O que fazer para nunca mais acontecer? Combater as práticas de criação intensiva de animais

No inglês, factory farming, tais práticas também são chamadas de fazendas industriais ou pecuária industrial. A cada ano, 50 bilhões de animais são criados e abatidos nestes locais no mundo todo. Em um dia qualquer, mais de um bilhão de animais encontram-se neste sistema de criação nos Estados Unidos. Além de cruéis aos animais, tais modos de criação potencializam as chances de mutação de vírus.

Não é apenas de animais selvagens, tal como morcegos, que pode vir a próxima pandemia. Espécies domesticadas também podem originá-la.

“Há uma consciência crescente do fato de que carne produzida industrialmente é um terreno fértil para doenças zoonóticas, e que estas doenças podem sofrer mutações e infectar humanos muito rapidamente. Pandemias anteriores como a do H1N1 (“gripe suína”) e H5N1 (“gripe aviária”) podem ter se originado com animais de pecuária, e foram alastradas rapidamente pelo contato próximo de animais mal de saúde e por conta da natureza global da cadeia de suprimento de carne”. (Retirado do capítulo 4 deste texto).

Criação Intensiva de Animais

Estas fazendas abrigam um grande número de animais, geralmente vacas, porcos, perus ou galinhas, geralmente em ambientes fechados e em altas densidades. Restrições físicas são usados para controlar movimentos ou ações consideradas indesejáveis (Fonte). Por exemplo, As gaiolas de bateria são a forma predominante de alojamento para galinhas poedeiras em todo o mundo. Eles reduzem a agressão e o canibalismo entre as galinhas, mas são estéreis, restringem o movimento, impedem muitos comportamentos naturais e aumentam as taxas de osteoporose. (Fonte).

Basicamente trata-se de um modelo de criação projetado para maximizar a produção ao mesmo tempo em que minimiza os custos. Essa busca não é um problema em si: consideramos positivo, para empresários e clientes, quando uma indústria consegue produzir mais de um determinado produto ou reduzir os custos envolvidos desde que isso não implique na perda de qualidade ou desrespeito à lei, aos seus trabalhadores, ao meio ambiente, regras sanitárias ou qualquer violação de questões éticas envolvidas.

As fazendas nas quais os animais são criados intensivamente também podem causar reações adversas à saúde dos trabalhadores agrícolas. Os trabalhadores podem desenvolver doenças pulmonares agudas e crônicas, lesões osteo musculares e pegar infecções que transmitem de animais para seres humanos. (Fonte).

A criação intensiva pode facilitar a evolução e a disseminação de doenças prejudiciais. Muitas doenças animais transmissíveis se espalham rapidamente por populações densamente espaçadas de animais, e a aglomeração torna mais provável o rearranjo genético. Por outro lado, as pequenas fazendas familiares também não estão livres de risco, dado que são até mais propensas a introduzir doenças de aves e a associações mais freqüentes com as pessoas, como aconteceu na pandemia de gripe de 2009. (Fonte).

O que fazer?

Há várias linhas de ação possível aqui: uma é o convencimento das pessoas a se tornarem vegetarianas ou reduzirem o consumo de proteína animal (reducitarianismo).

Existe toda uma linha de pesquisa promissora que busca o desenvolvimento de melhores substitutos da carne, mantendo os aspectos que as pessoas apreciam nela (sabor e textura, basicamente) e assim diminuem o desejo dos consumidores pela carne animal.

Por fim, podemos exigir leis que garantam que os animais não sejam “espremidos” nas fazendas e que as condições sanitárias destes locais melhorem. Na União Europeia houve algum sucesso na mudança de regulamentos para melhorar as condições da criação intensiva de animais, tal como permitir que cada animal tenha mais espaço para se movimentar.

Para se aprofundar ainda mais sobre esse problema, e o que você pode fazer para resolvê-lo, leia também essa análise.

Este artigo faz parte da série: “Coronavírus: o que fazer para nunca mais acontecer”.

Autor: Fernando Moreno

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