De Benjamin Todd

trabalho ideal

Todos queremos encontrar um trabalho dos sonhos que seja agradável e significativo, mas o que isso realmente significa?

Algumas pessoas imaginam que a resposta envolva a descoberta da sua paixão através de um insight repentino, enquanto outras acham que os elementos-chave do seu trabalho dos sonhos são que ele seja fácil e tenha um salário alto.

Examinamos três décadas de pesquisa sobre o que leva a uma vida e uma carreira satisfatórias, baseando-nos em mais de 60 estudos, e não encontramos muitas evidências para essas opiniões.

Em vez disso, encontramos seis ingredientes de um trabalho dos sonhos. Eles não incluem a renda e não são tão simples como “siga sua paixão”.

Na verdade, seguir sua paixão pode desencaminhar você. Steve Jobs era apaixonado pelo budismo Zen antes de entrar no ramo da tecnologia. Maya Angelou trabalhou como dançarina de calipso antes de se tornar uma célebre poetisa e defensora dos direitos civis.

Você pode antes desenvolver uma paixão ao fazer um trabalho que você considera agradável e significativo. A chave é tornar-se bom em algo que ajude outras pessoas.

Assista a este vídeo (em inglês) ou leia o artigo completo (20 minutos). Mas se quiser apenas a pesquisa bruta, veja o exame das evidências.

Pontos principais
Para achar um trabalho dos sonhos, procure:

1. um trabalho em que você seja bom;
2. um trabalho que ajude os outros;
3. condições favoráveis: um trabalho envolvente que lhe permita entrar num estado de fluxo, colegas prestativos, ausência de grandes fatores negativos, como pagamento injusto, e trabalho que se encaixe na sua vida pessoal.

1. Onde erramos

A maneira comum como as pessoas tentam descobrir o trabalho dos seus sonhos é imaginar empregos diferentes e pensar sobre o quanto eles parecem satisfatórios. Ou elas pensam em momentos em que se sentiram realizadas no passado e refletem sobre as coisas que lhes parecem mais importantes.

trabalho dos sonhos

XKCD

Se este fosse um guia de carreiras normal, começaríamos sugerindo que você escrevesse uma lista do que você mais deseja de um emprego, como, por exemplo, “trabalhar ao ar livre” ou “trabalhar com pessoas ambiciosas”. O livro de aconselhamento de carreira mais vendido de todos os tempos, What Color is Your Parachute (De que cor é seu paraquedas), recomenda exatamente isso. A esperança é que, no fundo, as pessoas saibam o que realmente querem.

No entanto, as pesquisas mostram que, embora a autorreflexão seja útil, ela só chega até certo ponto.

Você deve conseguir se lembrar de algumas vezes em que você estava animado com uma viagem ou uma festa, mas quando o momento de fato chegou, ela foi só razoável. Nas últimas décadas, pesquisas mostraram que isso é comum: nem sempre somos ótimos em prever o que nos deixará mais felizes e não nos damos conta de como somos ruins. Você pode encontrar uma excelente visão geral de parte dessa pesquisa nas notas de rodapé.1

Acontece que somos ruins até em lembrar quão satisfatórias foram experiências diferentes. Um erro bem estabelecido é que tendemos a julgar experiências principalmente pelo seu final:2 se você perdeu seu voo no último dia de uma viagem agradável, você provavelmente irá se lembrar da viagem como ruim.

O fato de que muitas vezes julgamos o prazer de uma experiência pelo seu final pode nos levar a fazer umas escolhas curiosas.
– Prof. Dan Gilbert, O que nos Faz Felizes

Isso significa que não podemos confiar em nossas intuições; precisamos de um modo mais sistemático de descobrir qual trabalho é o melhor para nós.

As mesmas pesquisas que provam quão ruins somos em autorreflexão podem nos ajudar a fazer escolhas mais bem embasadas. Temos agora três décadas de pesquisa em psicologia positiva – a ciência da felicidade –, além de décadas de pesquisa em motivação e satisfação no trabalho. Iremos resumir as principais lições dessas pesquisas e explicar o que elas significam na busca de um trabalho satisfatório.

2. Duas metas superestimadas para uma carreira gratificante

As pessoas geralmente imaginam que um trabalho ideal seja bem pago e fácil.

Uma das principais classificações de empregos nos EUA, fornecida pelo Careercast, classificou os empregos nos seguintes critérios:3

  1. Tem um salário alto?
  2. Terá um salário alto no futuro?
  3. É estressante?
  4. O ambiente de trabalho é desagradável?

Com base nisso, o melhor trabalho era: atuário.4 Isto é, alguém que usa estatísticas para medir e gerenciar riscos, geralmente no setor de seguros.

É verdade que os atuários estão mais satisfeitos com seus empregos do que a média, mas não estão entre os mais satisfeitos.5 Apenas 36% dizem que seu trabalho é significativo,6 de modo que ser atuário não é uma carreira particularmente gratificante.

Portanto, a lista do Careercast não está capturando tudo. Na verdade, as evidências sugerem que dinheiro e evitar o estresse não são tão importantes assim.

2.1. O dinheiro faz você mais feliz, mas só um pouco

É um clichê dizer que “não se pode comprar felicidade”, mas ao mesmo tempo a segurança financeira está entre as maiores prioridades da maioria das pessoas à procura de um novo emprego.7 Além disso, ao serem questionadas sobre o que mais melhoraria a qualidade de suas vidas, a resposta mais comum é mais dinheiro.8 

O que está acontecendo aqui? Qual lado está certo?

Muitas pesquisas sobre esta questão são de uma qualidade notavelmente baixa. Mas vários estudos importantes recentes em economia oferecem mais clareza. Examinamos os melhores estudos disponíveis, e a verdade acaba se encontrando num meio-termo: o dinheiro faz, sim, você feliz, mas só um pouco.

Por exemplo, aqui estão as descobertas de uma enorme pesquisa feita nos Estados Unidos em 2010:

High income improves evaluation of life but not emotional well-being, D. Kahneman & A. Deaton, link

As pessoas foram convidadas a avaliar quão satisfeitas estavam com suas vidas em uma escala de 1 a 10. O resultado é mostrado à direita, enquanto a parte inferior mostra a renda familiar.

Você pode ver que passar de uma renda (bruta) de US$ 40.000 para US$ 80.000 se associava apenas a um aumento na satisfação com a vida de cerca de 0,5 ponto, indo de 6,5 para 7 em uma escala até 10. Isso é bastante renda extra para um pequeno aumento.

Isso muito mal surpreende: todos conhecemos pessoas que ganharam um emprego de salário alto e acabaram infelizes.

Mas esse resultado pode ser otimista demais. Se olharmos para a felicidade no dia a dia, a renda parece ainda menos importante. “Afeto positivo” designa se as pessoas relataram sentir-se felizes no dia anterior. O eixo esquerdo do gráfico abaixo mostra a fração de pessoas que disseram “sim”. Essa linha se torna plana em torno de US$ 50.000, mostrando que, além desse ponto, a renda não tinha relação nenhuma com a felicidade no dia a dia nesta pesquisa.

Idêntico ao gráfico anterior, porém inserida uma segunda linha, chamada de "afeto positivo". “Afeto positivo” designa se as pessoas relataram sentir-se felizes no dia anterior. Com essa linha fica fácil ver o quanto o efeito da renda sobre a felicidade humana é ainda mais questionável.
High income improves evaluation of life but not emotional well-being, D. Kahneman and A. Deaton, 2010, link

O quadro geral é similar se olharmos a fração que relatou “não estar triste” ou “estar livre de estresse” no dia anterior.

Idêntico aos gráficos anteriores, porém inserida mais duas novas linhas chamadas de "livre de stress" e "não estava triste", ambas referentes apenas ao dia anterior. Com a inserção de mais esses dois controles o efeito da renda sobre a felicidade praticamente desaparece, exceto nas rendas muito baixas.
High income improves evaluation of life but not emotional well-being, D. Kahneman and A. Deaton, 2010, link

Essas linhas se tornam completamente planas em US$ 75.000; então além desse ponto, a renda não tinha nenhuma relação com quão felizes, tristes ou estressadas as pessoas se sentiam. 

Achamos que há uma boa chance de esse resultado ser um erro, e que a felicidade no dia a dia continua, sim, a aumentar com a renda, pelo menos um pouco. Um estudo mais recente descobriu exatamente isso, embora tenha descoberto que a felicidade no dia a dia aumenta mais devagar do que a satisfação com a vida.9

Tudo o que cobrimos acima trata da correlação entre a renda e a felicidade. Mas a relação pode ser causada por um terceiro fator. Por exemplo, ser saudável poderia tanto deixar você mais feliz quanto lhe permitir ganhar mais. Se isso é verdade, então o efeito de ganhar dinheiro extra será ainda mais fraco do que as correlações sugeridas acima.

Finalmente, US$ 75.000 de renda familiar é equivalente a uma renda individual de apenas US$ 40.000 se você não tiver filhos.10

Para adequar esse limite à sua situação, faça os seguintes ajustes (todos antes da dedução de impostos):

  • O valor de US$ 40.000 corresponde ao ano de 2009. Devido à inflação, está próximo de US$ 55.000 em 2023.
  • Adicione US$ 25.000 por dependente que não trabalhe e que você sustente totalmente.
  • Adicione 50% se você mora em uma cidade cara (por exemplo, Nova Iorque, São Francisco), ou subtraia 30% se você mora em algum lugar barato (por exemplo, zona rural do Tennessee). Você pode encontrar calculadoras de custo de vida on-line, como esta.
  • Adicione mais se você é especialmente motivado pelo dinheiro (ou subtraia um pouco se você tiver gostos mais frugais).
  • Adicione 15% para poder poupar para a aposentadoria (ou quanto você precisar poupar para poder manter o padrão de vida que desejar).

Até 2023, uma pessoa com ensino superior completo nos EUA pode esperar ganhar em média cerca de US$ 77.000 por ano ao longo da sua vida profissional, enquanto o graduado médio da Ivy League ganha mais de US$ 120.000.11 O resultado é que, se você completou o ensino superior nos EUA (ou em um país similar), você provavelmente estará exatamente na faixa em que mais renda pouco efeito tem sobre a sua felicidade.

(Leia muito mais sobre essas evidências.)

dinheiro não traz felicidade
Atribuição: Georges Biard. CC BY-SA 3.0

2.2. Não busque um baixo nível de estresse

Muitas pessoas dizem que querem encontrar um emprego que não seja muito estressante. E é verdade que, no passado, médicos e psicólogos acreditavam que o estresse sempre é ruim. No entanto, fizemos uma pesquisa da literatura moderna sobre o estresse, e hoje o cenário é um pouco mais complicado.

Um enigma intrigante é que estudos sobre líderes governamentais e militares de alto nível descobriram que eles tinham níveis mais baixos de hormônios do estresse e menos ansiedade, apesar de dormirem menos horas, gerirem mais pessoas e terem maiores demandas ocupacionais. Uma explicação amplamente apoiada é que ter um maior senso de controle (estabelecendo seus próprios horários e determinando como enfrentar os desafios com que se deparam) os protege das demandas da posição.

Há outras maneiras como um trabalho exigente pode ser bom ou ruim dependendo do contexto:

Variável Bom (ou neutro) Ruim
Tipo de estresse Intensidade das demandas Desafiador, mas realizável Incongruente com seu nível de capacidade (muito além ou muito aquém)
Duração Curto prazo Prolongado
Contexto Controle Alto controle e autonomia Baixo controle e autonomia
Poder Alto poder Baixo poder
Apoio social Bom apoio social Isolamento social
Como lidar Mentalidade Reinterpretar as demandas como oportunidades; o estresse como útil Ver as demandas como ameaças; o estresse como prejudicial à saúde
Altruísmo Realizar atos altruístas Focar em si mesmo

Isso significa que o quadro geral se parece mais com o gráfico a seguir. Ter um trabalho muito pouco exigente é ruim: é entediante. Ter exigências que excedem as suas habilidades também é ruim: causa estresse nocivo. O ponto ideal é onde as demandas colocadas sobre você correspondem às suas habilidades: esse é um desafio gratificante.

Grágico de linha. No eixo vertical está escrito "DEMANDAS". No eixo horizontal está escrito "Habilidade". Dentro do gráfico corta uma grande linha reta em 45 graus escrito "Desafiador". Há uma pequena seta saindo da linha e indo para baixo onde está escrito "Tédio". Há uma pequena seta saindo da linha e indo para cima onde está escrito "Ansiedade".

Em vez de procurar evitar o estresse, procure um contexto favorável e um trabalho significativo, e então desafie-se.

(Veja nossa pesquisa de evidências científicas sobre o estresse para mais informações.)

trabalho dos sonhos

Se você está trabalhando num lago e também usando seu notebook para olhar imagens de lagos, talvez você precise de um trabalho mais difícil.

3. O que você deve procurar em um trabalho dos sonhos?

Aplicamos a pesquisa em psicologia positiva sobre o que constitui uma vida gratificante e a combinamos com a pesquisa sobre satisfação no trabalho, para chegar a seis ingredientes-chave de um trabalho ideal. (Se você quiser se aprofundar nas evidências, veja a nossa revisão das evidências.)

Estes são os seis ingredientes:

3.1. Um trabalho que seja envolvente

O que realmente importa não é o seu salário, status, tipo de empresa e assim por diante, mas, sim, o que você faz no dia a dia, hora a hora.

Um trabalho envolvente é um trabalho que atrai você, mantém a sua atenção e lhe dá um sentimento de fluxo. É a razão pela qual passar uma hora editando uma planilha pode ser puro tédio, enquanto passar uma hora jogando um jogo de computador pode parecer o tempo voando: jogos de computador são feitos para ser tão envolventes quanto possível.

trabalho ideal

Um jogo de computador favorito da infância: Age of Empires II

O que faz essa diferença? Por que os jogos de computador são envolventes, enquanto administrar um escritório não é? Os pesquisadores identificaram quatro fatores:

  1. A liberdade de decidir como realizar seu trabalho.
  2. Tarefas claras, com início e fim claramente definidos.
  3. Variedade nos tipos de tarefa.
  4. Feedback, de maneira que você sabe quão bem está indo.

Cada um desses fatores mostrou-se correlacionado com a satisfação no trabalho numa importante meta-análise (r = 0,4), e eles são amplamente considerados pelos especialistas como previsores empiricamente comprovados de satisfação no trabalho.

Apesar disso, jogar jogos de computador não é a chave para uma vida satisfatória (e não apenas porque você não será pago). Isso porque você também precisa de…

4.2. Um trabalho que ajude os outros

Os seguintes trabalhos têm os quatro ingredientes de um trabalho envolvente que discutimos. Mas quando questionadas, mais de três quartos das pessoas que os fazem dizem que não os consideram significativos:12

  • Analista de receita
  • Designer de moda
  • Diretor de noticiário de TV

Estes trabalhos, no entanto, são vistos como significativos por quase todos os que os fazem:

  • Oficial de serviço de bombeiros
  • Enfermeiro/parteiro
  • Neurocirurgião

A principal diferença é que o segundo conjunto de empregos parece ajudar outras pessoas. É por isso que eles são significativos, e é por isso que ajudar os outros é o nosso segundo fator.

Existe um crescente corpo de evidências de que ajudar os outros é um ingrediente-chave para a satisfação com a vida. As pessoas que se voluntariam são menos deprimidas e mais saudáveis. Um estudo randomizado mostrou que realizar um ato de bondade qualquer torna o doador mais feliz.13 E uma pesquisa global descobriu que as pessoas que doam para a caridade estão tão satisfeitas com suas vidas quanto aquelas que ganham duas vezes mais.14

Ajudar os outros não é o único caminho para uma carreira significativa, mas é amplamente aceito pelos pesquisadores como um dos mais poderosos.

(Exploramos trabalhos que realmente ajudam as pessoas na próxima parte do guia, incluindo tanto empregos que ajudam indiretamente como diretamente.)

3.3. Um trabalho em que você seja bom

Ser bom no seu trabalho lhe dá uma sensação de conquista, um ingrediente-chave da satisfação com a vida descoberto pela psicologia positiva.

Também lhe dá o poder de negociar por outros componentes de um trabalho satisfatório: como a capacidade de trabalhar em projetos significativos, realizar tarefas envolventes e ganhar um salário justo. Se as pessoas valorizam sua contribuição, você pode pedir essas condições em troca.

Por ambas as razões, habilidades superam interesses, em última análise. Mesmo que você ame a arte, se você buscá-la como uma carreira, mas não for bom nisso, você acabará fazendo trabalho chato de design gráfico para empresas que não lhe interessam.

Isso não quer dizer que você só deve trabalhar no que você já é bom. No entanto, você quer o potencial de ser bom nisso.

(Nós temos um artigo inteiro mais adiante no guia sobre trabalhar no que você é bom, e outro sobre como investir nas suas habilidades.)

3.4. Um trabalho com colegas prestativos

Obviamente, se você odeia seus colegas e trabalha para um chefe dos infernos, você não vai ficar satisfeito.

Uma vez que bons relacionamentos são uma parte tão importante de ter uma vida realizada, é importante poder se tornar amigo de pelo menos umas duas pessoas no trabalho. E isso provavelmente significa trabalhar com pelo menos algumas pessoas semelhantes a você.

No entanto, você não precisa se tornar amigo de todo o mundo, nem mesmo gostar de todos os seus colegas. As pesquisas mostram que talvez o fator mais importante seja se você pode conseguir ajuda de seus colegas quando tiver problemas. Uma importante meta-análise descobriu que o “apoio social” é um dos principais previsores da satisfação no trabalho (r = 0,56).

As pessoas que são mais discordantes e diferentes de você podem ser as pessoas que lhe darão o feedback mais útil, desde que se preocupem com os interesses que você tem. Isso é porque elas vão lhe dizer as coisas como elas são e ter uma perspectiva diferente da sua. O Professor Adam Grant chama essas pessoas de “doadores discordantes”.

Quando pensamos num trabalho dos sonhos, geralmente focamos na função que teremos. Mas com quem trabalharemos é quase tão importante. Um chefe ruim pode arruinar uma posição dos sonhos, e mesmo trabalhos chatos podem ser divertidos se feitos com um amigo. Então, pense ao selecionar um trabalho: você poderá fazer amizades com algumas pessoas no local de trabalho? E mais importante: a cultura do local de trabalho facilita conseguir ajuda, receber feedback e trabalhar em conjunto?

3.5. Trabalho que não tenha grandes fatores negativos

Para ficar satisfeito, tudo acima é importante. Mas você também precisa da ausência de coisas que tornem o trabalho desagradável. Todos os fatores seguintes tendem a estar ligados ao descontentamento no trabalho.

  • Um longo trajeto entre casa e trabalho, especialmente se é mais de uma hora de ônibus.
  • Jornada muito longa.
  • Pagamento que você acha injusto.
  • Insegurança profissional.

Embora tudo isso pareça óbvio, as pessoas muitas vezes ignoram. As consequências negativas de um longo trajeto até o trabalho podem ser suficientes para superar muitos outros fatores positivos.

3.6. Um trabalho que se encaixe no restante da sua vida

Você não precisa obter todos os ingredientes de uma vida realizada a partir de seu trabalho. É possível encontrar um emprego que pague as contas e destacar-se em um projeto paralelo; ou encontrar um significado existencial através da filantropia ou do voluntariado; ou construir relacionamentos ótimos fora do trabalho.

Aconselhamos muitas pessoas que fizeram isso. Há exemplos famosos também: Einstein teve seu ano mais produtivo em 1905, enquanto trabalhava como funcionário em um escritório de patentes.

Logo, este último fator é um lembrete para considerar como sua carreira se encaixa no restante de sua vida.

Antes de seguirmos em frente, aqui está uma rápida recapitulação dos seis ingredientes. Estas são as coisas a procurar em um trabalho dos sonhos:

  1. um trabalho envolvente que lhe permita entrar num estado de fluxo (liberdade, variedade, tarefas claras, feedback),
  2. um trabalho que ajude os outros,
  3. um trabalho no qual você seja bom,
  4. colegas prestativos,
  5. ausência de grandes fatores negativos, como longas jornadas ou pagamento injusto;
  6. um trabalho que se encaixe na sua vida pessoal,

(Leia mais sobre nossas evidências para esses seis ingredientes.)

Como podemos resumir tudo isso?

4. Você deveria simplesmente seguir sua paixão?

“Siga sua paixão” tornou-se um aspecto definidor do aconselhamento de carreiras.

A imagem contém um gráfico cujo título é "Siga sua paixão". No eixo horizontal encontram-se os anos, de 1975 até 2005, e no eixo vertical está a "Frequência nos livros". No gráfico encontramos uma linha que sobe acentuadamente a partir dos anos 90, ou seja, a frequência do conselho "Siga sua paixão" cresce a partir dessa década.
Fonte: Google Ngram

A ideia é que a chave para encontrar uma ótima carreira é identificar seu maior interesse – “sua paixão” – e seguir uma carreira que envolva esse interesse. É uma mensagem atraente: simplesmente comprometa-se com sua paixão e você terá uma ótima carreira. E quando olhamos para as pessoas bem-sucedidas, elas muitas vezes são apaixonadas pelo que fazem.

Ora, somos aficionados pela busca da paixão em nossos trabalhos. A pesquisa acima mostra que trabalhos intrinsecamente motivadores tornam as pessoas muito mais felizes do que um grande salário.

No entanto, há três maneiras como “seguir sua paixão” pode ser um conselho enganoso.

Um problema é que ele sugere que a paixão é tudo do que você precisa. Mas mesmo se você estiver profundamente interessado no trabalho, se você carecer dos outros seis ingredientes acima, você ainda estará insatisfeito. Se alguém que adora basquete recebe um trabalho envolvendo basquete, mas trabalha com pessoas que ele odeia, recebe um salário injusto ou considera o trabalho sem sentido, ele ainda não gostará de seu trabalho.

Na verdade, “seguir a sua paixão” pode tornar mais difícil satisfazer os seis ingredientes, porque as áreas com as quais você acabar se apaixonando provavelmente serão as mais competitivas, o que torna mais difícil encontrar um bom trabalho.

Um segundo problema é que muitas pessoas não sentem que suas paixões podem ser convertidas em carreiras. Dizer a elas para “seguir sua paixão” faz com que se sintam inadequadas. Se você não tem uma “paixão”, não se preocupe. Você ainda pode encontrar um trabalho pelo qual você se tornará apaixonado.

O terceiro problema é que o conselho pode fazer as pessoas limitarem desnecessariamente as suas opções. Se você se interessa por literatura, é fácil pensar que você deve se tornar um escritor para ter uma carreira satisfatória e ignorar outras opções. Também é fácil ter a ideia de que a sua “verdadeira paixão” será imediatamente óbvia e eliminar as opções que não são imediatamente satisfatórias.

Mas, na verdade, você pode se tornar apaixonado por novas áreas. Se o seu trabalho ajuda os outros, você o pratica a ponto de ficar bom nele, trabalha em tarefas envolventes e com pessoas de que você gosta, então você provavelmente se tornará apaixonado por ele. Os seis ingredientes tratam do contexto do trabalho, não do conteúdo. Vinte anos atrás, nós nunca teríamos imaginado que seríamos apaixonados por dar conselhos de carreira, mas aqui estamos, escrevendo este artigo.

Muitas pessoas bem-sucedidas são apaixonadas pelo que fazem, mas muitas vezes sua paixão se desenvolveu com o decorrer de seu sucesso e demorou um longo tempo para descobri-la, em vez de ela vir primeiro. Steve Jobs era apaixonado pelo Budismo Zen. Ele entrou no ramo da tecnologia como uma forma de ganhar dinheiro rápido. Mas conforme se tornou bem-sucedido, sua paixão cresceu, até ele se tornar o mais famoso defensor de “fazer o que você ama”.

O famoso ícone da empresa Apple, uma maça, sobre um fundo vermelho. Dentro da maça está escrito: "A Academia da Apple de História Ocidental e Dança"

Steve Jobs — defensor de “seguir sua paixão” — era apaixonado pelo budismo Zen, história ocidental e dança quando era jovem.

Na realidade, ao invés de ter uma única paixão, nossos interesses mudam frequentemente e mais do que esperamos. Pense naquilo pelo qual você mais se interessava há cinco anos, e você provavelmente se dará conta de que é muito diferente daquilo pelo qual você se interessa hoje. E como vimos acima, somos ruins em saber o que realmente nos faz felizes.

Isso significa que você tem mais opções para uma carreira plena do que você pensa.

Só um rápido aparte antes de continuar. Se você está achando este guia útil, ficaríamos muito gratos se você puder compartilhar o artigo no Facebook, e nos ajudar a alcançar mais pessoas.

5. Faça o que contribui

Ao invés de “seguir a sua paixão”, o nosso slogan para uma carreira gratificante é: torne-se bom em algo que ajude os outros. Ou simplesmente: faça o que contribui.

Nós destacamos “torne-se bom”, porque se você encontrar algo em que você é bom e que tenha valor para os outros, você terá muitas oportunidades de carreira, o que lhe dá a melhor chance de encontrar um trabalho dos sonhos com todos os outros ingredientes: trabalho envolvente, colegas prestativos, ausência de grandes fatores negativos e que se encaixe no resto da sua vida.

No entanto, você pode ter todos os outros cinco ingredientes, e ainda achar o seu trabalho sem sentido. Logo, você precisa encontrar uma maneira de ajudar os outros também.

Se você colocar em primeiro lugar as possíveis contribuições para o mundo que você possa fazer, você desenvolverá uma paixão pelo que você faz: se tornará mais contente, ambicioso e motivado.

Isso é o que encontramos em nosso aconselhamento de carreira. Por exemplo, Jess se interessava por filosofia durante a graduação e considerou buscar um doutorado. O problema era que, embora achasse a filosofia interessante, teria sido difícil ter um impacto positivo dentro dela. Em última análise, ela acha que isso teria sido insatisfatório. Em vez disso, ela mudou para a psicologia e políticas públicas, e agora é uma das pessoas mais motivadas que conhecemos.

“O 80.000 Horas nada menos do que revolucionou a maneira como penso na minha carreira”.

Jess

Leia a história de Jess

jess e o trabalho ideal

Até o momento, mais de 1.000 pessoas fizeram grandes mudanças nas suas trajetórias profissionais, seguindo nossos conselhos de carreira. Muitos mudaram para um campo que não lhes interessava inicialmente, mas que acreditavam que era importante para o mundo. Depois de desenvolver suas habilidades, encontrar boas pessoas para com quem trabalhar e a função certa, elas ficaram profundamente satisfeitas.

Aqui estão mais dois motivos para focar em tornar-se bom em algo que ajude os outros.

5.1. Você pode ser mais bem-sucedido

Se você tonar sua missão ajudar os outros, as pessoas vão querer ajudar você a ter sucesso.

Parece óbvio, mas agora há evidências empíricas para apoiar isso. No excelente livro Give and Take, o professor Adam Grant argumenta que as pessoas com “mentalidade de doação” terminam entre as mais bem-sucedidas. Isso se dá tanto porque elas acabam recebendo mais ajuda em troca como porque elas são mais motivadas por um senso de propósito.

Uma qualificação é que os doadores também acabam mal sucedidos se se concentrarem demais nos outros e se esgotarem. Logo, você também precisa dos outros ingredientes da satisfação no trabalho que mencionamos anteriormente, e estabelecer limites em quanto você doa.

5.2. É a coisa certa a fazer

A ideia de que ajudar os outros é a chave a para sentir-se realizado não é nova. É um tema das principais tradições morais e espirituais:

Ponha seu coração para fazer o bem. Faça isso vez após vez e você se tornará cheio de alegria.
– Buda

A verdadeira riqueza de um homem é o bem que ele faz neste mundo.
– Maomé

Ame seu próximo como você ama a si mesmo.
– Jesus Cristo

Todo homem deve decidir se caminhará à luz do altruísmo criativo ou na escuridão do egoísmo destrutivo.
– Martin Luther King Jr.

Além do mais, como explicaremos no próximo artigo, como um graduado universitário numa localidade desenvolvida hoje, você tem uma enorme oportunidade para ajudar os outros através de sua carreira. Em última análise, esse é o verdadeiro motivo para se concentrar em ajudar os outros; o fato de que tornará você ser mais realizado pessoalmente é apenas um bônus.

6. Conclusão

Para ter um trabalho dos sonhos, não se preocupe muito com dinheiro e estresse, e não gaste muito tempo em reflexões sem fim para tentar encontrar sua única e verdadeira paixão.

Em vez disso, torne-se bom em algo que ajude os outros. É melhor para você e é melhor para o mundo. Esta é a razão pela qual criamos o 80.000 Horas: nossa missão é ajudar você a encontrar uma carreira que contribua.

Mas quais empregos ajudam as pessoas? Uma pessoa pode realmente fazer muita diferença? É isso o que responderemos no próximo artigo.

Aplique isso na sua carreira

Esses seis ingredientes, especialmente ajudar os outros e tornar-se bom no seu trabalho, podem atuar como um norte: são coisas para nas quais mirar para encontrar um trabalho ideal a longo prazo.

Aqui estão alguns exercícios para ajudar você a começar a aplicá-los.

1. Pratique usando os seis ingredientes para fazer algumas comparações. Escolha duas opções em que esteja interessado e, em seguida, avalie-as de um a cinco em cada fator.

2. Os seis ingredientes que listamos são só um ponto de partida. Pode haver outros fatores que são especialmente importantes para você, de modo que recomendamos fazer os seguintes exercícios. Eles não são perfeitos – como vimos anteriormente, nossas memórias sobre o que achamos satisfatório podem ser pouco confiáveis –, mas ignorar completamente sua experiência passada também não é acertado.15 Estas perguntas devem lhe dar pistas sobre o que você acha mais gratificante:
– Quando você esteve mais satisfeito no passado? O que esses momentos tiveram em comum?
– Imagine que você tenha descoberto que vai morrer em dez anos. Com o que você gastaria seu tempo?
– Você consegue especificar melhor algum dos nossos seis fatores? Por exemplo, com quais *tipos* de pessoas você mais gosta de trabalhar?

3. Agora, combine nossa lista com seus próprios pensamentos para determinar de quatro a oito fatores que são mais importantes para você em um trabalho dos sonhos.

4. Quando você estiver comparando suas opções no futuro, você pode usar essa lista de fatores para determinar qual é a melhor. Não espere encontrar uma opção que seja melhor em todas as dimensões; em vez disso, concentre-se em encontrar a opção melhor no cômputo geral.

Leia em seguida

Parte 2: Será que uma pessoa pode fazer a diferença? O que as evidências dizem. Ou veja uma visão geral do guia de carreiras inteiro.

Notas e referências

1. Tem havido um extenso programa de pesquisa sobre quão bons os humanos são em prever os efeitos de eventos futuros em seu bem-estar emocional. Começou com Kahneman e Snell no início dos anos 1990, e foi liderado na década de 2000 pelo psicólogo de Harvard Daniel Gilbert. Grande parte da pesquisa está resumida no livro de Gilbert O que nos Faz Felizes. Uma revisão recente está em Gilbert e Wilson (2009). Uma conclusão é que somos ruins em prever como nos sentiremos no futuro e não percebemos isso. Já escrevemos anteriormente sobre nossas falhas em prever como nos sentiremos aqui

Não temos certeza de quão resistentes todas essas descobertas são à luz da crise de replicação e não descobrimos nenhum trabalho mais recente que replique essas descobertas.

Em particular, nos preocupamos com a proeminente rejeição da crise de replicação da parte de Gilbert, publicada na Science em 2016. Uma resposta convincente a Gilbert foi também publicada na Science em 2016, e gostamos deste blog que resume a questão, do estatístico de Colúmbia Andrew Gelman.

Assim, nossa expectativa é que Gilbert tenha exagerado as coisas. No entanto, achamos que é correta a ideia geral de que não podemos simplesmente confiar na nossa intuição sobre esses assuntos.

2. Embora muitos estudos tenham achado apoio para a “regra pico-fim” — a ideia de que julgamos experiências com base em como nos sentimos no ponto mais intenso (isto é, o pico e ao fim) —, alguns a puseram em dúvida.

Por exemplo, Kemp et al. (2008) descobriram que a regra pico-fim “não [era] um previsor excepcionalmente bom”, e que os momentos mais memoráveis ou incomuns (não necessariamente os mais intensos) eram previsores mais relevantes da felicidade recordada. Isso sugere que o “pico” é menos relevante do que o fim.

A regra pico-fim prevê aproximadamente o nível correto de felicidade, mas as correlações da média pico-fim com a felicidade recordada geral são geralmente mais baixas do que aquelas obtidas ao considerar a felicidade dos participantes no período de 24 h mais memorável ou mais incomum (…) A felicidade lembrada geral parece ser melhor prevista pela felicidade final do que pela felicidade de pico ou de vale, e a falha comparativa da regra pico-fim parece vir mais do pico que do fim.

Apesar disso, uma meta-análise de 2022 que examinou 58 estudos independentes, com um tamanho amostral de cerca de 12.500 pessoas, descobriu um “forte apoio” para a regra pico-fim.

O efeito pico-fim sobre avaliações sumárias retrospectivas foi: (1) grande (r = 0,581, 95% Intervalo de Confiança = 0,487–0,661), (2) resistente entre condições fronteiriças, (3) comparável ao efeito da pontuação média geral e mais forte que os efeitos da tendência e variabilidade entre todos os episódios na experiência, (4) mais forte que os efeitos primários (iniciais) e de menor intensidade (de vale) e (5) mais forte que o efeito da duração da experiência (que foi essencialmente nulo, assim sustentando a ideia da negligência da duração).

3. A metodologia de 2015 do CareerCast é descrita aqui.

Link arquivado, recuperado em 2 de março de 2016.

Estamos usando as classificações de 2015 do CareerCast porque queremos compará-las com mensurações de satisfação e significatividade no trabalho. A pesquisa grande mais recente sobre satisfação e significatividade no trabalho que pudemos encontrar foi feita pela Payscale (link arquivado, recuperado em 17 de agosto de 2022), com dados coletados de 2,7 milhões de pessoas entre 6 de novembro de 2013 e 6 de novembro de 2015.

A metodologia de 2021 do CareerCast é predominantemente a mesma e descrita aqui.

Link arquivado, recuperado em 27 de setembro de 2022.

4. Atuário foi a carreira mais bem classificada em 2015.

Link arquivado, recuperado em 2 de março de 2016.

Atuário caiu para o nono lugar nas classificações de 2021.

Link arquivado, recuperado em 5 de dezembro de 2022.

5. A pesquisa nacional mais recente feita pelo Gabinete do Reino Unido sobre satisfação com a vida por ocupação foi feita em 2014 (e publicada pela Universidade de Kent). Ela descobriu que “atuários, economistas e estatísticos” ficaram em 64º lugar entre 274 cargos, colocando-os entre as 23% melhores. Na pesquisa do CareerCast mais recente, feita em 2021, atuário não estava mais no topo, mas ainda se classificava entre as 10 melhores.

Resumo da BBClink arquivado, recuperado em 15 de abril de 2017.

6. As pesquisas da Payscale abrangem milhões de trabalhadores. A pesquisa mais recente que perguntou sobre a satisfação no trabalho e a significatividade no trabalho foi feita de 2013 a 2015. A pesquisa descobriu que somente 36% dos atuários achavam seu trabalho significativo. A satisfação no trabalho também era alta, em 80%, mas um número significativo de empregos foram classificados em mais de 80%. http://www.payscale.com/data-packages/most-and-least-meaningful-jobs/full-list.

7. Uma pesquisa da Gallup de outubro de 2021 perguntou a 13.085 funcionários dos EUA o que era mais importante para eles ao decidir aceitar ou não um novo trabalho oferecido por um novo empregador. 64% das pessoas disseram que “um aumento significativo na renda ou em benefícios” era “muito importante”, em comparação com 61% para “um maior equilíbrio entre vida e trabalho e um melhor bem-estar pessoal”, 58% para “a capacidade de fazer o que fazem melhor” e 53% para “uma maior estabilidade e segurança profissional”.

A pesquisa era autoaplicada e on-line. Há diversas fontes possíveis de viés. Por exemplo, se essa pesquisa foi paga (isso não está claro com base na metodologia da Gallup), isso pode ter introduzido vieses. Apesar disso, a Gallup atribuiu, sim, pesos às amostras para levar em conta faltas de respostas ajustando as amostras para corresponder à demografia nacional em termos de gênero, faixa etária, raça, etnia hispânica, educação e religião.

Link arquivado, recuperado em 16 de fevereiro de 2023.

8.

Quando indivíduos são questionados sobre o que mais melhoraria a qualidade das suas vidas, a resposta mais comum é uma renda maior.

Judge, Timothy A., et al. “The relationship between pay and job satisfaction: A meta-analysis of the literature.” Journal of Vocational Behavior 77.2 (2010): 157-167.

http://www.panglossinc.com/documents/Therelationshipbetweenpayandjobsatisfaction.pdf

9. Um estudo de 2021 descobriu que o bem-estar aumenta, sim, com a renda, mesmo acima de US$ 75.000 por ano. No entanto, ele descobriu que isso, como a satisfação com a vida, era aproximadamente logarítmico: conforme a renda de um indivíduo aumenta, o seu bem-estar aumenta numa taxa mais baixa e mais lenta. Como resultado, acima de US$ 75.000 por ano, os aumentos em bem-estar são muito pequenos. O estudo também descobriu que, conforme a renda aumentava, o bem-estar aumentava mais devagar do que a satisfação com a vida (que também era aproximadamente logarítmica). Leia uma revisão crítica do estudo.

10. A família média nos EUA tem 2,5 pessoas, mas é claro que isso é apenas uma média em uma ampla gama de estruturas familiares. Famílias maiores desfrutam de “economias de escala” compartilhando casas, carros e assim por diante. Isso torna difícil dizer qual é o equivalente a uma renda familiar para um único indivíduo.

As taxas de conversão paradigmáticas são as seguintes:

  • Um único indivíduo tem uma pontuação de equivalência de 1.
  • Um único adulto extra adiciona outra pontuação de equivalência de 0,5.
  • Adicionando uma criança pequena a isso, soma-se mais 0,3, enquanto um adolescente custa outro 0,5.

Como resultado, um casal pode alcançar o mesmo estilo de vida de um indivíduo com 50% a mais de renda; um casal com um filho pequeno pode alcançar o mesmo estilo de vida de um indivíduo com 80% a mais de renda; um casal com um adolescente exige uma renda duas vezes maior.

Isso são aproximações, mas razoáveis, ​​usadas por organizações internacionais. Elas são descritas aqui pelo Instituto de Estudos Fiscais do Reino Unido. (A tabela desse órgão fornece taxas de conversão de um casal sem filhos para uma família. Dividir por 0,67 — a taxa de conversão para um único indivíduo — lhe dará os números que listamos acima.

Pela simplicidade, vamos supor que, em média, ao longo de suas vidas adultas, as pessoas estejam em uma casa com um casal adulto e uma criança. Isso é apenas uma média: algumas pessoas serão solteiras, enquanto outras sustentarão vários filhos, pelo menos durante parte de suas vidas.

Usar essa aproximação significa que um único indivíduo requer cerca de 1/1,9 = 53% do que uma família típica requer, em média ao longo de suas vidas adultas, para atingir o mesmo padrão de vida.

Nesse caso, 53% de US$ 50.000 a US$ 75.000 para uma família representa US$ 27.000 a US$ 40.000 para um indivíduo.

11. Ganhos de graduados universitários.

Fonte:

Carnevale, Anthony P., Stephen J. Rose e Ban Cheah. “The college payoff: More education doesn’t mean more earnings.” (2011).

“Um bacharel ganha, na mediana, US$ 2,8 milhões durante a sua vida, o que se traduz em ganhos anuais médios de cerca de US$ 70.000.

Esse valor se refere a 2021, mas os salários aumentaram desde então. Em janeiro de 2021, o salário médio por hora nos EUA era de US$ 29,92 e era de US$ 33,03 em janeiro de 2023. Isso é um crescimento de 10%, o que sugere que o graduado universitário médio agora ganha US$ 77.000. Isso é provavelmente uma superestimação, porque os rendimentos dos graduados universitários têm crescido mais rapidamente do que os rendimentos médios desde 2021. Fonte: Dados Econômicos FRED, “Average Hourly Earnings of All Employees: Total Private (CES0500000003)”, recuperado em 5 de fevereiro de 2017. Esse crescimento corresponde grosso modo ao que esperaríamos da inflação, que foi de cerca de 10% durante o período, e salários tendem a ficar defasados com relação à inflação em períodos de alta inflação como 2021-23.

Ganhos médios para graduados da Ivy League (universidades mais conceituadas) dos EUA

É difícil encontrar dados comparáveis ​​apenas para graduados da Ivy League. A Payscale encontrou um salário mediano no meio da carreira de mais de US$ 135.000 onde o meio da carreira é definido como mais de 10 anos.

Link arquivado, recuperado em 23 de fevereiro de 2023.

Nosso palpite é que os dados do Payscale são muito altos, porque as pessoas com renda mais alta terão maior probabilidade de preencher a pesquisa. Por outro lado, a renda só atinge o pico após 20-30 anos; então, o número para mais de 10 anos provavelmente subestima a média geral. Além disso, a mediana será menor que a média.

No geral, estamos bastante confiantes de que a média de renda durante a vida de graduados da Ivy League é superior a US$ 120.000.

Se você deseja estimar sua renda futura, também deve considerar o crescimento futuro dos salários (que historicamente tem sido cerca de 2%). Ignoramos isso aqui e apenas estimamos a renda atual.

12. Com base em pesquisas da payscale.com com mais de 2,7 milhões de americanos.

Recuperado em 12 de fevereiro de 2016

http://www.payscale.com/data-packages/most-and-least-meaningful-jobs/least-meaningful-jobs

http://www.payscale.com/data-packages/most-and-least-meaningful-jobs/most-meaningful-jobs

http://www.payscale.com/data-packages/most-and-least-meaningful-jobs/methodology

13. Uma meta-análise de 2018 descobriu que há uma ligação causal entre realizar atos de bondade e o bem-estar. Elas incluíram 27 estudos experimentais na revisão, com um tamanho amostral de 4.045 pessoas.

Esses 27 estudos, alguns dos quais incluíam múltiplas condições de controle e medidas dependentes, geram 52 tamanhos do efeito. A modelagem multinível revelou que o efeito geral da bondade sobre o bem-estar do ator é de pequeno a médio (δ = 0,28). O efeito não era moderado pelo sexo, idade, tipo de participante, intervenção, condição de controle ou medida de resultado. Não houve indicação de viés de publicação.

14. Este é o estudo que citamos: Aknin, Lara, Christopher P. Barrington-Leigh, Elizabeth W. Dunn, John F. Helliwell, Robert Biswas-Diener, Imelda Kemeza, Paul Nyende, Claire Ashton-James, Michael I. Norton (2010). “Prosocial Spending and Well-Being: Cross-Cultural Evidence for a Psychological Universal.” Harvard Business School Working Paper 11-038. Link.

Embora haja algumas evidências de que parte da razão para a correlação seja que pessoas mais felizes doam mais. Veja: Boenigk, S. & Mayr, M.L. J Happiness Stud (2016) 17: 1825. doi:10.1007/s10902-015-9672-2. Link.

Para uma revisão mais abrangente sobre a questão, veja Giving without sacrifice, de Andreas Mogensen, Giving What We Can Research, Link arquivado, recuperado em 6 de abril de 2017.

15. Você pode obter informações mais precisas sobre do que gosta ao longo do tempo classificando sua felicidade no final de cada dia. Dessa forma, você não precisa depender de uma memória não confiável.


NOTA: esta é uma tradução do Guia de Carreiras do 80,000 Hours, tendo maio de 2023 como última atualização. Ela pode não corresponder à versão mais atualizada, que pode ser acessada em: https://80000hours.org/career-guide/job-satisfaction/