Coronavírus: o que fazer para nunca mais acontecer?

Prefere ler em um Kindle? Lançamos um livro na Amazon reunindo essa série de posts, português e inglês. O valor arrecadado será doado à Against Malaria Foundation.

Se nada for feito é apenas questão de tempo até uma nova crise igual ou pior a essa

A atual pandemia de COVID-19 já custou ao mundo trilhões de dólares e milhares de vidas. E o pior de tudo: tudo indica que ela está longe do fim.

Diante disso, faz sentido que a maior parte dos esforços atuais estejam focados no que deve ser feito para enfrentá-la. Nós mesmos já traduzimos alguns textos que abordam o que deveria estar sendo feito imediatamente (nos textos: “Coronavírus: Por que se deve agir agora”, “O Martelo e a Dança” e “Como vencer o coronavírus”). O Martelo e a Dança, de Tomas Pueyo, chegou a ter alta repercussão na época, alcançando mais de 160mil leitores, sendo citado por diversos blogs, compartilhado em redes sociais, citado pelo Pirula em seu canal do Youtube e até mesmo tendo sido reproduzido (originalmente sem os devidos créditos…) no blog da ex-presidente Dilma Rousseff.

Porém, há algo que não podemos perder de vista: o risco de passarmos novamente por uma crise idêntica à essa — e, o que é pior, em breve. Uma próxima pandemia global não está descartada e talvez ocorra até mesmo em poucas décadas se nada for feito para preveni-la.

Sendo assim o que você individualmente e nós, como sociedade civil organizada, poderíamos demandar do poder público, empresas e diversas organizações e fazermos diretamente para que isso tudo não mais se repita? Entendemos que esse debate não precisa ser adiado para depois da crise.

A seguir apresentaremos uma série de propostas que podem mitigar os riscos de que novas pandemias e outras crises similares aconteçam. Ou, caso venham a ocorrer, como poderíamos estar melhor preparados para reduzir seus impactos e aumentar nossa resiliência:

1. Banir o comércio de animais selvagens e os “mercados molhados”

Uma das principais hipóteses é que o COVID-19 surgiu em um wet market (“mercado molhado”) em Wuhan, na China. Trata-se da mesma hipótese para a epidemia de SARS em 2003, no caso, de um mercado em Foshan, também na China. Isso nos leva imediatamente a uma pergunta: por que tantas novas doenças estão vindo da China? Leia mais aqui.

2. Combate ao desflorestamento

Nossa interface com a vida selvagem também é afetada por atividades como o desmatamento e a expansão da agricultura em áreas anteriormente não tocadas. Tais atividades alteram a composição, abundância e comportamento dos animais e aumentam as taxas de contato entre animais e humanos. Vale lembrar que toda espécie animal é um potencial “reservatório viral” de doenças até então desconhecidas. Leia mais aqui.

3. Combater as práticas de criação intensiva de animais (também chamadas de fazendas industriais ou pecuária industrial)

A cada ano, mais de 50 bilhões de animais são criados e abatidos em fazendas industriais no mundo todo. Além de cruéis aos animais, tais modos de criação potencializam as chances de mutação de vírus. Leia mais aqui.

4. Segurança em aeroportos e Monitoramento de Epidemias

Assim como o 11 de setembro deu vida a uma gama enorme de novos protocolos de segurança em aeroportos e viagens aéreas, desta vez o foco deve ser no desenvolvimento de mecanismos para a prevenção da disseminação de doenças. Cada país também deveria criar seu próprio centro de monitoramento de epidemias emergentes, caso ainda não o tenha. O exemplo que deve nos inspirar vem de Taiwan. Leia mais aqui.

5. Investimentos em pesquisa e desenvolvimento de novas vacinas e medicamentos

Para além das vidas humanas, essa crise já nos custou trilhões de dólares. Sem dúvida, trata-se da maior destruição de riqueza da história humana, ao menos em números absolutos. Uma parte ínfima desses recursos poderia ter sido aplicada na pesquisa e desenvolvimento de uma vacina para corona vírus, desde a SARS em 2003. Hoje, talvez teríamos uma solução em mãos. Leia mais aqui.

6. Banir pesquisas para tornar novas doenças mais perigosas

Pode soar como o roteiro de um filme, mas certos experimentos de laboratório são conduzidos com o objetivo exclusivo de encontrar maneiras de tornar vírus mais perigosos e letais. Em 2014, o governo dos EUA sob a gestão Obama paralisou esse tipo de pesquisa, dado seus riscos. Mas, em 2017, o Estados Unidos lançou novas diretrizes para esse tipo de pesquisa, sinalizando o fim da moratória. Leia mais aqui.

7. Laboratórios de alto risco devem estar em locais seguros

Laboratórios que envolvem alto risco não podem ser construídos em grandes cidades, devendo também os existentes serem realocados. O local da instalação é apenas um exemplo dos problemas de segurança destes locais. Por exemplo, ainda que existam protocolos com recomendações de segurança para laboratórios que manipulam agente biológicos altamente perigosos, nenhum tratado internacional garante o cumprimento e a execução desses. Leia mais aqui.

8. Mais cobre em todos os lugares, principalmente hospitais

Desde o século 19 sabemos das propriedades desinfetantes do cobre. Mais recentemente foi provado que o metal mata uma longa lista de micróbios, incluindo bactérias, norovírus e também o coronavírus. Leia mais aqui.

9. Combate eficaz ao tabagismo

Tudo indica que o fumante tem muito mais risco de complicações se adquirir o coronavírus, o que também se aplica a eventuais futuras pandemias que afetem os pulmões. Independente disso, fumar já representa por si só um enorme problema de saúde pública — Na verdade, cerca de 6% de todos os problemas de saúde. Leia mais aqui.

10. Comunicação entre especialistas, jornalistas e população

Em um momento que temos visto um profundo desprezo pela palavra dos especialistas por lideranças populistas, o antídoto para a desinformação reside na maior transparência. Contudo, especialistas e jornalistas também não são isentos de culpa na área das fake news. Leia mais aqui.

11. Ditaduras e pandemias

Blogueiros e jornalistas chineses sofreram e continuam a sofrer pressão para não reportarem a crise e alguns simplesmente “desapareceram”. Em momentos de crescente populismo antidemocrático, devemos lembrar que calar aqueles que podem “causar problemas” é prática corrente de ditaduras e isso não favorece em nada o controle de pandemias. Leia mais aqui.

12. Acabar com a pobreza e a morte por doenças que tem cura

Em 2018, 405 mil pessoas morreram por malária, a maior parte crianças nos países mais pobres do mundo. O fato destas mortes ainda ocorrerem é um absurdo. Porém, avançamos enormemente no problema. No ano 2000, esse número passava de 839 mil, mais que o dobro. Não cabe portanto uma visão cínica de que nada pode ser feito. Pelo contrário, a pobreza extrema e os problemas que a acompanham tem declinado continuamente. Devemos acelerar esse processo. Um mundo menos pobre também será mais resiliente a novas pandemias. Leia mais aqui.

13. Nos precavermos contra outros riscos catastróficos

Infelizmente não são apenas as pandemias que ameaçam a vida humana e o modo de vida moderno que conhecemos. Alguns são riscos novos, que nós mesmos estamos produzindo, tal como o aquecimento global, guerras nucleares e a inteligência artificial. Outros, são tão antigos quanto o planeta, tal como a erupção de mega-vulcões ou a queda de um asteroide similar ao que levou a extinção dos dinossauros. Se por um lado ainda estamos muito pouco preparados para esses desafios por outro já não é mais impossível resistir as enormes forças do planeta e do cosmos. Leia mais aqui.

14. Melhoria da tomada de decisão institucional

Em 2003, os Estados Unidos decidiram invadir o Iraque. A maioria hoje concorda que essa decisão foi muito equivocada, custando trilhões de dólares e milhares de vidas. E se pudéssemos evitar erros semelhantes no futuro, alterando o modo como as próprias instituições funcionam? E se nossas instituições estivessem melhor preparadas para responder mais rapidamente a expansão do coronavírus? Leia mais aqui.

15. Evitar as milhares de mortes em casas de repouso

De 24,7 mil mortos na França no Início de Março 12,5 viviam em casas de repouso. 51% de TODAS as mortes. Pagamos um preço caro por não antecipar a propagação da Covid, a adoção de medidas sanitárias (distanciamento social, capacidade de testagem) e seus efeitos sócio-econômicos. Na mesma linha, devíamos ter previsto (parece hoje óbvio) a alta mortalidade em casas de repouso; isso poderia ter poupado muitas vidas — principalmente, no Brasil. Leia mais aqui.

16. Cidades mais preparadas

O nível de preparação das cidades para liderar com pandemias varia drasticamente ao redor do mundo. Sabemos que a pobreza e a extrema desigualdade urbana expõe as camadas mais vulneráveis da população de forma avassaladora. Cidades com boa infraestrutura para saúde e transportes, sistemas de monitoramento e comunicação eficientes e mecanismos robustos de governança — envolvendo os poderes públicos e as iniciativas privadas — são mais preparadas para lidar com pandemias e minimizar seus efeitos negativos. Leia mais aqui.

Sintetizando

(sugerimos que leia apenas depois de explorar as propostas):

O que deve ser feito e o que você pode fazer? (Síntese de tudo que foi proposto)

Para onde doar para ter o maior impacto?

***

Nota: esse apanhado de sugestões foi feito pelos nossos colaboradores apenas para dar início a um debate, estando muito longe do aprofundamento ideal para tema tão complexo.

Também não se trata da opinião de especialistas: tomamos por base as diversas leituras do que está ocorrendo desde o início da crise do COVID-19 e também leituras prévias, conectadas com os debates mais amplos promovidos pelo Altruísmo Eficaz (Acesse esse link para entender melhor).

Por fim, trata-se de um “trabalho aberto”. Incluiremos novas propostas futuramente e podemos expandir o texto de algumas das recomendações, conforme novas pesquisas e análises a respeito delas forem realizadas.

Engaje-se!

“Desenvolva o hábito mais importante daqueles que se destacam e gostam de extrair o melhor da vida: a ação”. — Tim Ferris.

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Elaborado por: Caio Freire, Fernando Moreno, Leandro Cardoso Bellato, Lucas Favaro, Ramiro Peres.

Revisão: Gui Samora, Leo Arruda, Vinícius Picanço Rodrigues.

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