A Pecuária intensiva é um dos maiores problemas do mundo. Veja a lista dos demais problemas aqui.

Nota do tradutor: A pecuária intensiva em inglês: Factory Farming – também conhecida como fazendas industriais, pecuária industrial ou criação intensiva de animais. Trata-se aqui da dor infligida aos animais, principalmente em seu confinamento, geralmente em fazendas que lidam com grande número de animais (em geral, pequenas propriedades familiares não costumam apresentar os mesmos problemas de crueldade).

foto de diversos pequenos porcos juntos uns dos outros

1.Resumo

1.1.Nossa visão geral

Escala
o problema da pecuária intensiva
Acreditamos que esforços intensos para reduzir o consumo de carne poderiam reduzir a criação intensiva de animais nos EUA entre 10% a 90%. Através da disseminação de atitudes mais humanas, isso aumentaria o valor esperado do futuro da humanidade em 0,01% a 0,1%.
Negligência 
pecuária intensiva
Entre US$ 10 a 100 milhões em financiamento anual; 1.000 pessoas trabalhando no problema.
Tratabilidade
os contras da pecuária intensiva
Algumas formas plausíveis de obter progresso neste problema, com algum apoio especializado.

Profundidade do perfil: Exploratório 

Autor do perfil: Roman Duda

Essas pontuações foram pensadas tedo em vista especificamente para a realidade dos Estados Unidos e considerando como principal objetivo tentativas de fazer com que as pessoas se importem o suficiente com os animais para se tornarem vegetarianas ou veganas.

Este é um dos muitos perfis que escrevemos para ajudar as pessoas a encontrarem os problemas mais urgentes que podem ajudar a resolver com suas carreiras. Saiba mais sobre como comparamos diferentes problemas, veja como tentamos classificá-los numericamente e veja como esse problema se compara aos outros que consideramos até agora.

2.Qual é o problema da pecuária intensiva?

Existem provavelmente mais de 100 bilhões de animais vivendo em fazendas industriais atualmente1. A maioria passa por níveis extremos de sofrimento ao longo de suas vidas devido ao confinamento intenso e à remoção de partes do corpo. Melhorias relativamente pequenas no tratamento desses animais poderiam melhorar substancialmente seu bem-estar.

3.Por que esse problema é urgente?

3.1.Nossa recomendação é baseada em quê?

Achamos que esse problema é urgente porque é uma área de foco da The Open Philanthropy Project. Leia o relatório sobre o tratamento de animais em criação intensiva e alternativas de produtos animais.

Entrevistamos o seu Diretor de Programas para o bem-estar dos animais de fazenda. Essa entrevista aborda, entre outros pontos, como acabar com a criação intensiva de animais, rapidamente. Também falamos com os fundadores da Animal Equality sobre suas intervenções.

3.2.Por que isso é urgente?

  • 50 bilhões de animais são criados e mortos neste sistema de criação todos os anos. A maioria experimenta níveis extremos de sofrimento ao longo de suas vidas devido ao confinamento intenso e à remoção de partes do corpo. A indústria da carne é também um dos maiores contribuintes para o aquecimento global, com 14,5% das emissões globais de gases do efeito estufa.
  • Este problema recebe relativamente pouca atenção, mesmo dos principais grupos de bem-estar animal. ONGs gastam menos de 20 milhões de dólares anualmente tendo em vista melhorar as condições dos animais de criação intensiva ou reduzir o consumo de carne.
  • Parece haver formas eficazes de persuadir as pessoas a reduzirem o consumo de carne, se tornarem vegetarianas ou veganas. Algumas pesquisas sugeriram que a abordagem individual nos campos universitários tem efeito, embora ainda não tenha sido possível medições precisas. O desenvolvimento de melhores substitutos da carne também poderia reduzir consideravelmente o consumo desta. Na União Européia houve algum sucesso na mudança de regulamentos para melhorar as condições da criação intensiva de animais, tal como permitir que cada animal tenha mais espaço para se movimentar.

3.3.Quais são os principais argumentos contra a urgência do problema?

  • Você pode pensar que o bem-estar de cada animal tem muito menos importância do que o sofrimento de cada ser humano (menos de 1% o sofrimento de um ser humano2) e, portanto, acha que a escala não é tão grande quanto a de outros problemas.
  • Você pode pensar que os benefícios a longo prazo de melhorar o bem-estar animal são significativamente menores do que os benefícios a longo prazo de melhorar o bem-estar dos seres humanos. Isso ocorre porque aumentar o bem-estar dos seres humanos permite que eles contribuam mais para o desenvolvimento econômico de sua sociedade, mas não há nenhum mecanismo óbvio pelo qual o aumento do bem-estar animal conduza a benefícios de longo prazo comparáveis. Leia mais sobre esse argumento aqui.

3.4.Para priorizar esse problema você provavelmente concordará com as ideias abaixo:

  • Animais em fazendas industriais passam por sofrimento real e intenso.
  • Se você se deparasse com uma situação em que poderia evitar a crueldade com um grande número de animais não humanos ou evitar o sofrimento de um número muito menor de seres humanos, você deveria ajudar aos animais. Existem duas justificativas possíveis para essa visão: i) no curto prazo, você está evitando mais sofrimento sem se importar muito com os efeitos de longo prazo, ou ii) acha que há efeitos positivos a longo prazo ao trabalhar nessa questão, por exemplo, você estará aumentando a empatia humana e melhorando os valores da sociedade.

4.O que você pode fazer para solucionar esse problema?

4.1.O que se faz mais necessário para contribuir na solução desse problema?

  • Ativismo social para reduzir o consumo de carne. Isso pode ser feito distribuindo panfletos, anúncios de TV e on-line, fazendo campanhas para que grandes instituições (como escolas ou hospitais) adotem “Segundas sem carne” de modo a reduzir o consumo de carne e realizar investigações que expõem e divulgam a crueldade contra animais em fazendas industriais.
  • Ativismo político, fazendo lobby por leis que melhorem as condições nas fazendas industriais.
  • Desenvolver alternativas para alimentos de origem animal.
  • Trabalhar com pesquisa, tentando, por exemplo, determinar os métodos de ativismo social e político mais eficazes para persuadir as pessoas a reduzirem seu consumo de carne e aprovarem uma legislação que melhore as condições de criação intensiva de animais.

4.2.Quais conjuntos de habilidades e recursos são mais necessários?

  • Pessoas com forte liderança e habilidades na captação de recursos para trabalhar em organizações sem fins lucrativos de defesa animal.
  • Pessoas que podem ganhar para doar, doando assim para o trabalho de defesa animal. Jon Bockman, da Animal Charity Evaluators, nos disse que as organizações sem fins lucrativos da causa animal têm muitos voluntários entusiasmados mas não têm fundos, demonstrando que o financiamento é o maior gargalo nessa área (a menos que você tenha grande potencial para ser um líder ou inovador neste movimento). Isso faz deste um problema extraordinariamente constrangido por financiamento (em oposição a problemas cuja maior deficiência é a falta de “talentos” trabalhando na área.
  • Empreendedores e pesquisadores que trabalham no desenvolvimento e comercialização de substitutos da carne.3

4.3.Quem está trabalhando nesse problema?

4.4.O que você pode concretamente fazer para ajudar a acabar com a pecuária intensiva?

5.Leitura adicional

6.Fontes

7.No Brasil

Uma abordagem possível é promover o reducitarianismo. Temos publicado algum material relativo no Facebook.

8.Leia também, em português:

Nesta mesma abordagem reducitariana, escrevemos algumas publicações visando provocar um pouco de debate:

7 coisas que você pode fazer para diminuir o sofrimento animal

Bois, Frangos e uma tentativa de objetivamente mensurar seu sofrimento

Seja 98% vegetariano

Comer carne é um dano líquido? uma colaboração entre um comedor de carne e um vegetariano

Conceitos do Altruísmo Eficaz: Animais

9.Notas e Referências

1. Esse número seria maior se incluíssemos invertebrados (muitos dos quais podem ser sencientesdefinição de senciencia), ou contássemos o número de animais mortos ou abatidos em um ano, em vez de vivos em qualquer ponto.

2. O que esse número precisa ser para justificar por si só a priorização do sofrimento humano atual depende de quão ruim você acha que o sofrimento é nas fazendas industriais versus na pobreza extrema ou outras condições ruins em que os humanos vivem. Existem cerca de oito bilhões de humanos, cerca de 10% dos quais vivem em extrema pobreza (abaixo de US$ 1,90 por dia, ajustado pelo poder de compra) e cerca de 100 bilhões ou mais de animais não humanos em fazendas industriais.

3. A pesquisa técnica da Animal Advocacy Careers para o perfil de habilidades de alternativas de produtos animais argumenta que este trabalho é uma boa opção para:

“pessoas com formação acadêmica em uma ampla variedade de ciências, incluindo disciplinas relacionadas à biologia, química, ciência de alimentos e engenharia. Há oportunidades tanto na academia quanto na indústria… Dentro da pesquisa técnica sobre carne cultivada, vários entrevistados destacaram as habilidades de engenharia como sendo especialmente necessárias no momento. Também houve evidências em nossa verificação pontual de que as empresas de carne cultivada lutam para contratar ou reter pessoas nessas funções. Não temos evidências para acreditar que esse também seja o caso das empresas de alimentos à base de plantas”.

4. Veja, por exemplo, os bancos de dados do The Good Food Institute para laboratórios de pesquisa, oportunidades de financiamento de pesquisa, aceleradoras e incubadoras e investidores.

Traduzido de: https://80000hours.org/problem-profiles/factory-farming/