Semana 2
O ser humano nasce, cresce, se divide politicamente e morre.
Esse é o ciclo. Somos muito diversos e, durante nossas curtas vidas, conseguimos gerar e receber bastante ódio por opiniões e ambições contrárias. Pouquíssimos temas são consenso, mas um deles é a tortura. Exceto por uma diminuta minoria que louva torturadores, o valor da vida de um “inimigo” pode até ser relativizado, mas a imensa maioria é contra sua tortura.
O ser humano nasce, cresce, se une politicamente contra a tortura e morre.
Um dos catalisadores da luta pela redemocratização foi a exposição dos crimes de tortura cometidos pelo Regime Militar. Foi um daqueles raros casos de união de todos os democratas, independente se de esquerda, centro ou direita, socialistas ou liberais, por um bem comum. Ao se unir contra a ditadura, o ser humano deixou, por um breve período, de se dividir politicamente.
Talvez o maior erro do atual sistema econômico tenha sido industrializar a tortura de animais. Apenas nos últimos 100 anos, passamos de 2 para 8 bilhões de pessoas no mundo. De DOIS para OITO bilhões. O aumento da população demandou e foi viabilizado pela automação da indústria alimentícia. Mas tanto países comunistas quanto capitalistas possuem uma constante cegueira para a violência que ela gera.
O ser humano nasce, cresce e podia se unir mais intensamente contra a tortura antes de morrer.
Não conseguiremos nos unir tão cedo sobre a questão de se precisamos ou não matar animais para comer. Mas podemos reduzir um pouco esse impacto. O reducitarianismo propõe reduzirmos essa violência aos poucos, na velocidade possível para cada um.
Um exemplo fácil dessa filosofia: amamos os animais, certo? Amamos tanto cães e gatos que não os torturamos em matadouros para entrarem em nosso rodízio de carne. O que custa adicionar só mais um animal nessa lista de intocáveis? Para o seu paladar, se o porco for o menos preferido, opte por ele para fazer companhia a cães e gatos como animais que você se recusa afetivamente a comer. Ou opte pelo peixe, ou outro… Escolha o que for mais fácil. A direção é mais importante que a velocidade.
Os animais nascem, são torturados enquanto artificialmente crescem, e depois morrem.
Aqui em casa, após assistir mais 10 minutos de vídeos de matadouros, escolhemos logo dois animais para o rol de intocáveis: o porco e o frango. Foi uma decisão fácil e sem retorno, já está valendo. Perderemos algumas comidas afetivas, mas que são facilmente substituíveis. Ainda sobra bastante opção de junk food e nem teremos necessidade de recalcular imediatamente as fontes de proteína na dieta.
Em 2018, para consumo, foram mortos 6 bilhões de animais só no Brasil. Se lembrarmos que cada um desses 6 bilhões de animais foi extremamente torturado antes de morrer, um critério de escolha pode ser deixar de comer ao menos o principal alvo dessa matança: o frango.
Como mostra esse artigo, no Brasil, 98% dos animais mortos anualmente são frangos. Fica a sugestão. Dá para se dizer 98% vegetariano só colocando o frango na sua lista individual de intocáveis. Da mesma maneira que você olha para cães e gatos com amor, sabendo que não financia sua tortura, vai poder olhar para frangos também.
O ser humano nasce, cresce e podia se unir mais intensamente contra a tortura antes de morrer.
A direção é mais importante que a velocidade.
Qual animal você vai escolher?
Leandro Franz é economista, escritor e vegan wannabe. Seus últimos livros são “A Pequena Princesa” (Ed. Letramento), “No Útero de Paulo, o Embrião não Nascerá” (Ed. Penalux) e “Por toda vida, Carolina” (e-book Amazon).
Eu tb comecei minha mudança alimentar por esse caminho. Muito importante ter esses espaços para dividir reflexões sobre um tema que incomoda por diversos motivos, mas que tb convida a uma decisão poderosa capaz de mudar o mundo. Obrigada por criar esse espaço e nos chamar para pensar junto sobre isso. Sucesso!