Todos os conselhos baseados em evidências cientificas que encontramos sobre como ser bem-sucedido em qualquer trabalho

O problema dos conselhos de auto-ajuda é que muitas vezes se baseiam em praticamente nenhuma evidência.
Por exemplo, quantas vezes você foi instruído a “pensar positivamente” para alcançar seus objetivos? É provavelmente a a orientação pessoal mais popular, amada por todos, desde professores do ensino médio até os especialistas em carreiras com melhor vendagem. Uma das principais ideias por trás do slogan é que, se você visualizar seu futuro ideal, você terá mais chances de chegar lá.
O problema? Evidências sugerem que o que ocorre é o contrário. Uma pesquisa recente encontrou evidências de que fantasiar sobre sua vida perfeita na verdade o torna menos propenso a fazê-la acontecer. Embora seja agradável fantasiar, isso reduz a motivação porque faz você sentir que já atingiu esses alvos.1 Abordaremos algumas maneiras pelas quais o pensamento positivo pode ser útil posteriormente no artigo.
Muitos outros conselhos são apenas a opinião de uma pessoa ou clichês inúteis. Mas, no 80,000 Horas, descobrimos que há uma série de etapas apoiadas por evidências que qualquer um pode adotar para se tornar mais produtivo e bem-sucedido em sua carreira e na vida em geral. E como vimos em um artigo anterior, as pessoas podem continuar melhorando suas habilidades por décadas.
Então reunimos todos os melhores conselhos que encontramos nos últimos cinco anos de pesquisa. Essas são coisas que qualquer um pode fazer em qualquer trabalho para aumentar seu capital de carreira, a aptidão pessoal e, portanto, seu impacto positivo.
Em muitos casos, a evidência não é tão forte quanto gostaríamos. Porém, é o melhor que conhecemos. Tentamos chegar a uma visão integrada do que faz sentido tentar, tendo em vista: (i) a força da evidência empírica, (ii) quão razoável nos parece, (iii) o tamanho da potencial vantagem, (iv) quão amplamente aplicável é o conselho, e (v) os custos de se tentar. Os detalhes são fornecidos na leitura adicional que linkamos e nas notas de rodapé.
Nós colocamos os conselho mais ou menos em ordem. Os primeiros itens são mais fáceis e mais amplamente aplicáveis, então comece com eles, depois passe para as áreas mais difíceis posteriormente. A ordem também é parcialmente baseada em uma análise profunda de quais habilidades são mais valiosas.
Recomendamos trabalhar em uma área por vez. Percorra e escolha a área que faria a maior diferença em sua vida com o mínimo de esforço, e então concentre-se nela até que você alcance o resultado desejado. Normalmente se escolhe uma ou duas áreas para trabalhar a cada ano.
Tempo de leitura: 30 minutos.
1. Não esqueça de cuidar de si mesmo

Antes de avançarmos para conselhos mais complexos, um lembrete: pessoas ambiciosas geralmente não cuidam de si mesmas. Mas isso pode fazer com que eles se desgastem e acabem tendo menos sucesso.
De fato, mesmo que você queira apenas ajudar os outros, é importante cuidar de si mesmo. O professor Adam Grant fez uma pesquisa que sugeriu que sujeitos altruístas que também buscavam seus próprios interesses eram mais produtivos a longo prazo e, por fim, acabaram fazendo mais para ajudar.2
Para cuidar de si mesmo, o mais importante é se concentrar no “básico”: dormir o suficiente, fazer exercícios, se alimentar bem e manter suas amizades mais íntimas. Pesquisas em psicologia positiva sugerem que este “básico” têm um grande impacto na sua felicidade do dia a dia, sem mencionar sua saúde e energia.3 De fato, como vimos, estes fatores provavelmente importam muito mais do que outros fatores em que as pessoas tendem a se concentrar, como a renda.
Então, se há algo que você possa fazer para melhorar significativamente uma dessas áreas em sua vida, vale a pena cuidar dela primeiro. Muito tem sido escrito sobre como melhorá-las. Às vezes, há pequenos truques técnicos (por exemplo, algumas pessoas acham que dormem melhor se usarem uma máscara de olho), mas, de outro modo, muitas vezes se trata de construir hábitos melhores (por exemplo, agendar uma ligação semanal com seu melhor amigo). Um bom ponto de partida é essa lista. Você também pode usar os conselhos sobre produtividade em uma seção futura.
A pesquisa de Adam Grant também é outra razão pela qual não achamos que seja bom se sacrificar demais ao tentar ajudar os outros. Se você, por exemplo, trabalha longas horas e perde suas amizades próximas com o tempo, ou arruína sua saúde, você acabará sendo menos produtivo. Em vez disso, defina limites. Essa é uma das razões pelas quais gostamos da compromisso da Giving What We Can. Em vez de se preocupar constantemente com quanto doar, defina um percentual e cumpra-o.
2. Se necessário, faça da saúde mental sua principal prioridade
Cerca de 20% das pessoas entre vinte e trinta anos têm algum tipo de problema de saúde mental.4
Se você está sofrendo de um problema de saúde mental, seja ansiedade, transtorno bipolar, TDAH, depressão ou qualquer outra coisa, então torne sua principal prioridade resolver ou aprender a lidar com o problema. É um dos melhores investimentos que você pode fazer pelo seu próprio bem e pela sua capacidade de ajudar os outros.
Conhecemos muitas pessoas que aproveitaram o tempo para fazer da saúde mental sua principal prioridade e que, tendo encontrado tratamentos e técnicas que funcionaram, passaram a ter um desempenho no mais alto nível.
Se você não tem certeza se tem algum problema, ainda vale a pena investigar. Conhecemos pessoas que passaram décadas sem desconfiar que possuíam algum problema, até serem diagnosticadas. Então descobriram que sua vida era muito melhor após devido tratamento.
A saúde mental não é nossa área de especialização e não podemos oferecer orientação médica. Recomendamos que você consulte um médico como seu primeiro passo. Se você está na universidade, deve haver serviços gratuitos disponíveis.
Em todo caso, você pode querer examinar os tratamentos baseados em evidências mais recentes. Por exemplo, terapia cognitivo-comportamental (TCC) também pode ajudar com muitos problemas de saúde mental e está cada vez mais disponível online. Uma ferramenta que se vale do TCC é o Pacifica. Outra opção válida é o livro clássico Antidepressão, de David Burns – a leitura do livro foi testada em testes rigorosos (aleatorizados controlados) e descobriu-se ser efetiva para reduzir os sintomas da depressão.
Escrevemos uma lista de perguntas simples inspiradas na TCC que você pode se perguntar sempre que algo ruim acontece em sua vida – desde ter dificuldades para encontrar suas chaves até sofrer um acidente de carro – e que provavelmente o ajudará a se sentir melhor e seguir em frente.
Seguem dicas de outras formas de tratamento: O Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido publica conselhos úteis e baseados em evidências. Aqui estão alguns apontamentos sobre outros modos de se lidar com depressão e ansiedade. Para o TDAH, confira Cognitive-Behavioral Therapy for Adult ADHD e o Taking Charge of Adult ADHD. Há também o Manage Your Mind que é um guia popular para muitos tipos de tratamento de saúde mental escrito por um psicólogo.
Assim como com sua saúde mental, também vale a pena se concentrar em sua saúde física…
3. Lide com sua saúde física (não esquecendo suas costas!)

Muitos conselhos de saúde com que nos deparamos cotidianamente não são exatamente bem embasados. Mas provavelmente a área da saúde também seja a área onde existe a maior quantidade de conselhos baseados em evidência. Além do seu médico, você pode encontrar facilmente fontes de orientações baseadas em consenso científico sobre como tratar diferentes problemas de saúde em sites como NHS Choices e Mayo Clinic. Leia mais sobre como obter conselhos de saúde baseados em evidências.
Ficamos surpresos ao saber que o maior risco para a nossa produtividade é provavelmente a dor nas costas: neste momento é a principal causa de problemas de saúde globalmente, pelo menos por algumas medidas.5 Nosso co-fundador, Will, entrou de licença subitamente por meses devido a dores lombares crônicas.
A lesão por esforço repetitivo (LER) também é um risco para os locais de trabalho modernos e pode até mesmo danificar permanentemente sua capacidade de digitar ou usar um mouse.
Will falou com mais de dez profissionais de saúde sobre sua dor nas costas antes de receber um conselho útil. E isso não é incomum, já que muitas vezes as causas de dor nas costas são desconhecidas,6 e podem ser difíceis de tratar.
No entanto, você pode reduzir suas chances de ter dor nas costas e LER de duas maneiras. Primeiro, arranje corretamente sua mesa e mantenha uma boa postura – veja os conselhos aqui, aqui e aqui. Segundo, mude regularmente de posição (a técnica pomodoro é útil aqui). Terceiro, exercite-se regularmente.
Esses passos parecem triviais, mas, estatisticamente, é bem provável que você enfrente uma dor lombar em algum momento de sua vida, e você se agradecerá por fazer esses investimentos simples.
Se você tiver algum sintoma, trate-o imediatamente antes que ele piore. Leia mais sobre o NHS em como tratar dores nas costas e LER.
4. Aplique pesquisa científica sobre felicidade

Embora a maioria dos conselhos sobre ser mais feliz não se baseie em nada, as últimas décadas testemunharam o surgimento da “psicologia positiva” – a ciência das causas do bem-estar – como abordado em um artigo anterior.
Pesquisadores neste campo desenvolveram exercícios práticos e fáceis para nos fazer mais felizes, e os testaram com testes rigorosos para ver se eles realmente funcionam. As evidências ainda estão surgindo, mas achamos que esse é um dos melhores lugares para procurar conselhos de auto-ajuda.
Em parte, esta pesquisa enfatiza a importância do básico – sono, exercício, família e amigos.3 E é por isso que listamos estes elementos básicos do bem-estar à frente desta seção. No entanto, pesquisadores fizeram muitas outras descobertas pra além deste básico.
Abaixo está uma lista de técnicas recomendadas pelo professor Martin Seligman, um dos fundadores do campo. A maioria deles está em seu livro Florescer. Teste-os e continue usando-os se forem úteis.
Ser mais feliz não é apenas algo bom por si, mas também pode torná-lo mais produtivo, melhor defensor da mudança social e menos propenso a se desgastar.
- Registre seu nível de felicidade no final de cada dia. Você se tornará mais autoconsciente e poderá acompanhar seu progresso ao longo do tempo. Moodscope é uma boa ferramenta para ajudar-lhe nisto.
- Diário de gratidão – anote três coisas pelas quais você é grato no final de cada dia e por que elas aconteceram. Outras formas de cultivar a gratidão também são boas, como a visita de gratidão.
- Use os seus pontos fortes. Faça o teste VIA Sig Strengths. Então, certifique-se de usar um dos seus 5 principais pontos fortes por dia. Leia mais.
- Aprenda o básico de terapia comportamental cognitiva (TCC). Essa é a essência da verdade dentro do pensamento positivo: muita infelicidade é causada por crenças ruins, e é possível mudar suas crenças. A TCC desenvolveu muitas técnicas para fazer exatamente isso. Um exercício simples é o ABCD que você pode fazer no final de cada dia. Você pode aprender mais na seção 2 acima.
- Prática de mindfulness – geralmente feita através da meditação. Há evidências de que meditação ajuda na saúde mental. Porém, ainda não há evidências fortes de que ela ajude no bem-estar em geral. Em parte, isso é apenas porque o tema ainda não foi estudado.7 Dado que muitas pessoas dizem que meditação as ajuda e a teoria por trás disso faz sentido para nós, achamos razoável tentar ver se isso te ajuda. Para começar, recomendamos Headspace e o livro Mindfulness, de Penman e Williams.
- Faça algo gentil a cada dia, como doar para caridade, elogiar alguém ou ajudar alguém no trabalho.
- Pratique respostas construtivas ativas para celebrar sucessos com os outros.
- Adote a mentalidade de crescimento. Se você acredita que pode melhorar suas habilidades, será mais resistente ao fracasso e ao trabalho mais difícil. Veja o livro Mindset, de Carol Dweck, que revisa essa pesquisa e discute como tal mentalidade pode ser aprendida.
- Aprimore seu trabalho. Em um artigo anterior, cobrimos os ingredientes de um trabalho satisfatório. Muitas vezes é possível adaptar o seu trabalho para que ele envolva mais dos ingredientes satisfatórios e menos do que você não gosta. Pode ser tão simples quanto tentar passar mais tempo com um amigo no trabalho. Também pode ser possível encontrar mais sentido no seu trabalho. Adam Grant fez um estudo com pessoas que captam recursos para bolsas universitárias. Ele descobriu que apresentá-los a alguém que havia se beneficiado das bolsas de estudo os tornava dramaticamente mais produtivos.8 Isso é especialmente importante se você está buscando uma maneira mais abstrata de fazer o bem, como ganhar para doar. Como você pode fazer o seu impacto parecer mais vívido? Exercícios de aprimoramento de trabalho foram avaliados em estudos e descobriu-se terem efeitos positivos. Aqui está uma revisão de algumas das pesquisas. Aqui está uma introdução mais prática.
Para mais exercícios, confira os cursos gratuitos no site Clearer Thinking e leia The How of Happiness de Sonja Lyubomirsky.
5. Melhore suas habilidades sociais básicas

Habilidades sociais são úteis para quase tudo na vida, e embora não se saiba muito sobre como melhorá-las, existem algumas coisas realmente básicas que todos podem aprender. São pequenos hábitos, como conversar informalmente e mudar a forma como se encara situações sociais. Só esse básico pode tornar muito mais fácil fazer amigos, conviver com colegas e lidar com pessoas.
O guia mais popular para aprender habilidades sociais básicas é provavelmente Como Fazer Amigos e Influenciar Pessoas de Dale Carnegie. É cheio de conselhos como “O nome de uma pessoa é, para essa pessoa, o som mais doce e importante em qualquer idioma”. Achamos que o conselho é um pouco ultrapassado, simplificado e tem uma tendência manipuladora.
Ao invés dele, nosso guia favorito até agora é Succeed Socially, que agora está disponível como um livro, por Chris MacLeod.
Se você tem ansiedade social e quer se aprofundar mais, então também recomendamos Joyable. É um curso on-line de 12 semanas que utiliza a terapia cognitivo-comportamental (TCC), a forma mais baseada em evidências das psicoterapias, para superar os bloqueios comuns em situações sociais. Nós testamos, e ele e é útil para qualquer um que fique nervoso quando se socializa.
Se você está procurando desenvolver habilidades sociais mais avançadas, então você pode achar útil o The Charisma Myth de Olivia Fox Cabane. Ele tenta pelo menos usar a pesquisa existente na área. Outras pessoas acharam coisas como “improv” (um tipo de terapia em grupo para lidar com ansiedade social) e Toastmasters úteis.
Finalmente, muito se resume a praticar e ficar confortável conversando com novas pessoas. Por isso, é útil trabalhar nessa área e seguir as etapas da próxima seção…
6.Cerque-se de ótimas pessoas
Todo mundo fala sobre a importância do networking (rede de contatos) para uma carreira de sucesso, e eles estão certos. Uma grande fração de trabalhos é encontrada por meio de conexões e muitas provavelmente nunca são anunciadas, portanto, só estão disponíveis por meio de conexões sociais.
Mas a importância de suas conexões vai muito além de encontrar empregos. Pode ser um exagero dizer que “você se torna a média das cinco pessoas com quem passa mais tempo”, mas certamente há alguma verdade nisso. Seus amigos definem o comportamento que você vê como normal (normas sociais) e influenciam diretamente como você se sente (através do contágio emocional). Seus amigos também podem, em interações diretas te ensinar novas habilidades e apresentá-lo a novas pessoas.
Pesquisadores até mediram essa influência, conforme revisado no livro Connected de Christakis e Fowler. Um estudo descobriu que, se um de seus amigos fica feliz, você tem 15% a mais de chance de ficar feliz. Se um amigo de um amigo ficar feliz, você tem 10% mais chances de ficar feliz.9
Suas conexões também são uma importante fonte de informações personalizadas e atualizadas que nunca são publicadas. Por exemplo, se você quiser descobrir quais oportunidades de emprego podem ser uma boa opção para você na indústria de biotecnologia, a melhor maneira de descobrir é falar com um amigo nesse setor. O mesmo é verdadeiro se você quiser aprender sobre as tendências de um setor ou a realidade do dia-a-dia de um trabalho.
Se você quiser começar um novo projeto ou contratar alguém, seus conhecidos são o melhor lugar para começar a procurar, porque você já conhece e confia neles.
Finalmente, se você se preocupa com impacto social, suas conexões são ainda mais importantes. Em parte, isso acontece porque você pode disseminar ideias mais facilmente em sua rede de contatos, além de convencer seus conhecidos da importância destas ideias. Como por exemplo a importância da saúde global ou do bem-estar animal. Mas também porque seu comportamento ajudará a definir as normas sociais em sua rede de contatos, espalhando comportamentos positivos da maneira que acabamos de descrever acima. Por exemplo, se você começar a doar mais, há uma boa chance de mais de uma pessoa se juntar a você.
6.1.Dicas práticas sobre como construir conexões
Networking (ativamente formar redes de contato) soa chato, mas em sua essência, é simples: conhecer pessoas que você gosta, ajudá-las e construir amizades genuínas. Se você encontrar muitas pessoas e encontrar pequenas maneiras de ser útil para elas, então, quando precisar de um favor, terá muitas pessoas para quem recorrer. É melhor, no entanto, ajudar as pessoas sem expectativa de recompensa – isso é o que os melhores networkers fazem e há evidências de que é o que funciona melhor.
Você não precisa conhecer pessoas através de conferências de networking. A melhor maneira de conhecer pessoas é através de amigos em comum – basta pedir uma introdução e explicar por que você gostaria de conhecer esta pessoa (aqui estão alguns scripts de e-mail). Alternativamente, você também pode conhecer pessoas através de interesses em comum.
Quando você conhece uma nova pessoa, um hábito útil é o “favor de cinco minutos”. Pense o que você pode fazer em apenas cinco minutos para ajudar essa pessoa e faça-o Dois dos melhores favores de cinco minutos são apresentar um novo contato (auxiliando na rede de contatos de seu novo conhecido), ou contar sobre um livro ou outro recurso útil. Um novo contato pode mudar a vida de alguém, e fazer o favor de apresentar dois conhecidos custa quase nada.
No entanto, ainda é preciso esforço para alcançar as pessoas. No longo prazo, é ainda melhor desenvolver hábitos que permitam criar conexões automaticamente. Por exemplo, junte-se a um grupo que se reúne regularmente ou conviva com pessoas que têm muitas pessoas para visitar. Começar um projeto paralelo a sua carreira pode funcionar muito bem – ele oferece uma boa razão para conhecer pessoas e trabalhar com elas, criando conexões mais significativas. Por exemplo, um de nossos leitores, Richard, iniciou o Good Technology Project, que permitiu que ele conhecesse todos os tipos de pessoas interessantes em tecnologia de impacto social.
Não se esqueça que você quer profundidade e amplitude em suas conexões – é útil ter alguns aliados que o conhecem muito bem e podem ajudá-lo em situações difíceis, mas também é útil conhecer pessoas em muitas áreas diferentes, assim você pode encontrar diversas perspectivas e oportunidades – há evidências de que ser a “ponte” entre os diferentes grupos é o que é mais útil para conseguir empregos.
Elabore uma lista dos seus cinco principais aliados e, em seguida, mantenha-se em contato com eles regularmente. Mas pense também em como encontrar novos tipos de pessoas para se adaptar.
Em um artigo posterior, abordaremos a melhor maneira de melhorar suas conexões: participar de uma comunidade.
Leia mais sobre:
- Capítulo 4 do The Startup of You pelo fundador do LinkedIn, Reid Hoffman.
- Give and Take, do professor Adam Grant, que fala sobre como as pessoas mais bem-sucedidas são aquelas com uma mentalidade de doar-se, em parte porque as ajuda a construir mais conexões.
- Never Eat Alone, por Keith Ferrazzi. O tom não é para todos, mas compartilha a mesma abordagem que a relatada acima, e também tem muitas dicas táticas.
- How to make friends as an adult, um breve ensaio sobre como não desperdiçar seu tempo.
7. Considere se mudar
Você deve se deslocar para o centro do seu setor?
Outra maneira de melhorar muito suas conexões é mudar de cidade. Na verdade, decidimos recentemente transferir 80.000 horas de Oxford no Reino Unido para perto do Vale do Silício para que pudéssemos fazer parte da comunidade de startups de lá.
Apesar do aumento do trabalho remoto, ainda é verdade que as indústrias se agrupam em determinadas áreas. Por exemplo, vá para o Vale do Silício se seu interesse é tecnologia, Los Angeles se é entretenimento, Nova York se é publicidade / moda / finanças, Boston ou Cambridge (Reino Unido) se se interessa por ciência, Londres se por finanças e assim por diante.
Nesses clusters (áreas onde se aglomeram empresas de determinado setor), é muito mais fácil criar conexões profissionais e há mais trabalhos. De fato, em algumas indústrias, as posições mais altas hierarquicamente só existem em certas regiões. Três quartos do pessoal empregado na indústria do entretenimento nos EUA vivem em Los Angeles.10 Existem também diferenças significativas de remuneração entre as regiões, que geralmente são maiores do que as diferenças no custo de vida.
Mas isso é apenas parte do que há de especial nessas regiões. As dez maiores regiões econômicas urbanas do mundo detêm apenas 6,5% da população mundial, mas respondem por 57% das inovações patenteadas, 53% dos cientistas mais citados e 43% da produção econômica.11 Isso sugere que, em termos de inovação e produção econômica, as pessoas nessas regiões são cerca de oito vezes mais produtivas do que a média das pessoas.
Essas regiões em 2008 foram: (1) Grande Tóquio (2) Corredor Boston-Washington (3) Região entre Chicago Pittsburgh (4) Amsterdã-Bruxelas-Antuérpia (5) Osaka-Nagoya (6) Londres e Sudeste da Inglaterra (7) Região entre Milão e Turim (8) Região entre Charlotte e Atlanta (9) Sul da Califórnia (entre Los Angeles e San Diego) (10) Região entre Frankfurt e Mannheim. Vale do Silício, Paris, Berlim e Denver-Boulder também merecem uma menção por apresentarem algumas das maiores taxas de inovação por pessoa.
Não está claro exatamente por que essas áreas são tão produtivas, mas pelo menos parte da explicação parece ser que a inovação vem de estar em estreita comunicação com outros inovadores. A cultura e as normas sociais também podem ser importantes. Se isso for verdade, então sugere que você terá mais chances de progredir se mudar para essas regiões. Já aconselhamos pessoas que tiveram grandes impulsos em suas carreiras depois de se mudarem para a cidade. (Leia mais sobre isso em Triumph of the City, de Edward Glaeser).
Você deveria se mudar para a Tailândia?
A estratégia oposta é se mudar para algum lugar divertido e barato. Isso é mais fácil do que nunca devido ao aumento do trabalho remoto (trabalho de casa) e pode ser bom para a qualidade de vida. Também é bom se você quiser que suas economias durem mais tempo para financiar um novo projeto ou estudo. Leia mais. No entanto, devido às razões expostas acima, alguém ambicioso no início de sua carreira pode ser melhor sucedido se se mudar para o centro de sua indústria.
Outros fatores
Sua localização é importante de muitas outras maneiras. Uma pesquisa com 20.000 pessoas nos EUA descobriu que a satisfação em relação ao local em que se vive era um componente importante de satisfação geral.10
Isto é porque onde você mora determina muitos aspectos importantes da sua vida. Determina os tipos de pessoas com quem você passará tempo. Ele determina o seu ambiente diário. Ele até determina sua segurança na aposentadoria – o maior investimento financeiro da maioria das pessoas é em sua casa, e diferentes regiões têm diferentes mercados imobiliários.
O principal custo de mudar de cidade reside na sua vida pessoal. Leva muito tempo para construir uma rede de amigos e você provavelmente deixará para trás parentes. Como relacionamentos próximos talvez sejam o ingrediente mais importante da satisfação com a vida, esse não é um custo trivial.
Se você não se sente bem com a vida social em sua cidade natal, é mais provável que você ganhe no geral. Outra opção é se mudar, e permanecer na nova cidade por alguns anos para construir suas conexões, e então depois voltar para sua cidade natal mais tarde. Ou, se você não puder se mudar, ainda poderá visitar periodicamente o cluster do seu setor.
Se você estiver indeciso sobre onde morar, o ideal é passar alguns meses morando em cada local.
Se você gostaria de aprender mais sobre este tópico, recomendamos o livro Who’s Your City, de Richard Florida. No apêndice, ele tem um cartão de pontuação que você pode usar para classificar diferentes cidades com base nos preditores de satisfação pessoal em relação ao local. Embora note que nós não temos muita confiança em seus rankings de locais (por exemplo, ver esta crítica), além disto os dados são de 2008. Também indicamos o ensaio de Paul Graham sobre o assunto. Listamos onde nossa comunidade está agrupada aqui.
8. Use essas dicas para economizar mais dinheiro
Recomendamos poupar dinheiro suficiente para que você possa viver confortavelmente por pelo menos seis meses se não tiver renda, mas idealmente manter um bom nível de vida por 12 meses sem renda. Em primeiro lugar, porque lhe dá segurança. Em segundo lugar, porque lhe dá a flexibilidade para fazer grandes mudanças na carreira e assumir riscos. Exatamente o quanto poupar depende de quão facilmente você poderia encontrar outro emprego. (Leia mais sobre o quanto você pode precisar para manter-se sem renda por certo período de tempo). É aconselhável também economizar cerca de 15% de sua renda para a aposentadoria.
Então, como você pode economizar dinheiro?
- Salvar automaticamente. Configure um débito direto da sua conta principal para uma conta de poupança, assim este dinheiro não estará tentadoramente a vista no seu dia-a-dia..
- Concentre-se em grandes vitórias. Em vez de economizar constantemente, identifique uma ou duas áreas do seu orçamento onde você pode cortar, e que terá um grande efeito geral em suas finanças. Muitas vezes, reduzindo o gasto com aluguel ao mudar-se para outro lugar menor, ou mesmo compartilhando uma casa com outra pessoa pode ter um efeito tremendo.
- Mas cuidado com a troca de dinheiro por tempo. Suponha que você economizasse US $ 100 por mês mudando-se para algum lugar com uma hora a mais de trajeto até seu trabalho. Em vez de perder tempo com este novo trajeto, talvez você possa gastar esse tempo trabalhando mais, aumentando sua probabilidade de ser promovido ou de ganhar salários extras. Você só precisaria ganhar US $ 5 / hora para equilibrar o aluguel mais caro.
- Até que você tenha guardado dinheiro o suficiente para seis meses, corte suas doações de volta para 1%.
- Para mais dicas, veja o livro Mr Money Mustache e o livro de Ramit Sethi, I Will Teach You to Rich. Infelizmente, o tom destes livros não é para todos, mas eles têm as melhores dicas que encontramos.
Tenha em mente que pode ser mais eficaz se concentrar em ganhar mais, ao invés de gastar menos, especialmente através da negociação do seu salário.
Quando você estiver economizando 15% e tiver juntado dinheiro suficiente para se manter por 6 a 12 meses, passe para a próxima etapa.
(Para mais informações sobre finanças pessoais para pessoas que querem doar para caridade, consulte este guia introdutório e este guia avançado).
9. Experimente esta lista de maneiras de se tornar mais produtivo

Você pode encontrar muitos artigos sobre quais habilidades são mais demandadas pelos empregadores – marketing, programação ou ciência de dados? Mas o que as pessoas não falam com tanta frequência são as habilidades que são úteis em todos os trabalhos.
Um exemplo é a produtividade pessoal – os modos de se construir hábitos e técnicas que permitem que você seja mais eficaz, não importa qual seja seu objetivo.
Aqui está um exemplo: intenções de implementação. Em vez de dizer “vou me exercitar todos os dias”, defina um gatilho específico para a atividade física, como “Quando chego em casa do trabalho, a primeira coisa que faço é colocar meus tênis e sair correndo”. Essa técnica surpreendentemente simples faz parte de uma grande meta-análise para tornar as pessoas muito mais propensas a atingir seus objetivos – em muitos casos, cerca de duas vezes mais produtivas (tamanho do efeito de 0,65)12.
Esta seção também ajudará você a implementar o restante dos conselhos dentro deste artigo. Quer socializar mais? Use uma tática de comprometimento, para “forçar-se” a socialização. Quer ser mais focado quando você estuda? Organize seu tempo, agrupando temas similares a serem estudados no mesmo espaço de tempo. Quer desenvolver sua gratidão? Crie uma lista, e adicione a ela diariamente motivos por ser grato
O que se segue é uma lista de técnicas de produtividade que aparentam ser mais úteis para as pessoas com quem trabalhamos. Esta seção em particular não é baseada em evidências, mas tudo bem, porque você pode testar estas técnicas rapidamente e ver se consegue de fato progredir. Trabalhe com estas técnicas uma de cada vez, experimente-as e passe várias semanas em cada uma delas até construir novos hábitos.
- Aqui estão algumas dicas sobre como ater-se a seus objetivos. Se você está tendo problemas para começar, comece por aqui.Primeiro, use “intenções de implementação”, conforme abordamos acima.Segundo, você pode tornar as intenções de implementação ainda mais eficazes: (i) imaginando que você não consegue atingir uma meta, (ii) tentando descobrir por que falhou, e (iii) modificando seu plano até ter certeza de que será bem-sucedido. Então, neste caso, é o pensamento negativo que é mais eficaz. Você pode ler mais em Rethinking Positive Thinking do Professor Gabriele Oettingen.Em terceiro lugar, conhecemos muitas pessoas que advogam em favor de técnicas de comprometimento, como Beeminder e StickK. Leia mais sobre. Para aprofundar-se em como se tornar mais motivado, confira The Motivation Hacker, um breve análise popular de Nick Winter, e The Procrastination Equation do professor Piers Steel.
- Elabore um método para rastrear todas as suas pequenas tarefas, como uma versão simplificada do sistema Getting Things Done (a maioria das pessoas acha esse sistema um pouco exagerado). Isso ajuda você a evitar esquecer coisas e proporciona (alguma) paz de espírito.
- Faça uma auto-análise geral de cinco minutos no final de cada dia. Você pode colocar todos os outros tipos de hábitos úteis nesta auto-análise, por exemplo, um diário de gratidão, um acompanhamento do seu nível de felicidade e auto-satisfação, uma revisão sobre o que aprendeu em cada dia. Você também pode usar essa auto-análise para definir sua principal prioridade no dia seguinte, muitas pessoas acham útil se concentrar nisso primeiro e evitar procrastinação (uma técnica que tem sido chamada de “eating a frog”).
- A cada semana, reserve uma hora para revisar suas principais metas e planeje o resto da semana. (E faça o mesmo mensalmente e anualmente.) Aqui está um exemplo.
- Organize seu tempo, por exemplo, organize-se de modo a ter todas as suas reuniões em um ou dois dias, depois reserve períodos de tempo bem delimitados para um trabalho concentrado sem reuniões ou distrações relacionadas ao trabalho ou não; Limpe a caixa de entrada de seu e-mail uma vez por semana. Paul Graham discute isso em seu ensaio, Maker’s schedule, manager’s schedule. A razão de salientarmos isto é porque reduz os custos de troca constantes de tarefas, assim como resíduos de atenção (attention residue, que é a atenção dispersa em várias tarefas diferentes, dificultando o foco numa tarefa, ao manter atenção em tarefas recentemente concluídas, ou mesmo em tarefas a serem executadas num futuro breve) Mais detalhes sobre isso podem ser encontrados em Deep Work de Cal Newport.Além disso, considere a definição de um número fixo de horas para o trabalho (por exemplo, tenha um limite rígido de interrupção do trabalho às 18h). Muitas pessoas descobriram que isso as torna mais produtivas durante as horas de trabalho, ao mesmo tempo em que reduzem as chances de se esgotar e negligenciar sua vida social. Leia mais sobre.
- Seja mais focado usando a técnica Pomodoro. Sempre que você precisar trabalhar em uma tarefa, defina um temporizador e concentre-se apenas nessa tarefa por 25 minutos. É difícil imaginar uma técnica mais simples, mas muitas pessoas acham que isso ajuda a superar a procrastinação e a ser mais focado, fazendo uma grande diferença em quanto pode ser feito a cada dia. A professora Barbara Oakley recomenda em seu curso Learning how to learn.
- Construa uma rotina diária regular, que você pode usar para completar outras tarefas automaticamente, por exemplo, sempre exercitar assim que chegar em casa. Muitas pessoas acham que ter uma boa rotina matutina é especialmente importante, porque isso faz com que você tenha um bom começo de dia.
- Elabore métodos para cuidar das tarefas do dia-a-dia, tornando-as mais simples, para liberar sua atenção, como comer a mesma coisa no café da manhã todos os dias.
- Bloquear mídia social. As redes sociais são projetadas para serem viciantes, por isso podem arruinar seu foco. Mudar frequentemente de tarefas o torna menos produtivo devido ao resíduo de atenção. Por esse motivo, muitas pessoas buscam bloquear as mídias sociais durante o horário de trabalho, ou por um determinado período de tempo todos os dias, para aumentar sua produtividade. Um recente estudo cuidadosamente conduzido até encontrou evidências sugestivas de que usar o Facebook deixa as pessoas menos felizes.13Considere estas ferramentas de administração do tempo: Rescue Time, Freedom ou (OFFTIME). Ou recompense-se por um trabalho direcionado com aplicativos como o Forest.
Uma quantidade enorme foi escrita sobre todas essas idéias. Esperamos que isso lhe dê uma ideia do que está por aí e algumas formas de começar. Quando você passar alguns meses incorporando alguns desses hábitos em suas rotinas, passe para a próxima etapa.
10. Aprenda a aprender

Outra habilidade que irá ajudá-lo em todos os trabalhos é aprender como aprender.
Surpreendentemente, você pode se tornar muito mais rápido no aprendizado. Um exemplo é a repetição espaçada. Se você está tentando memorizar algo, como uma palavra em um idioma estrangeiro, pesquisas mostram que há uma frequência ideal para se revisar a palavra aprendida, e retomar o aprendizado. Se você usar essa frequência, poderá memorizá-la com muito mais rapidez. Agora existem ferramentas que irão ajudá-lo neste sentido, como Anki para fazer seus próprios flashcards e Memrise para cartões pré-preparados.
Existem muitas outras técnicas. Nossa principal recomendação nessa área é o curso Aprendendo como Aprender no Coursera, da professora Barbara Oakley, que agora é o curso on-line mais visto de todos os tempos. Você também pode ler o livro em que se baseia, A Mind for Numbers.
Outra habilidade fundamental é aprender a construir novos hábitos, já que é isso que você precisa para dominar todo o resto nesta lista. Recomendamos o curso de Tiny Habits de BJ Fogg em Stanford. Confira também o guia de Leo Babauta para desenvolver hábitos em The Power of Less, que é resumido aqui.
Finalmente, Peak, do Professor K. Anders Ericsson, é um livro fascinante sobre a importância de desenvolver de conhecimentos especializados e como pratica-los de maneira mais eficaz. Em resumo, você precisa ter (i) objetivos específicos, focados em melhorar seus pontos fracos, (ii) feedback rápido sobre seu desempenho, (iii) foco intenso na tarefa e (iv) um bom orientador ou professor. Muitas pessoas passaram milhares de horas dirigindo, mas isto não significa que possam ser considerados experts na direção. Isto é porque eles não incluem esses elementos em sua prática, e sua habilidade rapidamente cessa de evoluir. É assim também para muitas pessoas em muitos trabalhos diferentes.
Deliberate Performance é um ótimo trabalho de Fadde e Klein sobre como transformar qualquer atividade em prática que melhore suas habilidades. Confira um resumo.
Depois de ter aprendido o básico, continue aprendendo habilidades mais específicas, conforme abordamos nas próximas duas etapas.
11. Seja estratégico sobre como ter um melhor desempenho no seu trabalho
Como você pode ter um melhor desempenho no seu trabalho? Como falamos anteriormente, ser bom em seu trabalho traz benefícios adjacentes – você terá melhores conquistas e conexões, aumentará seu capital de carreira; você ganhará um senso de maestria, deixando-o mais satisfeito, e terá um impacto mais positivo no mundo a sua volta.
Trabalhar com mais afinco ajuda – ir 10% além do que todo mundo está fazendo geralmente é tudo que é necessário para se destacar. Mas é melhor trabalhar de maneira mais inteligente do que com maior esforço.
Uma questão-chave a ser feita é “o que é realmente necessário para avançar, em sua atual posição?” É fácil se distrair, mas geralmente há apenas algumas coisas que realmente importam. Para um vendedor, é o rendimento que conseguem. Para um acadêmico, são quantos bons artigos eles publicam.
Converse com pessoas que tiveram sucesso na sua área e tente identificar no que consiste esse sucesso. Não confie apenas no que eles dizem, tente descobrir o que eles realmente fizeram. Depois, usando o material da seção 10, descubra como dominar as práticas necessária para obter sucesso. Tente reduzir o resto.
Para saber mais, recomendamos o trabalho de Cal Newport: So Good They Can’t Ignore You, Deep Work e seu curso on-line Top Performer. Você pode ver algumas das principais ideias nesta série de postagens: 1, 2, 3.
12. Use a pesquisa acerca de tomada de decisões para pensar melhor

Outro exemplo de habilidade que é útil em todos os trabalhos, mas geralmente não discutido, é a habilidade de ponderar razoavelmente. Pesquisas recentes sugerem que a inteligência e a racionalidade são distintas – talvez por isso as pessoas espertas muitas vezes tomam decisões idiotas – mas, felizmente, a racionalidade não é tão difícil de se treinar.14
A clareza de pensamento também é especialmente importante se você quiser tornar o mundo um lugar melhor. Como mostramos no restante de nosso guia, ter um grande impacto social exige tomar muitas decisões difíceis e superar nossos vieses naturais.
Então, como você pode se tornar mais racional?
Em parte, envolve a construção de melhores hábitos de pensamento. Décadas de pesquisa mostraram que muitas vezes tomamos decisões erradas devido a vieses cognitivos, como os mencionado aqui. Você pode ler mais sobre esta pesquisa no livro Thinking Fast and Slow de Daniel Kahneman.
Felizmente, existem alguns hábitos que podem ajudá-lo a superar esses vieses. Por exemplo, vários estudos de tomada de decisão descobriram que as decisões “sim ou não” – aquelas que consideram apenas uma opção – eram muito menos prováveis de serem julgadas bem sucedidas do que aquelas onde várias opções eram comparadas simultaneamente. Isso sugere um hábito simples de sempre considerar pelo menos duas opções quando você toma decisões. Este e muito mais conselhos são abordados em Decisive by Chip e Dan Heath. Também temos uma lista grande de técnicas para tomar decisões relativas a carreira de modo racional.
Há também novas pesquisas fascinantes sobre como fazer previsões melhores, resumidas em Superforecasting pelo professor Philip Tetlock. Você pode praticar essa habilidade fazendo previsões em um torneio público de previsão, vendo como você se sai, e tentar melhorar. Você também pode tentar este jogo. Saiba mais em nosso podcast com o autor de Superforecasting, Philip Tetlock.
Para entender com precisão o mundo ou prever o futuro, é importante usar a “questão da evidência” (ou o teorema de Bayes) para atualizar suas opiniões da maneira correta, à medida que encontrar novas evidências. É tão útil, que fizemos um episódio do nosso podcast sobre isso: Quanto você deve mudar suas crenças com base em novas evidências? Dr. Spencer Greenberg sobre a abordagem científica para resolver questões cotidianas difíceis.
Finalmente, você pode se tornar melhor em tomar decisões construindo seu kit de ferramentas de conceitos e modelos mentais. Isso significa entender as grandes ideias em todos os campos. O membro da equipe de 80.000 horas, Peter McIntyre, criou uma lista de 52 conceitos-chave, a qual você pode se inscrever para receber por e-mail.
É particularmente importante entender o básico em estatística e em análise de decisão. Um ótimo livro sobre como usar uma abordagem racional para problemas complicados é How to Measure Anything, de Douglas Hubbard.
Se você quiser aprofundar ainda mais a sua racionalidade, confira os cursos gratuitos sobre o Clearer Thinking.
13. Considere ensinar a si mesmo essas outras habilidades úteis de trabalho
Se você não está aprendendo nada diretamente do seu trabalho, então você pode estudar paralelamente.
Isso é mais fácil do que nunca graças ao enorme crescimento de cursos on-line baratos, como o Udacity, o Coursera e o EdX.
Mas muitas vezes a maneira mais rápida de se aprender uma habilidade é simplesmente usá-la, enquanto obtém feedback de alguém mais experiente. Então, ao invés de um estudo solitário, tente incorporar novas habilidades em seu trabalho do dia-a-dia ou iniciar um projeto paralelo. Por exemplo, se você quer aprender web design, então se ofereça para criar uma página para um grupo com o qual você esteja envolvido. Desenvolver e efetuar projetos também é muito mais motivador do que tentar aprender de maneira abstrata. Finalmente, não esqueça de aplicar todos os conselhos da seção 10 acima.
Quais habilidades são melhores para aprender? Fizemos uma análise de quais habilidades de trabalho são mais úteis nos trabalhos mais desejados, descobrimos que de modo geral as melhores são:
- Análise, incluindo tomada de decisão, pensamento crítico e resolução de problemas.
- Potencial para aprender novas habilidades e informações.
- Habilidades sociais, incluindo comunicação por meio da fala, escuta ativa, percepção social e persuasão.
- Gerenciamento, incluindo gerenciamento de tempo, monitoramento de desempenho, e coordenação de pessoas.
Poderíamos classificar de modo geral estas habilidade como habilidades de “liderança”. O problema é que essas habilidades são difíceis de melhorar. Você teve que tomar decisões e falar com as pessoas durante toda a sua vida, e formas bem estabelecidas para treinar essas habilidades nem sempre existiram. Compare isso com programação de computadores: você pode ir do zero a ter habilidades úteis em um ano ou dois de prática.
Então o que fazer? Nossa sugestão é pegar maneiras fáceis de melhorar estas habilidades de alto nível listadas acima, assim como nas formas abordadas anteriormente neste artigo, e só depois disso focar em habilidades técnicas.
Dentro das habilidades técnicas, recomendamos especialmente aquelas relacionadas a indústria de software, porque esta industria tem importância crescente na economia mundial. Isso inclui engenharia de software, ciência de dados, estatística, marketing digital e design de software.
Você também precisa considerar seu ajuste pessoal. Algumas habilidades serão mais rápidas para você aprender do que outras, e isso tornará seus esforços mais eficazes. E você precisa considerar quais habilidades serão mais úteis nas opções que você desejar seguir no futuro.
Quais combinações de habilidades são as melhores?
Considere se deve se concentrar em uma habilidade principal ou explorar muitas habilidades diferentes Em algumas áreas, o sucesso é mais uma questão de ser excepcional em uma coisa, por exemplo, a progressão na carreira acadêmica depende principalmente da qualidade de suas publicações. Se você está olhando para esse tipo de área, concentre-se apenas em ficar bom nessa habilidade específica requerida. Ter uma conquista impressionante também costuma ser mais útil para abrir portas do que várias conquistas medianas.
No entanto, em outras áreas, é útil ter uma combinação incomum de habilidades e se tornar a melhor pessoa dentro desse nicho. Por exemplo, o criador de Dilbert, Scott Adams, atribui seu sucesso a ser bastante bom em contar piadas, desenhar desenhos animados e conhecer o mundo dos negócios. Há muitas pessoas melhores que ele em cada habilidade especificada, mas na combinação das três ele é um dos melhores do mundo.
Dito isso, nem todas as combinações de habilidades são valiosas. Não podemos dar conselhos diretos e rápidos sobre quais combinações são melhores, ou se devemos nos concentrar em uma única habilidade ou um portfólio.
No entanto, uma combinação que parece ser valiosa é a combinação de habilidades matemáticas / técnicas e habilidades sociais. À medida que a tecnologia melhora, há cada vez mais demanda por pessoas que podem trabalhar na interseção de pessoas e tecnologia, porém as pessoas geralmente se especializam em uma ou outra, então há uma escassez de pessoas que são boas em ambas.15
Como melhorar essas habilidades?
O ideal é encontrar um projeto em que se use as habilidades, e onde você pode receber feedback de um mentor. Complemente isso com materiais de aprendizado de alta qualidade, como os seguintes:
- Tomada de decisão – abordada na seção 12
- Aprendendo a aprender – abordado na seção 10
- Habilidades sociais – abordadas na seção 5
- Produtividade pessoal – abordada na seção 9
- Gerenciamento – coberto abaixo
- Vendas e negociação – abordadas abaixo
- Competências técnicas na indústria de software – temos alguns conselhos no artigo de capital de carreira; considere estudá-los na universidade; e além disso, há muitos bons materiais online.
Gerenciamento é talvez a mais fácil de aprender dentre as habilidades de “liderança”, pois há muitos hábitos e processos concretos que você pode aprender:
- Uma boa introdução ao gerenciamento básico é o podcast Manager Tools “Basics”, que também foi transformado em um livro.
- O bom gerenciamento é baseado em orientação, e uma boa introdução é Coaching for Performance, de John Whitmore;
- Existem muitos processos de gerenciamento úteis, incluindo The 4 Disciplines of Execution, de Sean Covey e Scrum, do Sutherlands.
- Para obter conselhos mais acadêmicos e baseados em evidências, confira o The Handbook of Principles of Organizational Behaviour, do principal pesquisador de administração Edwin Locke. O Google também tem pesquisas interessantes.
Em vendas, persuasão e negociação, alguns dos melhores embasamentos teóricos que encontramos são:
- Grande parte de uma boa venda vem da tentativa genuína de construir bons relacionamentos com os clientes e beneficiá-los – por isso, confira nossos conselhos sobre como construir conexões em uma seção anterior.
- Spin Selling de Neil Rackham. O título pode soar terrível, mas na verdade é o recurso mais baseado em evidências que encontramos. Rackham estudou os principais vendedores, viu quais técnicas eles usavam, treinou pessoas nessas técnicas e realizou ensaios controlados e randomizados sobre os resultados. No entanto, note que os conselho contidos neste livro são bastante antigos e amplamente conhecidos.
- Influence por Robert Cialdini visa resumir o que a pesquisa em psicologia pode nos dizer sobre a persuasão.
- To Sell is Human por Dan Pink, que também analisa o que a pesquisa pode dizer sobre como vender.
- Getting Past No de William Ury é um dos livros clássicos sobre técnicas de negociação. As técnicas não foram rigorosamente testadas, mas ainda não temos conhecimento de nenhum aconselhamento de negociação baseado em evidências.
14. Siga estas etapas para dominar um campo e fazer contribuições criativas
Depois de ter passado pelas etapas mais simples acima e explorado áreas diferentes, uma etapa final a se considerar é se tornar um líder reconhecido em relação a um valioso conjunto de habilidades, ou mesmo dentro de uma área problemática. É aqui que você obtém a profunda satisfação da maestria e pode causar um grande impacto em um campo. Embora os pontos anteriores possam ser trabalhados em alguns anos, alcançar a liderança numa área geralmente leva décadas.
Então, como você pode se tornar um especialista? Este é um assunto de grande debate.
Uma crença comum é que, em todas as áreas, existem algumas pessoas que são naturalmente dotadas de grande talento, e podem atingir o domínio com facilidade. O pesquisador mais famoso no estudo do desempenho de especialistas, K. Anders Ericsson, no entanto, na maior parte desmascarou essa ideia (como abordamos no artigo anterior sobre capital de carreira). Para qualquer área onde existam grandes diferenças em habilidade, as pessoas de melhor desempenho tiveram uma enorme quantidade de prática focada, geralmente guiada pelos mestres e professores mais proeminentes na área.. Prodígios infantis, como Mozart, progrediram praticando muito desde muito jovens.
No entanto, ainda há debate sobre se a prática é a principal coisa que você precisa, ou se o talento também é importante.16 Dado que ainda não existe um consenso, pensamos que a posição mais razoável é assumir que ambos são importantes.
Então, isso significa que, para se tornar um especialista, você precisa de quatro coisas:
- Talento para a área.
- As técnicas de treinamento e orientação corretas.
- 10 a 30 anos de prática focada.
- Sorte.
Quanta prática é necessária depende da área. Há evidências de que é mais importante em domínios previsíveis e bem estabelecidos. Em áreas mais novas, você pode chegar à frente mais rapidamente.17
Então, como você deve escolher onde se concentrar?
Primeiro, se você vai gastar décadas de trabalho, você vai querer escolher uma área que seja valiosa. Veja nosso material sobre quais problemas globais são mais importantes, quais habilidades são mais valiosas (veja a seção 13 acima) e carreiras de alto impacto.
Em segundo lugar, você quer escolher uma área onde você tenha uma chance razoável de obter expertise. Um atalho aqui é focar em um campo que é novo e negligenciado, onde será então muito mais fácil de ficar na vanguarda. Por exemplo, achamos que a GiveWell se estabeleceu como especialista em avaliação de organizações em cerca de cinco anos, apesar de seus fundadores terem pouca experiência no setor.
Além disso, como abordamos no artigo sobre ajuste pessoal, é difícil prever de antemão quem terá melhor desempenho. Então, achamos que a melhor abordagem é tentar várias áreas. Veja dicas sobre como explorar.
Então, depois que você tentou várias áreas, com base em nossa interpretação das pesquisas disponíveis, sugerimos um processo como este:
- Descubra o que mais te motiva. Estar motivado é necessário para o sucesso (embora não seja suficiente).
- Descubra onde você melhora mais rápido. A melhoria rápida é um dos principais sinais de talento.
- Fale com especialistas e peça uma avaliação honesta do seu potencial.
- Se disponível, procure preditores objetivos de sucesso, por exemplo, entrar em um programa de doutorado de alto nível é um preditor de sucesso em pesquisa; Em alguns esportes, você precisa começar por uma certa idade. Aplique os conselhos disponíveis na seção 12 acima, sobre fazer previsões melhores.
- Depois de identificar uma área em que você tem um potencial excepcionalmente bom, talvez seja hora de se comprometer. Nesse ponto, aplique toda a pesquisa sobre como aprender efetivamente que abordamos na seção 10 sobre aprender a aprender.
- Esteja preparado para anos de trabalho árduo, mas tenha em mente que o seu interesse na área provavelmente crescerá à medida que você ganha maestria, e você começar a usar suas habilidades para ajudar os outros.
Para aprender mais sobre como desenvolver expertise, nós recomendamos Peak de K. Anders Ericsson (embora tenha em mente que ele é o maior defensor de que prática é mais relevante que o talento). Nós também recomendamos Grit, de Angela Duckworth, que é sobre como desenvolver sua paixão e perseverança.
Depois de se tornar um especialista, o que então? Use suas habilidades para resolver os problemas mais urgentes do mundo. Faça aquilo que contribui.
Você pode aprender mais sobre o que cada problema mais necessita em nossos perfis de problemas, mas uma maneira fundamental com que os especialistas contribuem é criar novas soluções sobre as quais ninguém pensou antes. Infelizmente, não temos conhecimento de muito bons conselhos sobre como ser mais inovador, mas nossa principal recomendação é o livro Originais do professor Adam Grant.
15. Trabalhe em se tornar uma pessoa melhor

Em última análise, tudo dito acima não vale muito se você não usá-lo para bons fins.
Ao sugerir que você deva buscar se tornar uma pessoa melhor, queremos dizer que você deve passar a entender melhor seus próprios valores, levando sua vida de acordo com eles e tendo uma vida com propósito.
Tornar-se uma boa pessoa é uma jornada pra toda vida. Aqui estão alguns passos a serem considerados:
- Tire um tempo para refletir sobre seus valores e objetivos. Achamos útil reservar algum tempo a cada ano para refletirmos e identificarmos nossos valores, verificar se estamos vivendo de acordo com eles e descobrir quais devem ser nossos principais objetivos para o próximo ano. Aqui está um processo para fazer isso por Alex Vermeer. Por “valores”, queremos dizer basicamente no que você acha que consiste uma vida boa. Para tornar mais claro, pergunte-se repetidamente por que você está perseguindo seus objetivos, até um ponto em que que você não consiga pensar em nenhuma razão mais profunda. Ou imagine que você irá morrer em um ano e pense no que faria no tempo restante. Em se tratando de suas metas, procure as menores coisas que você pode fazer, que em contrapartida terão o maior impacto. Não escolha muitas. É útil conversar sobre tais pontos com um amigo próximo.
- Leia o que já foi escrito sobre ser uma boa pessoa. As pessoas têm pensado sobre essas questões há milênios, portanto, não tente descobrir por auto-reflexão. Em particular, é útil conhecer o básico sobre filosofia moral. Uma introdução clássica à filosofia moral prática é o livro Ética Prática, de Peter Singer, embora esteja advertido de que ela chega a algumas conclusões controversas, que não necessariamente endossamos. Você pode querer explorar algumas tradições espirituais importantes (pessoalmente, nossa escolha seria aprender sobre meditação e budismo secular, como este curso sobre Budismo e Psicologia Moderna e Despertar(Walking Up) por Sam Harris). Desafie permanentemente seus pontos de vista e procure as maneiras pelas quais você possa estar errado.
- Construa seu caráter dia a dia. Com isso, queremos sugerir que desenvolva pontos fortes como coragem, autocontrole, humildade, gratidão, bondade, inteligência social, curiosidade, honestidade e otimismo. Esses pontos fortes são vitais para ter uma vida plena e bem-sucedida, além de poder ajudar aos outros. Você pode construir seu caráter cercando-se de pessoas que você deseja imitar (como na seção 6), assim como construindo pequenos hábitos de comportamentos melhores. Por exemplo, se você acredita que em geral é bom ser honesto, então pratique a honestidade em situações triviais diárias. Isso tornará mais fácil fazer a coisa certa quando você estiver realmente tentado a não fazê-la. Você pode ver exemplos da importância do caráter no livro de David Brooks, The Road to Character, que Bill Gates escolheu como um dos melhores livros que leu em 2015.
- Ocasionalmente, realmente desafie a si mesmo – mude de emprego para ajudar aos outros, doe mais, ou posicione-se com relação a algum problema. Você também poderia determinar pra si um grande desafio moral a cada ano.
16.Como ser bem sucedido: os benefícios combinados de investir em você mesmo
Vimos que, mesmo que você não esteja no cargo ideal no momento, ainda há muito que você pode fazer para se tornar mais feliz, mais produtivo e melhor posicionado para ter um impacto positivo no mundo.
Conhecimento e produtividade são como juros compostos. Considere duas pessoas com aproximadamente as mesmas capacidades e que uma delas trabalha 10% mais que a outra: esta última produzirá mais que o dobro da primeira. Quanto mais você souber, mais aprenderá; quanto mais você aprender, mais você poderá fazer; quanto mais você fizer, mais oportunidades surgirão.
– Richard Hamming, Você e Sua Pesquisa
Se você aplicar esse material sobre produtividade e sobre como aprender a aprender, poderá aprender tudo mais rapidamente. Da mesma forma, se você aplicar o material sobre psicologia positiva, ficará mais feliz, o que o ajudará a ser mais produtivo. Se você se cercar de pessoas que lhe apoiem, isso ajudará em tudo o mais, e assim por diante.
Desta forma, ao longo dos anos, você poderá aprender como ser bem-sucedido, construir seu capital de carreira e alcançar muito mais do que imagina.
Sendo assim, escolha uma dessas áreas e comece. (Se você está tendo dificuldades para começar, confira as dicas de motivação na seção 9) !
Em seguida, mostraremos como unir tudo o que abordamos no guia e evitar alguns erros comuns de planejamento.
Em seguida: Parte 10 – Como fazer seu plano de carreira
Antes Faça uma pausa e aprenda como fizemos para aplicar esses conselhos em nossa rotina diária. (Contém ironia).
17.Notas e referências
1. Esta pesquisa é abordada no livro “Repensando o pensamento positivo“, de Gabriele Oettingen. Link, publicado em 10 de novembro de 2015. Você pode ver um resumo popular no New York Times. Oettingen, na verdade, descobre que ao pensar em como você está mais propenso a fracassar você se torna mais propenso a alcançar seus objetivos, de modo que, em certo sentido, o pensamento negativo é mais eficaz nesse contexto. No entanto, existem outros sentidos em que o pensamento positivo é útil. A CBT, como abordamos no artigo, baseia-se na ideia de que muitos problemas de saúde mental são causados por crenças inúteis, que podem ser alteradas ao disputa-las, entre outras técnicas. Também abordamos como a “mentalidade de crescimento” – a crença de que você pode melhorar suas habilidades por meio de treinamento – provavelmente ajudará as pessoas a persistirem diante dos desafios. Deste modo, “pensamento positivo” pode funcionar, mas depende exatamente do que você quer dizer e do contexto.
2. Mas há outro grupo de doadores que eu chamo de “diferente”. Eles estão preocupados em beneficiar os outros, mas também mantêm seus próprios interesses no espelho retrovisor. Eles procurarão maneiras de ajudar os outros que são de baixo custo para si mesmos ou até mesmo grandes benefícios para si mesmos, ou seja, “ganha-ganha”, em oposição a ganhar-perder. Aqui está a ironia. Os doadores desinteressados podem ser mais altruístas, em princípio, porque estão constantemente colocando os interesses de outras pessoas à frente dos seus. Mas meus dados, assim como pesquisas feitas por muitas outras pessoas, mostram que eles são na verdade menos generosos pois acabam ficando sem energia, sem tempo e perdem seus recursos, porque basicamente não cuidam de si mesmos. Os doadores que eu chamo de “diferentes” são capazes de sustentar suas doações, ao procurarem maneiras pelas quais doar pode prejudicá-los menos ou beneficiá-los mais. Extraído de uma entrevista com Adam Grant, da Wharton, onde ele resume sua pesquisa. Link arquivado, recuperado em 6 de abril de 2017. Você pode encontrar mais detalhes em seu livro Give and Take, publicado em 25 de março de 2014.
3. Achamos que é senso comum que saúde, dieta, exercícios e relacionamentos sejam muito importantes para a felicidade do dia-a-dia. Também revisamos a literatura sobre psicologia positiva aqui e achamos que a evidência é a favor dessa ideia, ou pelo menos não a contradiz. Note que não vimos boas evidências diretas de que uma dieta saudável melhora o humor, mas achamos difícil acreditar que ela não melhore a saúde e a energia, o que melhorará o humor a longo prazo.
4. Pesquisas diferentes dão resultados diferentes, mas 20% parece ser uma estimativa razoável. Por exemplo, o Instituto Nacional de Saúde Mental dos EUA diz que 20,1% dos jovens de 18 a 25 anos sofrem de “alguma doença mental”. Link arquivado, recuperado em 22 de março de 2016.
O NIMH também descobriu que 9,3% das pessoas com idade entre 18 e 25 anos sofreram de um grande incidente depressivo nos últimos 12 meses, em comparação com apenas 5,2% para aqueles acima de 50 anos. Link arquivado, recuperado em 22 de março de 2016.
5. O grande estudo a seguir, publicado no Lancet, descobriu que “dor lombar e cervical” foi a principal causa de incapacitação (medida em anos vividos com a incapacitação), em 2005.
Veja a Figura 2, “Incidência global, regional e nacional, prevalência e anos vividos com incapacidade para 310 doenças e lesões, 1990–2015: uma análise sistemática para o Estudo Global da Carga de Doenças 2015”(Global, regional, and national incidence, prevalence, and years lived with disability for 310 diseases and injuries, 1990–2015: a systematic analysis for the Global Burden of Disease Study 2015), Link.
6. A maior parte das dores nas costas é conhecida como “não específica” (não há causa óbvia) ou “mecânica” (a dor origina-se das articulações, ossos ou tecidos moles em torno da coluna).Retirado do Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido, link arquivado, recuperado em 6 de abril de 2017.
7. Neste artigo de revisão altamente citado sobre os benefícios da meditação:Depois de analisar 18.753 citações, incluímos 47 ensaios com 3.515 participantes. Os programas de meditação de tipo mindfulness apresentaram evidência moderada de melhora da ansiedade (tamanho do efeito, 0,38 [95% CI, 0,12-0,64] na 8a semana e 0,22 [0,02-0,43] aos 3-6 meses), depressão (0,30 [0,00-0,59] na 8 semana e 0,23 [0,05-0,42] aos 3-6 meses) e dor (0,33 [0,03- 0,62]) e baixa evidência de melhora da qualidade de vida (relacionada a saúde mental) nas questões relacionadas a estresse/angústia. Encontramos baixa evidência de ausência de efeito ou evidência insuficiente de qualquer efeito dos programas de meditação sobre humor positivo, atenção, uso de substâncias, hábitos alimentares, sono e peso. Não encontramos evidências de que os programas de meditação sejam melhores do que qualquer tratamento ativo (isto é, drogas, exercícios e outras terapias comportamentais).Goyal, Madhav et al. “Programas de meditação para estresse psicológico e bem-estar: uma revisão sistemática e meta-análise.” JAMA medicina interna 174.3 (2014): 357-368. doi: 10.1001 / jamainternmed.2013.13018, link.
Note-se que a maioria dos estudos tratavam sobre saúde mental em vez de bem-estar, o que é uma razão significativa para o resultado nulo.
8. Em seu estudo de 2007, Grant e uma equipe de pesquisadores organizaram um encontro entre empregados de call center que trabalhavam arrecadando doações para um colégio e estudantes que recebiam bolsas de estudo bancadas com tais doações. Não foi uma reunião longa – apenas uma sessão de cinco minutos em que os funcionários puderam perguntar aos alunos sobre seus estudos. Mas no mês seguinte aquela pequena conversa fez uma grande diferença. O call center foi capaz de monitorar tanto a quantidade de tempo que seus funcionários gastaram no telefone quanto a quantia de dólares em doações que eles conseguiram. Um mês depois, os atendentes que haviam interagido com os bolsistas gastaram mais do que o dobro de minutos no telefone e arrecadaram muito mais dinheiro: uma média semanal de US$ 503,22, sendo a média antes da reuião de US$ 185,94.Colocando um rosto em um nome: A arte de motivar funcionários, por Wharton, 2010, link arquivado, recuperado em 5 de abril de 2017.
Em resumo, nossa intervenção forneceu aos participantes uma oportunidade de passar 10 minutos interagindo respeitosamente com apenas um beneficiário de seu trabalho. Um mês depois, ao longo de uma semana, esses empregados gastaram muito mais tempo no telefone e conseguiram um volume significativamente maior de doações do que seus colegas que liam uma carta do beneficiário ou não tinham exposição ao beneficiário. Além disso, a persistência e o desempenho dos empregados nas condições de controle não mudaram, enquanto os empregados na condição de intervenção gastaram 2,42 vezes mais minutos no telefone e obtiveram 2,71 vezes mais dinheiro do que antes da intervenção. Parece que nossa pequena manipulação causou uma grande diferença na motivação do trabalhador.
Adam Grant, Elizabeth M.Campbell, Grace Chen, Keenan Cottone, David Lapedis, Karen Lee (2007), “Impacto e a arte da manutenção da motivação: Os efeitos do contato com beneficiários no comportamento persistente”(Impact and the art of motivation maintenance: The effects of contact with beneficiaries on persistence behavior), Comportamento Organizacional e Processos de Decisão Humana (Organizational Behavior and Human Decision Processes), 103 (1), 53-67. Link arquivado, publicado em maio de 2007.
9. Os pesquisadores não acham que esse efeito é causado pelo fato de que pessoas felizes tendem a sair com outras pessoas felizes – eles usaram algumas técnicas inteligentes para separar a “causação” da correlação. Comportamentos negativos como o tabagismo se espalham de forma semelhante. Nosso palpite é que com quem você gasta tempo é um fator importante em seu crescimento pessoal e caráter.
Fowler, James H. e Nicholas A. Christakis. “Propagação dinâmica da felicidade em uma grande rede social: análise longitudinal ao longo de 20 anos no Framingham Heart Study.” Bmj 337 (2008): a2338. Link arquivado, recuperado em 22 de março de 2016.
10. Os coeficientes de correlação entre a felicidade geral e vários fatores são os seguintes: satisfação financeira (.369), satisfação no trabalho (.367) e satisfação com o local em que vive(.303). Compare isso com a renda (0,153), propriedade de casa (0,126) e idade (0,06).
Esta pesquisa é abordada em “Quem é sua cidade?” por Richard Florida. Link, publicado em 30 de junho de 2009.
Não temos conhecimento de muitas outras pesquisas sobre a importância do local de moradia na satisfação com a vida, portanto, temos apenas uma confiança fraca nesses coeficientes de correlação.
Este livro é também a fonte para a alegação de que três quartos dos artistas americanos vivem em Los Angeles.
11. As dez maiores mega-regiões do mundo abrigam apenas cerca de 416 milhões de pessoas, ou 6,5% da população mundial, mas representam 42,8% da atividade econômica (US$ 13,4 trilhões), 56,6% das inovações patenteadas e 55,6% dos cientistas mais citados.
Flórida, Richard, Tim Gulden e Charlotta Mellander. “A ascensão da mega-região.” Cambridge Journal of Regions, Economy and Society 1.3 (2008): 459-476. Link arquivado, recuperado em abril de 2017.
12. Manter uma forte intenção de realizar as metas (“pretendo alcançar Z!”) não garante a realização das metas, porque as pessoas podem não conseguir lidar eficazmente com os problemas de autorregulamentação durante o esforço para alcança-las. Esta revisão analisa se a realização das intenções postas em metas é facilitada ao antecipadamente formalizar a intenção de implementação, definindo o quando, onde e como do objetivo (“Se a situação Y for encontrada, então iniciarei o comportamento direcionado ao objetivo X!”). Resultados de 94 testes independentes mostraram que as intenções de implementação tiveram um efeito positivo de magnitude média a grande (d = 0,65) na obtenção da meta.Gollwitzer, Peter M. e Paschal Sheeran. “Intenções de implementação e realização de metas: uma meta-análise de efeitos e processos.” Avanços na psicologia social experimental (“Implementation intentions and goal achievement: A meta‐analysis of effects and processes.” Advances in experimental social psychology) 38 (2006): 69-119. http://doi.org/10.1016/S0065-2601(06)38002-1, link arquivado.
13. Estudamos uma amostra única… onde o uso do Facebook foi manipulado por uma mudança na política organizacional da empresa, banindo inicialmente o uso do Facebook e depois restringindo a permissão de uso a apenas algumas pessoas. A atribuição ao grupo de não usuários foi circunstancial… o que torna possível identificar o impacto do Facebook na comparação social e na felicidade. Descobrimos que o uso do Facebook aumenta o engajamento dos usuários na comparação social e, consequentemente, diminui sua felicidade. A comparação social interpõe o efeito do Facebook na felicidade, mas apenas para a metade mais jovem de nossa amostra e apenas para aqueles que acreditam que os outros têm muito mais experiências positivas do que eles. Surpreendentemente, descobrimos que o Facebook não faz com que os usuários superestimem a frequência das experiências positivas de seus amigos.Arad, Ayala, Ohad Barzilay e Maayan Perchick. “O impacto do Facebook na comparação social e na felicidade: evidências de um experimento natural”. (2017). Link.
14. O professor Morewedge e seus colegas descobriram que treinamento em informática levou a reduções estatisticamente grandes e duradouras nos viéses de tomada de decisão. Em outras palavras, os sujeitos foram consideravelmente menos tendenciosos após o treinamento, mesmo dois meses depois do treinamento. As diminuições foram maiores para os indivíduos que receberam o treinamento em informática do que para aqueles que receberam o treinamento em vídeo (embora as diminuições também fossem consideráveis para o último grupo). Embora haja escassa evidência de que qualquer tipo de “treinamento cerebral” tenha algum impacto no mundo real sobre a inteligência, pode muito bem ser possível treinar as pessoas para serem mais racionais na tomada de decisões ”.
A diferença entre racionalidade e inteligência, por David Hambrick e Alexander Burgoyne, (16 de setembro de 2016), no New York Times, Link.
15. David Deming, professor associado de educação e economia da Universidade de Harvard, argumenta que competências sociais (soft skills) tal como capacidade de compartilhar e negociar serão cruciais. Ele diz que o local de trabalho moderno, onde as pessoas se movem entre diferentes papéis e projetos, se assemelha a salas de aula pré-escolares, onde aprendemos habilidades sociais, como empatia e cooperação.Deming mapeou a evolução das necessidades de empregadores e identificou as principais habilidades que serão necessárias para prosperar no mercado de trabalho no futuro próximo. Juntamente com essas habilidades sociais, a capacidade matemática será extremamente benéfica.Relatado pelo Fórum Econômico Mundial, setembro de 2016, link arquivado, recuperado em 5 de abril de 2017. Veja o artigo original: DJ Deming, “A Importância Crescente das Competências Sociais no Mercado de Trabalho”(The Growing Importance of Social Skills in the Labor Market), Universidade de Harvard e NBER, agosto de 2016, link arquivado, recuperado em 13 de abril de 2017. Veja mais detalhes em nossa análise completa de quais habilidades são mais úteis.
16. Ericsson demonstra que para se tornar um expert, alcançando o nível de performance dentre os melhores do mundo, se faz necessário 10 a 30 anos de prática focada. Há um debate se esse nível de prática é, por si só, suficiente para garantir a especialização, mas todos concordam que quase sempre ele é o necessário para garantir tal nível. Mais prática se faz necessária em domínios mais estabelecidos e mais competitivos.
A pesquisa de Ericsson está resumida aqui:
Ericsson, K. Anders, et al., Eds. The Cambridge handbook of expertise and expert performance. Cambridge University Press, 2006.
Ou veja o excelente, novo e popular resumo do mesmo autor, Peak. (Link da Amazon)
Aqui está uma revisão popular por Scott Barry Kaufman que aponta alguns dos limites da prática deliberada: The Complexity of Greatness, Scientific American, Archived link.
Esta meta-análise também descobriu que a prática deliberada explica uma pequena quantidade do desempenho na área profissional e nos estudos. Também explica um melhor desempenho em áreas previsíveis do que nas imprevisíveis.
Macnamara, Brooke N., David Z. Hambrick e Frederick L. Oswald. “Prática deliberada e desempenho em música, jogos, esportes, educação e profissões: uma meta-análise.”(Deliberate practice and performance in music, games, sports, education, and professions: a meta-analysis.) Ciência da psicologia 25.8 (2014): 1608-1618. Link arquivado.
17. Em algumas áreas, os especialistas na verdade não têm nenhum conhecimento especializado. Por exemplo, veja as pesquisas de Tetlock sobre previsões políticas e econômicas feitas por “especialistas” (Link da Amazon), que mostram que suas previsões raramente são mais precisas do que o acaso.
NOTA: essa é uma tradução não oficial do Guia de Carreiras original e pode não corresponder a versão mais atualizada, a qual pode ser acessada em:https://80000hours.org/career-guide/how-to-be-successful/