólares extras gastos nesses programas. E de modo mais amplo, a escala da influência em posições no governo pode ser enorme.

Por exemplo, Suzy Deuster queria se tornar uma defensora pública para garantir que pessoas desfavorecidas tenham uma boa defesa legal. Ela percebeu que nessa função ela poderia melhorar a justiça criminal para talvez centenas de pessoas ao longo da sua carreira, mas modificando políticas ela poderia melhorar o sistema de justiça para milhares ou até milhões. Ainda que o impacto por pessoa seja menor, os números envolvidos lhe dão a chance de causar um impacto maior. Ela foi capaz de usar a sua experiência com o direito para entrar no governo e agora trabalha no Gabinete Executivo do Presidente dos EUA em reforma da justiça criminal, e de lá ela pode explorar outras áreas políticas no futuro.

Governos são frequentemente cruciais para lidar com muitos dos problemas em que mais recomendamos que as pessoas trabalhem, pois são as únicas instituições que criam e aplicam leis e regulamentações.

Por exemplo, somente governos podem fazer algo como proibir gaiolas em bateria para galinhas poedeiras.

Eles também podem agir de modo a resolver problemas de coordenação difíceis de enfrentar individualmente. Quando a pandemia de Covid-19 nos acometeu, o rastreio de contatos foi essencial para retardar o espalhamento, mas não satisfazia o interesse próprio de ninguém participar. Os governos intervieram para prover serviços de rastreio de contatos, beneficiando a sociedade como um todo.

Posições políticas requerem uma ampla gama de tipos de habilidade, de modo que deve haver algumas opções de alto impacto para quase todos. Para ter um gosto do que você pode buscar numa função política, dê uma olhada nas nossas revisões de carreiras em política de IA ou política de biorrisco.

Veja o nosso guia completo para carreiras no governo e políticas.

5. Abordagem V: construção de organizações

Quando a maioria das pessoas pensam em carreiras que “fazem o bem”, a primeira coisa que elas pensam é em trabalhar para uma instituição de caridade.

O negócio é que muitos trabalhos em instituições de caridade não são tão impactantes.

Algumas instituições de caridade focam em programas que não funcionam, como o Scared Straight, que na realidade levou os jovens a cometer mais crimes. Outros focam em modos de ajudar sem muita potencialização, como o Super-homem combatendo o crime um caso por vez, ou como o Dr Landsteiner realizando cirurgias em vez de fazer o trabalho para descobrir os grupos sanguíneos.

Outro problema é que muitas pessoas querem trabalhar em organizações que são mais limitadas pelo financiamento do que pelo número de pessoas animadas para trabalhar nelas. Pense num advogado que se voluntaria para distribuir comida aos pobres. Pode ser algo motivador para ele, mas dificilmente é a coisa mais eficaz que ele poderia fazer. Doar uma ou duas horas do seu salário poderia pagar várias outras pessoas para fazer o trabalho em vez disso. Ou ele poderia também fazer trabalho jurídico pro bono e contribuir de um modo que faça uso da sua perícia valiosa.

No entanto, há várias outras situações em que trabalhar para uma ONG é a coisa mais eficaz a fazer.

ONGs podem lidar com questões que outras organizações não podem. Elas podem executar pesquisas que não conquistam prestígio acadêmico, ou fazer defesa política em nome de um grupo desfavorecido como os animais ou gerações futuras, ou prover serviços que jamais seriam lucrativos dentro do mercado.  

E há várias ONGs fazendo um ótimo trabalho que precisam de mais gente para ajudar a construir e ampliá-las. Também há muitos nichos que não estão sendo preenchidos, nos quais precisamos que novas ONGs sejam estabelecidas para enfrentá-los. 

De modo mais amplo, ajudar a construir uma organização pode ser um caminho para fazer uma grande contribuição, pois organizações permitem que grandes grupos de pessoas se coordenem, e portanto atinjam um impacto maior do que poderiam individualmente. Além disso, se você ajudar a construir ou iniciar uma organização eficaz, ela pode continuar a ter um impacto mesmo depois que você sair dela.

E se você puder ajudar a tornar uma organização já existente e impactante um tanto mais eficaz, isso pode também ser um caminho para um grande impacto.

Clare se juntou ao Projeto de Eliminação da Exposição ao Chumbo (LEEP) como a sua terceira funcionária. Ela achou que juntar-se ao LEEP ajudaria a construir o seu capital de carreira — especialmente as suas habilidades e seus contatos — e, o mais importante, que a exposição ao chumbo em países de renda baixa e média é um problema importante, solucionável e altamente negligenciado. Desde sua entrada, Clare desenvolveu os programas do LEEP e gerenciou a equipe que os implementa, assim como liderou a contratação de importantes novos funcionários. O LEEP desde então começou a trabalhar com governos e empresas em 16 países, e defendeu com êxito que o governo do Malawi monitorasse os níveis de chumbo nas tintas.

Essas organizações nem precisam ser sem fins lucrativos; alguns projetos de impacto social são melhor estruturados como empresas, e podem também incluir think tanks, grupos de pesquisa, grupos de defesa e assim por diante.

Por exemplo, a Send Wave possibilita que trabalhadores imigrantes africanos transfiram dinheiro para as suas famílias por meio de um aplicativo de celular por taxas de 3%, em vez de taxas de 10% com a Western Union. Assim, para cada dólar de receita que a empresa ganha, ela torna as pessoas mais pobres do mundo vários dólares mais ricas. Em três anos, ela já haviam tido um impacto equivalente a doar milhões de dólares, e cresceu ainda mais desde então. O tamanho total do mercado é de centenas de bilhões de dólares — várias vezes maior que todo o gasto com ajuda externa. Se ela puder contribuir para acelerar o lançamento de meios mais baratos de transferir dinheiro, isso terá um grande impacto.

Lincoln Quirk está fazendo a diferença através do empreendedorismo lucrativo
Lincoln fundou uma empresa com fins lucrativos cujo produto beneficia as pessoas mais pobres do mundo.

Carreiras de construção de organizações se adéquam bem a pessoas que podem desenvolver habilidades em áreas como operações, gestão de pessoas, sistemas de software e finanças. Seguir este caminho geralmente significa primeiro focar em construir algumas dessas habilidades (o que pode ser feito em qualquer organização competente), e posteriormente usá-las para contribuir para as organizações que você acha que são mais impactantes. 

Para encontrar organizações impactantes, pense em quais problemas você acha que são os mais prementes, e então tente identificar as melhores organizações que lidam com esses problemas. (Em nossos perfis de problemas, listamos organizações recomendadas para lhe dar algumas ideias, ou veja esta lista.) Por fim, tente identificar aquelas que têm uma necessidade urgente das suas habilidades e uma função que possa ser muito adequada para você. 

Veja o nosso guia completo sobre carreiras em construção de organizações.

Ou dê uma olhada nas nossas vagas de trabalho

E se você quiser fundar uma organização?

Um erro que as pessoas cometem é tentar descobrir quais organizações devem ser fundadas sentadas na poltrona, ou escolhendo uma temática com que se depararam por acaso nas suas vidas.

Em vez disso, vá aprender sobre os problemas sociais grandes e negligenciados. Arranje um emprego na área e fale com muitas pessoas que trabalham no problema para descobrir do que o mundo realmente necessita. Você precisa chegar perto da ponta de uma área para detectar as ideias que os outros ainda não detectaram, e ter os contatos necessários para executar essas ideias. Saiba mais em nosso perfil completo sobre fundar organizações impactantes.

6. Mais ideias para carreiras impactantes

Essas categorias não foram concebidas como completas. Há muitas outras opções impactantes que não se encaixam naturalmente nelas.

Por exemplo, especialistas em segurança da informação são penosamente necessários em organizações que trabalham para prevenir catástrofes biológicas e relativas à IA. Não há muitos especialistas treinados em segurança da informação para início de conversa, e só alguns estão tentando usar as suas carreiras para resolver esses problemas urgentes.

Para ver uma lista bem mais longa de ideias (que ainda não é completa), dê uma olhada na nossa página de revisões de carreiras.

Um pedido de cautela: poder, dano e corrupção

Sam Bankman-Fried fundou a bolsa de criptomoeda FTX com o objetivo declarado de ganhar para doar. Ele brevemente se tornou a pessoa mais rica do mundo abaixo dos 30 anos, e fez gordas doações para causas prementes.8 Anteriormente, o apresentamos pelo nosso site como um exemplo positivo de alguém que busca uma carreira de alto impacto.

Sam agora tem uma acusação de fraude, a FTX caiu em falência e bilhões de dólares de fundos de clientes desapareceram.

Isso causou muitos danos a depositantes individualmente e à sociedade, tanto pelo dinheiro perdido quanto pelos danos indiretos da atividade criminosa. Pode também ter causado danos à reputação das causas que ele estava apoiando e à ideia de ganhar para doar em geral. Da nossa parte, sentimo-nos traídos e abalados quando descobrimos o que havia acontecido, e envergonhados por tê-lo promovido no passado (veja a nossa página de equívocos).

Agora parece claro que, ainda que Sam tivesse dito a si mesmo que as recompensas justificavam os riscos, isso estava totalmente errado.

Como isso pode ser relevante para você? Cada um dos cinco caminhos neste artigo oferece modos de aumentar substancialmente o quanto você contribui para resolver um problema.

Mas geralmente, quanto maior a sua capacidade de contribuir, maior a sua capacidade de causar dano — cometendo erros substanciais, ou apoiando as questões erradas, ou agindo de modo antiético. Além disso, conforme você adquire mais capacidade de afetar o mundo, você pode encarar mais tentações de agir mal. “O poder corrompe” é um clichê por uma boa razão. 

Isso pode ser difícil de imaginar se você está no começo da carreira, mas se você acabar numa posição poderosa no governo, dirigindo uma grande organização, com um nível de fama, ou com muito dinheiro, você pode encarar situações em que agir eticamente imporá um risco de perder a grande influência que você tem: como um político que mente para permanecer no cargo. Isso pode ser verdade ainda que você não tenha originalmente buscado poder para o seu próprio benefício.

Você pode também encarar difíceis situações éticas de bens conflitantes, como aceitar funções que você acha que envolvem um elemento de dano para alcançar um impacto positivo potencialmente maior.

E tipicamente, quanto mais influência você tem, mais difícil será para as pessoas discordar de você, pois elas temerão as consequências, de modo que você se tornará menos capaz de tomar boas decisões exatamente no ponto em que você mais precisa.

Trabalhar em problemas que são incomumente importantes e negligenciados também aumenta o que está em jogo, pois se você bobear, acaba atrasando um problema mais importante, e o fato de que poucas outras pessoas estão trabalhando na questão magnifica o seu potencial de dano.

Um ponto crucial é que geralmente não recomendamos aceitar trabalhos ou tomar atitudes que você acha que são nocivas para o bem maior. Falamos sobre isso na seção sobre ganhar para doar acima, mas pode surgir com qualquer abordagem que você escolher seguir.

Há muito mais a dizer sobre esses temas, e os exploramos em nossa série avançada:

Como evitar piorar as coisas por acidente
Por que não realizar ações nocivas ainda que você pense que é para o bem maior
Normas gentis e cooperação
Evitar a corrupção no ganhar para doar
Qual a definição de impacto social?

Também é uma razão pela qual vemos a construção de um bom caráter como uma importante parte do capital de carreira, o que é discutido a seguir.

7. Qual é a abordagem certa para você?

Vimos agora que, pensando de forma ampla considerando caminhos como ganhar para doar, comunicação, pesquisa, governo e políticas, e construção de organizações há muitas maneiras de fazer uma grande contribuição para solucionar problemas prementes.

Se você deseja escolher entre essas categorias amplas, como você poderia começar fazer isso?

O mais crucial é o seu nível de adequação: qualquer uma dessas categorias pode ser uma carreira impactante, se você for bom nela.

Ao longo deste artigo, há um princípio geral essencial para ter em mente: as pessoas mais bem-sucedidas num campo têm muito mais impacto do que a pessoa típica. Por exemplo, descobriu um estudo emblemático de indivíduos com desempenho a nível de especialista:9

Uma pequena porcentagem dos trabalhadores em qualquer campo é responsável pela maior parte do trabalho. Geralmente, os 10% da elite mais prolífica podem receber o crédito por cerca de 50% de todas as contribuições, enquanto os 50% de trabalhadores menos produtivos podem reivindicar apenas 15% do trabalho total, e o contribuinte mais produtivo é geralmente 100 vezes mais prolífico que o menos.

Tal como vimos ao escolher um problema, isso significa que a abordagem mais eficaz para você será algo de que você gosta, que o motiva e que se adéqua bem às suas habilidades.

Às vezes, encontramos pessoas tentadas a fazer um trabalho que odiariam para terem mais impacto. Isso é provavelmente uma má ideia, já que elas simplesmente vão ficar esgotadas. Seu exemplo também poderá desencorajar outros de usar suas carreiras para fazer o bem.

Um excelente trabalhador numa instituição de caridade provavelmente fará mais bem do que um engenheiro de software medíocre que está ganhando para doar, e o contrário também é verdadeiro.

Cobrimos a importância da adequação pessoal e como descobrir qual carreira é melhor para você num artigo posterior na série.

Mas não se preocupe se você se sentir incerto; isso é normal. Encontrar uma carreira adequada frequentemente leva muitos anos. Se você está no início da carreira, tudo bem só ter umas vagas ideias sobre onde está se direcionando e ir especificando-as com o tempo. 

E embora a adequação pessoal seja importante, também é importante não restringir as opções demais logo cedo. Como vimos, as pessoas subestimam com frequência como é fácil poder se interessar por novos trabalhos. Logo, é importante explorar de modo amplo, dando a si mesmo uma chance de ficar interessado em novas abordagens, mas daí focar no que está indo bem.

Você também não precisa se limitar à sua formação até o momento. 80.000 Horas é bastante tempo, de modo que você tem muito escopo para aprender novas habilidades.

Pondo de lado a adequação pessoal, observe que não há uma única melhor abordagem para todo problema. Em vez disso, foque nas abordagens que são mais necessitadas pelos problemas que você quer resolver. Por exemplo, o câncer de mama não precisa de mais defesa para promover conscientização, porque quase todo o mundo está conscientizado de que o câncer de mama é um problema. Em vez disso, ele provavelmente precisa de pesquisadores mais qualificados para desenvolver melhores tratamentos. Se você só focar em conscientização, os seus esforços não vão muito longe. Tentamos destacar quais habilidades são mais necessárias dentro de cada área em nossos perfis de problemas.

Considere também que essas abordagens não são mutuamente excludentes, e você pode fazer mais de uma coisa ao mesmo tempo. Por exemplo, um professor ajuda seus alunos (impacto direto), mas pode também desenvolver novas técnicas de ensino (pesquisa), ou informar seus alunos sobre problemas prementes (comunicação). Conhecemos um professor que fez tutoria particular para doar mais (ganhar para doar). Como vimos, com frequência o seu impacto se trata mais do modo como você usa a sua posição do que da própria posição.

8. Conclusão: em que emprego você mais pode ajudar?

Existem muitos outros caminhos para ajudar os outros em sua carreira do que normalmente discutimos. Elton John começou como cantor e salvou milhares de vidas ganhado para doar. Rosa Parks era uma costureira e ajudou a desencadear o movimento dos direitos civis na América pela sua comunicação e ativismo. Alan Turing era um matemático que ajudou a acabar com a Segunda Guerra Mundial por meio de sua pesquisa, além de inventar o computador.

A maioria das pessoas não nascem estrelas do rock, mas mesmo com um salário normal de nível universitário, qualquer pessoa pode ter um impacto surpreendente ganhando para doar, literalmente salvando centenas de vidas. E muitas vezes é possível fazer ainda mais por meio de comunicação, pesquisa, governo e políticas, ou construção de organizações.

Expandindo a gama de opções a considerar, muitas vezes é possível encontrar um caminho que não só tem mais impacto como também se adéqua melhor e é mais satisfatório a você também.

Dessa forma, mesmo que você não queira ser médico ou professor, é possível fazer muito mais bem com sua carreira do que normalmente se pensa.

Aplique isso à sua própria carreira

Antes de prosseguirmos, faça uma pequena lista inicial de carreiras de alto impacto que você poderia buscar no longo prazo. Aqui algumas maneiras de gerar ideias:

-Passe por cada abordagem neste artigo. Tente gerar 2-3 caminhos mais específicos dentro de cada um que possam ser bem adequados para você e satisfaçam seus outros critérios pessoais.
-Pegue a sua lista de problemas prementes de antes. Do que esses problemas mais precisam? Você consegue pensar em algum caminho de carreira que você possa seguir que possa ajudar a satisfazer essas necessidades?
-Veja a nossa lista de revisões de carreiras e anote quaisquer outras ideias ali.
-Você sabe de alguns outros caminhos em que você possa se destacar, ou onde as oportunidades estão abertas unicamente para você? Adicione-os à sua lista também.
-Imagine o seu dia de trabalho ideal, hora por hora. Quais empregos poderiam se encaixar nele? Em qual emprego você trabalharia se dinheiro não fosse empecilho, ou se tivesse somente 10 dias restantes para viver? Isso lhe dá outras ideias de caminhos de carreira gratificantes a longo prazo?

O objetivo neste ponto é apenas elaborar mais opções. Vamos explicar como restringi-las em um artigo posterior.

Ao gerar opções, erre para o lado de incluir mais em vez de menos. Em particular, frequentemente falamos com pessoas que só pensam em empregos que estão intimamente relacionados à sua experiência passada, e isso com frequência é um erro. Por exemplo, você não precisa ter estudado nada a ver com política para trabalhar em governo e políticas.

Com frequência, é possível conseguir um emprego numa nova área sem experiência em específico, e mesmo se levar alguns anos de transição, pode facilmente valer a pena no contexto do resto da sua carreira. Isso é verdade especialmente se você é um graduando: o que você estudou até agora pouca relevância tem sobre o que você pode fazer no futuro.

Resumo do nosso guia de carreiras até agora

Anteriormente, vimos que um trabalho agradável e gratificante:

  1. Ajuda os outros.
  2. É algo em que você é bom.
  3. Tem condições de apoio adequadas (p. ex., trabalho envolvente, colegas prestativos, adequação com o restante da sua vida).

Agora também vimos que os trabalhos que mais ajudam os outros:

  1. Estão focados nos problemas mais prementes aqueles que são grandes em escala, negligenciados e solucionáveis como cobrimos aqui.
  2. Utilizam uma abordagem que lhe permite fazer uma grande contribuição, como pesquisa, comunicação, ganhar para doar, governo e políticas, e construção de organizações. Isso é o que cobrimos neste artigo.
  3. Fornecem-lhe a chance de se destacar. Vamos explicar como descobrir onde você tem a melhor adequação pessoal mais tarde.

Você deveria se sacrificar para fazer mais bem?

As pessoas frequentemente nos perguntam se devem sacrificar o que lhe agradam para ter um impacto maior. Mas, como discutido acima, fazer o bem envolve menos sacrifício do que parece. Um trabalho pessoalmente satisfatório envolve ajudar os outros, porque isso é gratificante. E um trabalho de alto impacto também será pessoalmente satisfatório: porque se você não gosta do seu trabalho, não será bom nisso e vai se esgotar. Então há muita coincidência entre esses dois pontos.

Também vimos que há muitas maneiras de causar um grande impacto, e alguns deles provavelmente não vão envolver muito sacrifício. Ao invés de fazer sacrifícios, a ideia chave é focar em encontrar essas maneiras altamente eficazes de ajudar.

Isso não quer dizer que não haja absolutamente nenhum trade-off (conflito de escolha). É improvável que a melhor carreira para você pessoalmente também seja a que mais beneficiaria o mundo. Em última análise, você terá que fazer um juízo de valor sobre como pesar ajudar os outros em comparação com os seus próprios interesses. Mas, felizmente, o trade-off é muito menor do que parece inicialmente.

Como posso me colocar na melhor posição para conseguir um trabalho de alto impacto?

Certas pessoas conseguem simplesmente caminhar para o seu emprego dos sonhos — um que corresponde a todos os critérios acima — de imediato. E se você conseguir fazer isso, vai nessa! Mas para muitos outros, vai ser preciso construir habilidades, contatos, credenciais e caráter — o que chamamos de “capital de carreira”. Fazendo isso, você pode abrir uma gama mais ampla de opções do que só aquelas que você acha que tem hoje.

No próximo artigo, veremos como construir capital de carreira e melhor posicionar-se para o sucesso a longo prazo.

Leia em seguida

Parte 7: Quais emprelhos colocam você na melhor posição a longo prazo? Ou veja uma visão geral do guia de carreiras inteiro.

Notas e referências

1. Elton John regularmente aparece no topo das listas das celebridades mais generosas no Reino Unido.Seu dinheiro ajudou a fundar a Elton John AIDS Foundation.

Mas não é claro quantas vidas ele salvou.

Ele doou £ 26,8 milhões para a caridade em 2016, e provavelmente doou quantias semelhantes em outros anos, de modo que nosso palpite é que ele já doou centenas de milhões ao todo.

Quão bom é o seu gasto em termos de custo-efetividade? O foco principal de Elton John tem sido intervenções no HIV/AIDS no mundo em desenvolvimento. Nosso palpite é que essas intervenções não são tão boas em custo-efetividade quanto as melhores intervenções em saúde global. A GiveWell — uma avaliadora de instituições de caridade independente — descobriu que:

O HIV/AIDS é uma das principais causas de mortes em adultos no mundo em desenvolvimento. A terapia retroviral pode prolongar e melhorar as vidas dos pacientes, e potencialmente reduzir o risco de que eles infectem os outros, por um custo de várias centenas de dólares por ano. Estamos revisitando a questão sobre como isso se compara com a custo-efetividade de outras intervenções de saúde. Há outras intervenções (incluindo intervenções preventivas) que podem ser melhores em custo-efetividade. Não descobrimos uma organização que possamos recomendar com confiança que foque no HIV/AIDS.

A GiveWell revisou três intervenções específicas: promoção e distribuição de camisinhas, tratamento medicamentoso com Terapia Antiretroviral (TARV) e prevenção de transmissão de mãe para filho.

A GiveWell estimou que TARV é aproximadamente 1,4 vezes melhor em custo-efetividade do que transferências monetárias diretas. O critério de financiamento da GiveWell (à altura de março de 2023) é que ela financia intervenções que sejam 10 vezes melhores em custo-efetividade do que dinheiro, o que torna a TARV cerca de sete vezes pior em termos de custo-efetividade do que as melhores intervenções em saúde global. Embora a GiveWell espere que intervenções preventivas possam ser melhores em custo-efetividade, a organização observa que as evidências de que a promoção e a distribuição de camisinhas reduzem a transmissão do HIV/AIDS, uma das intervenções mais comuns na área, são fracas.

No geral, nosso palpite é que gastar em intervenções em HIV/AIDS no mundo em desenvolvimento é cerca de 10 vezes pior em custo-efetividade do que as organizações mais bem classificadas pela GiveWell.

A estimativa da GiveWell do custo de salvar uma vida por meio de uma das suas organizações mais recomendadas variou com o tempo entre US$ 1.000 e US$ 10.000, e tipicamente está em torno de US$ 3.000–5.000. À altura de janeiro de 2023, você pode encontrar as últimas estimativas da GiveWell sobre o custo de salvar uma vida na sua página de impactos.

Como resultado, nosso palpite é que os gastos de Elton John com a AIDS salvou uma vida por cerca de US$ 50.000.

2. Em 2012, eles doaram para o 80.000 Horas. Também doaram para projetos relacionados como o Centre for Effective Altruism (onde Julia trabalha agora) que, como o 80.000 Horas, é um projeto da Effective Ventures Foundation.

3. O relatório de 2012 da Watkins Uiberall descobriu que (LINK):

O salário médio para diretores-executivos / CEOs de ONGs está entre US$ 50.000 e US$ 75.000. Os salários dos CEOs se correlacionam com o tamanho do orçamento organizacional. Para pequenas organizações, o salário médio é entre US$ 30.000 e US$ 50.000. Entre as organizações de médio porte, 36% dos CEOs têm salários entre US$ 50.000 e US$ 75.000, enquanto 50,5% ganham mais de US$ 75.000 e 13,5% recebem menos de US$ 50.000. Entre as grandes organizações, 14,2% pagam salários de US$ 100 mil ou menos; 38,1% pagam entre US$ 101 mil e US$ 150 mil; e 47,7% pagam mais de US$ 150.000.

Note que isso é significativamente menor do que os números medianos relatados pelo proeminente Charity Navigator Annual Survey. Isso ocorre porque o Charity Navigator se concentra em instituições nos EUA, de médio a grande porte, que pagam salários substancialmente mais altos.

4.

… aqueles com renda entre US$ 100.000 e US$ 200.000 contribuem, em média, 2,6% de sua renda, que é menor comparada àqueles com renda abaixo de US$ 100.000 (3,6%) ou acima de US$ 200.000 (3,1%)

Charitable Giving in America: Some Facts and Figures. As taxas de doações de caridade nos EUA estão entre as mais altas do mundo.

5. Este artigo da BBC cita vários historiadores (link arquivado, recuperado em 13 de junho de 2016), concluindo:

Se Turing e seu grupo não tivessem enfraquecido o cerco feito por U-boats no Atlântico Norte, a invasão aliada da Europa em 1944 – os desembarques do Dia D – poderia ter sido adiada, talvez em cerca de um ano ou mais, dado que o Atlântico Norte era a rota usada para transportar munição, combustível, comida e tropas da América para a Grã-Bretanha.

Simonton, Dean K. “Age and outstanding achievement: What do we know after a century of research?.” Psychological bulletin 104.2 (1988): 251. PDF.

6. O número de acadêmicos e estudantes de graduação no mundo.

7. Tecnicamente, foi a primeira vacina liberada para uso por um regulador reconhecido pela OMS como uma autoridade regulatória estrita.

8. Sam Bankman-Fried doou para o 80.000 Horas no início da sua carreira, e a FTX doou fundos para o grupo Effective Ventures. O 80.000 Horas é um projeto do grupo Effective Ventures, o termo abrangente para a Effective Ventures Foundation e a Effective Ventures Foundation USA, Inc., que são duas entidades legais distintas que trabalham em conjunto.

9. Simonton, Dean K. “Age and outstanding achievement: What do we know after a century of research?.” Psychological bulletin 104.2 (1988): 251. PDF


NOTA: esta é uma tradução do Guia de Carreiras do 80,000 Hours, tendo maio de 2023 como última atualização. Ela pode não corresponder à versão mais atualizada, que pode ser acessada em: https://80000hours.org/career-guide/high-impact-jobs/