De Roman Duda. Última atualização em junho de 2023. Publicado pela primeira vez em abril de 2016.

resolução de problemas

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1. Como você gastaria quinhentos bilhões de dólares?

Todos os anos, governos, fundações e indivíduos gastam mais de US$ 500 bilhões em esforços para melhorar o mundo como um todo. Financiam pesquisas para a cura do câncer, reconstruções de áreas devastadas por desastres naturais e milhares de outros projetos.

Quinhentos bilhões de dólares é muito dinheiro, mas não o suficiente para resolver todos os problemas do mundo. Por isso, organizações e indivíduos precisam definir prioridades e decidir em quais problemas globais concentrarão o seu trabalho. Por exemplo, se uma fundação quer melhorar ao máximo as vidas das pessoas, qual deve ser o foco: políticas de imigração, desenvolvimento internacional, pesquisas científicas ou outra área? E se o governo da Índia quiser fomentar o desenvolvimento econômico? Deve se preocupar em melhorar a educação, a saúde, a reforma microeconômica ou algo diferente? Como alocar os recursos entre essas opções?

Como veremos, a eficácia de se trabalhar em cima de diferentes problemas globais varia enormemente. No entanto, desses US$ 500 bilhões gastos por ano, apenas uma minúscula parcela (menos de 0,01%) é investida na pesquisa de prioridades globais: esforços voltados para determinar quais são os problemas globais mais urgentes.

Tendo um histórico de ter influenciado centenas de milhões de dólares, futuras pesquisas em prioridades globais poderiam fazer com que bilhões de dólares fossem gastos de maneira muitas vezes mais eficiente. Como resultado, acreditamos que esta seja uma das áreas de maior impacto na qual você pode trabalhar.

Este perfil é um resumo atualizado do nosso relatório completo de pesquisa, em que entrevistamos oito pessoas envolvidas na pesquisa de prioridades globais.

Resumo

Governos, fundações e indivíduos investem grandes quantidades de esforço e dinheiro para melhorar o mundo. Entretanto, poderiam ser feitas muito mais pesquisas sobre como usar tais recursos da melhor forma.

A pesquisa de prioridades globais toma muitas formas, utilizando técnicas da economia, filosofia, matemática e ciências sociais para ajudar pessoas e organizações a escolher a quais problemas globais elas devem direcionar seus recursos limitados, a fim de melhorar o mundo tanto quanto possível.

Nossa visão geral

Recomendado
Está entre os problemas mais urgentes para nos quais trabalhar.

Escala
[Se resolvêssemos este problema, em que medida o mundo melhoraria? Leia mais.]

Acreditamos que a pesquisa de prioridades globais pode ter um imenso impacto positivo. Parece plausível que uma melhor priorização dentro de organizações internacionais, ONGs e governos poderiam reduzir o risco de extinção em 1 a 10%, aumentar o crescimento econômico global em mais de 10% ou aumentar consideravelmente o valor esperado do futuro em outros sentidos.

Negligência
[Quantos recursos já estão sendo dedicados à resolução deste problema? Veja mais.]

Esta é uma questão altamente negligenciada. Os gastos atuais devem girar em torno de US$ 5 a US$ 10 milhões por ano.

Solubilidade
[Se duplicássemos os esforços diretos voltados para este problema, que parcela do problema esperaríamos solucionar? Veja mais.]

O progresso na pesquisa de prioridades globais parece moderadamente tratável, embora ele varie bastante dependendo das questões que são investigadas (sendo aquelas de caráter mais aplicado e empírico com frequência mais tratáveis). Nosso palpite é que duplicar os recursos investidos nesta área pode levar a algo como 1% do caminho em direção aos benefícios totais de uma melhor priorização.

Profundidade do perfil
Profundidade média

Entrevistamos no mínimo cinco especialistas sobre este problema, resumimos as melhores pesquisas disponíveis e investigamos detalhadamente pelo menos uma das nossas incertezas cruciais sobres este problema e, em seguida, redigimos todas as nossas descobertas. Algumas das nossas opiniões são profundamente pesquisadas, embora seja provável que ainda permaneçam algumas lacunas no nosso entendimento.
Este é um dos diversos perfis que escrevemos para ajudar as pessoas a descobrir os problemas mais urgentes que podem solucionar com as suas carreiras. Saiba mais sobre como comparamos diferentes problemas, veja como tentamos definir sua pontuação e veja como este problema se compara a outros que consideramos até o momento.

2. O que é pesquisa de prioridades globais?

A área da pesquisa de prioridades globais trata de investigar rigorosamente os problemas globais mais importantes, como compará-los uns com os outros e quais tipos de intervenções melhor lidam com eles. Por exemplo, como comparamos o valor de trabalhar mais nas mudanças climáticas vs. saúde global vs. prevenção de futuras pandemias?

Podemos distinguir entre pesquisa fundamental de prioridades globais, de um lado, e pesquisa aplicada de prioridades globais, de outro.

Achamos que os dois tipos de pesquisa podem ser muito importantes, e este perfil trata de ambos.

2.1. Pesquisa fundamental de prioridades globais

A pesquisa fundamental de prioridades globais se encontra principalmente na interseção da economia e da filosofia moral, embora possa incluir também ferramentas de outras disciplinas. Analisa questões de alto nível relacionadas a quais prioridades globais fazem mais pelo bem social, especialmente de uma perspectiva de longo prazo. Ou seja, inclui tópicos como a investigação do valor de reduzir o risco existencial vs. outras formas de fazer o bem, quanto devemos priorizar intervenções “amplas” com impacto positivo sobre diversas questões de uma só vez vs. intervenções mais “direcionadas” focadas numa única questão, bem como quais metodologias devemos usar para responder a essas perguntas.

A pesquisa fundamental de prioridades globais também envolve tópicos aparentemente mais exóticos, que, não obstante isso, podem aparentemente ser muito importantes para nós, como por exemplo: quais as chances de estarmos, em algum sentido, vivendo numa simulação? Devemos praticar o “comércio acausal”?

Todas essas são perguntas relevantes para a questão sobre em quais problemas devemos priorizar trabalhar neste momento para fazermos o melhor possível, apesar de que algumas são mais relevantes do que outras — e a tratabilidade dessas questões também varia. Para ter uma ideia da variedade, veja a pauta de pesquisas do Global Priorities Institute de Oxford e veja alguns exemplos de questões de pesquisa fundamental de prioridades globais que reunimos.

2.2. Pesquisa aplicada de prioridades globais

A pesquisa aplicada de prioridades globais também busca determinar o que devemos priorizar, mas foca em pegar as lições da pesquisa mais fundamental e aplicá-las às situações particulares em que calhamos de estar. Com frequência, também usa métodos mais empíricos e foca menos na filosofia.

Por exemplo, se a pesquisa fundamental de prioridades globais nos dissesse que a redução do risco existencial é uma grande prioridade, a pesquisa aplicada de prioridades globais poderia perguntar quais riscos são os maiores e mais fáceis de mitigar (p. ex., mudanças climáticas vs. risco de pandemia). Ou digamos que queremos buscar intervenções amplas: quais intervenções afetam, de fato, uma vasta gama de questões de um modo resilientemente positivo? Quanto custam? Outro tipo valioso de pesquisa aplicada de prioridades globais é a investigação de uma área de problema pouco explorada para determinar quão urgente ela parece ser.

Pensamos que muitos dos relatórios de pesquisa da Open Philanthropy representam excelentes exemplos de qualidade especialmente alta de pesquisa aplicada de prioridades globais.

Você também pode encontrar muitas grandes contribuições desse tipo no fórum do altruísmo eficaz — p. ex., publicações sobre Crescimento e a acusação ao desenvolvimento randomista e Qual é a probabilidade de que o colapso da civilização levaria diretamente à extinção humana (dentro de décadas). De um modo geral, por causa do seu foco em fazer o máximo de bem possível com recursos limitados, a pesquisa aplicada de prioridades globais tem sido o carro-chefe da comunidade de altruísmo eficaz na última década.

Não existe uma fronteira clara entre a pesquisa fundamental e a pesquisa aplicada de prioridades globais; trata-se de um espectro em vez disso. No entanto, grosso modo, a pesquisa mais fundamental tende a ser feita num ambiente acadêmico, como o Global Priorities Institute, e a pesquisa mais aplicada, num laboratório de ideias, instituição de financiamento ou organizações de altruísmo eficaz.

3. Por que trabalhar na pesquisa de prioridades globais?

3.1. Alguns problemas são muito mais urgentes do que outros

Intuitivamente, você pode achar que, se avaliássemos os problemas de acordo com sua urgência e os colocássemos num gráfico, acabaríamos com algo assim: alguns problemas são mais urgentes que outros, mas a maioria é bem urgente.

prioridades globais

No entanto, quando usamos a nossa estrutura para avaliar diferentes problemas, descobrimos que se parece mais assim: alguns problemas são muito mais urgentes do que outros.

pesquisa sobre prioridades globais

Por exemplo, em países ricos como os EUA ou a Suíça, o custo marginal para salvar uma vida através do gasto no cuidado médico é de mais de US$ 1 milhão.1 Em contraste, estima-se que o custo marginal de salvar uma vida na África subsaariana através da distribuição de mosquiteiros antimalária seja menor do que US$ 10.000.2 Isso sugere que, se uma fundação foca na saúde saúde em países em desenvolvimento, em vez de países ricos, ela pode salvar um número de bidas cerca de 100 vezes maior.

Se existem diferenças tão grandes em termos de eficácia, é crucial identificar as melhores áreas de foco. Descobrir uma área mais eficaz pode significar atingir 10 ou 100 mais. Escolher mal pode significar atingir somente 1%. O objetivo da pesquisa de prioridades globais é permitir que os tomadores de decisões evitem esse erro.

3.2. Podemos descobrir novos problemas globais novos ainda mais urgentes

A diferença em termos de eficácia entre trabalhar em diferentes problemas pode ser ainda maior se houver problemas sobre os quais a humanidade ainda nem pensou. E parece provável que não tenhamos descoberto todos os problemas globais graves existentes.

Ao analisarmos a história da raça humana, vemos muitos exemplos de grandes problemas morais que a maioria das pessoas ignorava completamente. Entre eles estão a escravidão, o tratamento deplorável dos estrangeiros, a subjugação das mulheres, a perseguição de pessoas não heterossexuais e os terríveis maus tratos aos animais. É improvável que sejamos a primeira geração a ter descoberto todos os grandes problemas morais existentes; ou seja, é provável que hoje existam graves problemas globais de que ainda nem temos conhecimento.

A pesquisa de prioridades globais pode ter um enorme impacto se identificar novos problemas urgentes que desconhecemos, e redirecionar investimentos e talentos para trabalhar neles.

3.3. Bilhões de dólares poderiam ser redirecionados para problemas mais urgentes

Organizações cujo objetivo declarado é buscar o bem comum gastam dezenas de trilhões de dólares a cada ano (de um PIB global de cerca de US$ 75 trilhões). A maior parte desse valor é gasto internamente por governos nacionais. Os gastos com ajuda externa totalizam mais de US$ 135 bilhões por ano, e a filantropia privada nos EUA totaliza US$ 350 bilhões por ano.

prioridades globais
A assistência oficial ao desenvolvimento (ODA) é amplamente usada como indicador de gastos com ajuda internacional. Gráfico do oecd.org
gráfico de doações
Doações de indivíduos, fundações e corporações nos EUA em 2014

Provavelmente apenas uma pequena parcela dessas dezenas de trilhões de dólares é investida com a genuína intenção de melhorar o mundo o máximo possível, ao invés de promover os interesses de um grupo específico (p. ex., um bloco eleitoral dentro de um país específico). E apenas uma pequena parte disso seria influenciada por pesquisas de alta qualidade.

Ainda assim, se bilhões de dólares pudessem ser redirecionados para problemas de maior escala, mais negligenciados ou de mais fácil solução, os ganhos poderiam ser imensos.

Além disso, muita gente também deseja trabalhar nos problemas mais urgentes — por isso que o nosso site existe! —; ou seja, os recursos totais são muito maiores que aquilo representado pela quantia em dinheiro.

E como as diferenças em eficácia podem ser tão grandes, mesmo que as pesquisas influenciem apenas uma parcela comparativamente pequena de recursos, elas podem ser altamente eficazes. Por exemplo, a GiveWell, que avalia instituições de caridade, produz pesquisas que, apenas em 2015, levou indivíduos a doar US$ 15,5 milhões para a Against Malaria Foundation, uma organização altamente eficaz. Essas doações provavelmente salvarão 2.000 vidas através da distribuição de mosquiteiros que protegem as pessoas da malária.3 Apenas cerca de 4% das doações para a caridade nos EUA vão para causas internacionais. Isso quer dizer que, provavelmente, a maior parte dos US$ 15,5 milhões que a GiveWell redirecionou teriam ido para organizações filantrópicas que trabalham dentro dos EUA que, em média, fazem muito menos para melhorar vidas do que as organizações que atuam internacionalmente.

3.4. A pesquisa de prioridades globais é uma área altamente negligenciada

Apesar da importância desta pesquisa, ela é muito negligenciada. À altura de 2018, as organizações voltadas para a comparação direta de diferentes problemas globais (p. ex., bem-estar de animais da pecuária vs. guerra nuclear vs. melhoria de pesquisas científicas) tinham um orçamento coletivo de menos de US$ 10 milhões por ano:

  Orçamento estimado em 2015
Open Philanthropy Project US$ 2,5 milhões5
Future of Humanity Institute
(parte destinada à pesquisa de prioridades globais)
US$ 0,8 milhões
Copenhagen Consensus Center US$ 1-2 milhões4
Centre for Effective Altruism
(considerando apenas atividades focadas na pesquisa de prioridades globais)
<US$ 1 milhão
Total US$ 5-6 milhões

Entretanto, o interesse nesta área está crescendo, de modo que o total certamente está mais alto hoje. Também devemos observar que também há pesquisas em andamento que ajudam, indiretamente, a definir prioridades globais, como o trabalho de alguns economistas acadêmicos e de grupos que realizam estudos e compilam dados de áreas específicas de intervenção política.

3.5. A área tem um histórico de sucesso no redirecionamento de centenas de milhões de dólares

A área de pesquisa de prioridades globais é jovem, mas já conseguiu influenciar a maneira como recursos são gastos. Aqui estão alguns exemplos:

  • GiveWell: em 2015, a organização redirecionou pelo menos US$ 39,7 milhões de donativos de doadores individuais para as instituições de caridade recomendadas por ela.4
  • Open Philanthropy: orientou a fundação Good Ventures na distribuição de um total de US$ 76,7 milhões em 2015.5
  • Global Priorities Project: o Departamento para o Desenvolvimento Internacional do Reino Unido redistribuiu 2,5 bilhões de libras esterlinas (US$ 3,6 bilhões) para financiar pesquisas para tratar e responder a doenças que mais causam sofrimento. O Global Priorities Project vinha defendendo essa mudança (embora, claro, o processo de definição de políticas tenha vários fatores e o projeto tenha sido uma pequena parte disso).6
  • Copenhagen Consensus Center: sua análise de custo-benefício ajudou a convencer o governo Bush a lançar a Iniciativa Malária do Presidente (orçada em 2 bilhões de dólares), entre muitos outros casos de sucesso.7
  • Future of Humanity Institute: prestou consultoria para várias dezenas organizações governamentais e setoriais acerca de problemas de novas tecnologias, incluindo as Nações Unidas, o Fórum Econômico Mundial, o Departamento de Estado dos EUA, a Câmara dos Comuns do Reino Unido e o Gabinete do Primeiro Ministro do Reino Unido.8

4. Quais os principais argumentos contra a definição deste problema como urgente?

4.1. A pesquisa pode ser difícil demais

Talvez você ache que a pesquisa de prioridades globais não tenha condições de obter resultados mais precisos do que o nosso melhor conhecimento atual, pois envolve muita incerteza, ambiguidade e juízo de valor. Talvez esse tipo de pesquisa seja negligenciado simplesmente por ser difícil demais.

Achamos essa preocupação razoável. Entretanto, o pouco que se fez de pesquisa de prioridades globais até o momento já trouxe avanços significativos, entre eles:

Além disso, há muitas oportunidades que são “alvos fáceis” para a realização de pesquisas de prioridades globais ainda disponíveis. Os pesquisadores poderiam, por exemplo, agregar opiniões de especialistas acerca da gravidade de diferentes problemas globais e coletar dados empíricos existentes sobre a relativa escala, negligência e solubilidade de diferentes problemas globais.

4.2. A pesquisa pode ser ignorada

Você pode achar que os políticos e doadores não estarão motivados a agir com base nos resultados da pesquisa de prioridades globais. Talvez eles se preocupem mais em garantir uma reeleição ou, em vez disso, respondam a apelos emocionais ou ao instinto.

É uma preocupação razoável, mas achamos que, se forem apresentadas boas evidências, ao menos alguns agirão com base nos resultados, como demonstram os exemplos mencionados acima.

5. O que mais se necessita para resolver este problema? 

O mais necessário são pesquisadores, em particular:

  • Pesquisadores com formação em economia, matemática ou filosofia para desenvolver a metodologia para definir as prioridades globais.
  • Pesquisadores com formação em ciências sociais e naturais capazes de coletar dados e analisar problemas globais específicos.

Mais pesquisadores podem não somente possibilitar mais progresso nestas questões, mas também demonstram que esta é uma área de interesse acadêmico, o que pode atrair mais pesquisadores no futuro.

Também são necessários gerentes de projetos acadêmicos e equipes de operações para ajudar a expandir institutos existentes e fundar novos.

Por fim, embora seja um problema de mais fácil solução, também precisamos de financiamento, que poderia ser usado para expandir centros de pesquisa existentes e fundar novos. Também seria útil financiar bolsas de estudos, e seria ideal se um ou dois financiadores se especializassem na avaliação de propostas de pesquisa nesta área.

6. O que você pode fazer de concreto para ajudar?

Quer trabalhar na pesquisa de prioridades globais? Queremos ajudar

Já ajudamos muita gente a formular seus planos sobre como trabalhar na pesquisa de prioridades globais. Se deseja trabalhar nesta área, particularmente se você puder ingressar ou estiver num programa de pós-graduação relevante:

ENTRE EM CONTATO

6.1. Como ingressar

Se deseja trabalhar nesta área como pesquisador, precisará de treinamento nas disciplinas relevantes.

  • Se for estudante de graduação, você pode se formar em matemática, economia, estatística ou filosofia analítica, ou simplesmente fazer aulas dessas disciplinas. Se estiver fora da universidade, pode fazer aulas on-line nessas áreas, como este curso de introdução à microeconomia.
  • Em geral, para a pesquisa fundamental de prioridades globais a melhor disciplina de pós-graduação é um doutorado de economia. A segunda disciplina mais útil é a filosofia, seguida da psicologia da tomada de decisão, áreas de ciências relevantes para tecnologias emergentes e tópicos como políticas públicas, ciência política e relações internacionais. Pessoas também ingressaram neste campo vindo da matemática, da ciência da computação e da física. Para a pesquisa aplicada de prioridades globais, podem ser úteis formações radicalmente diferentes, dependendo dos problemas específicos sendo investigados.
  • Saiba que formações e posições avançadas em muitas dessas áreas, como a filosofia acadêmica, podem ser bem exigentes e competitivas.
  • Você deve ler o material existente de organizações que trabalham na área de pesquisa de prioridades globais para se atualizar, como os relatórios de causa da Open Philanthropy.

6.2. Quais são algumas das principais opções de carreira dentro desta área?

6.2.1. Caminhos de pesquisa

O único grande centro acadêmico voltado para este tipo de pesquisa no momento é o Global Priorities Institute de Oxford; portanto, se quiser seguir este caminho como acadêmico, esse é o lugar ideal para no qual trabalhar. Apesar disso, esperamos que outros centros sejam estabelecidos nos próximos anos, e você também pode seguir este caminho em outras posições acadêmicas.

Entretanto, uma desvantagem da academia é que você precisa trabalhar em tópicos publicáveis, que frequentemente não são os mais relevantes para decisões reais. Isso significa que também é importante ter pesquisadores que trabalhem em outros lugares, abordando questões mais práticas.

Achamos que o principal centro dessa pesquisa aplicada é a Open Philanthropy, e a vantagem de trabalhar lá é que suas descobertas influenciam diretamente o modo como bilhões de dólares são gastos (advertência: a organização é nossa maior financiadora). Entretanto, você também pode pesquisar sobre isso em outras organizações altruístas eficazes. No 80.000 Horas, por exemplo, fazemos um tipo de pesquisa aplicada de prioridades globais focada na estratégia de carreira. Outra organização excelente para na qual fazer pesquisa aplicada de prioridades globais é a Rethink Priorities.

Há também aqueles que fazem tais pesquisas de forma independente, como Carl Shulman. Muitas vezes, esses pesquisadores começam escrevendo em blogs, e passam a arranjar trabalhos autônomos de doadores e organizações.

6.2.2. Caminhos fora da área de pesquisa

Se não deseja seguir um dos caminhos de pesquisa acima, você pode:

Você também pode ver as funções de apoio à pesquisa de prioridades globais e algumas formas de ajudar que não envolvam trabalhar diretamente na pesquisa de prioridades globais.

Exemplo de alguém que segue esse caminho: Luisa Rodriguez

Luisa estudou desenvolvimento internacional durante a faculdade e pensava que não teria a formação certa para fazer pesquisa de prioridades globais. Mas decidiu testar a sua adequação como pesquisadora no Rethink Priorities e descobriu que era capaz de fazer contribuições significativas para a pesquisa de riscos catastróficos. Isso levou a um emprego como assistente de pesquisa (e, posteriormente, Chefe de Pessoal) de Will MacAskill. Ela então se juntou ao 80.000 Horas como pesquisadora e agora trabalha como um dos apresentadores do nosso podcast.


SAIBA MAIS

6.3. Em que organizações você poderia trabalhar?

Conhecemos apenas poucos grupos que façam pesquisas que buscam comparar os problemas globais no mais alto nível (p. ex., mudanças climáticas vs. saúde global). Nossas maiores recomendações incluem:

  • Open Philanthropy, que presta consultoria para a Good Ventures, uma fundação de vários bilhões de dólares. Veja as vagas disponíveis no momento. (Aviso de conflito de interesse: a Open Philanthropy é a nossa maior financiadora.) Você também pode considerar trabalhar na sua organização parceira, a GiveWell, que realiza pesquisa de prioridades em desenvolvimento internacional.
  • A Rethink Priorities tem equipes de pesquisa nas áreas do bem-estar animal, saúde e desenvolvimento global, longotermismo e redução do risco existencial.
  • O Global Priorities Institute de Oxford é o principal centro de pesquisa acadêmica voltado para este tópico (nosso cofundador, Will MacAskill, é pesquisador neste instituto). Veja as vagas disponíveis no momento.
  • A Forethought Foundation, da qual Will MacAskill é diretor, apoia a pesquisa de prioridades globais com a oferta de bolsas de estudo e pesquisa.
  • O Future of Humanity Institute faz pesquisas na área de macroestratégia para analisar os resultados de longo prazo das ações atuais.

Outras organizações relevantes incluem:

Uma variedade mais ampla de grupos faz estudos clínicos ou coletam e compilam dados de setores específicos de intervenção política. Não consideramos isso igualmente negligenciado, mas é uma forma de pesquisa muito complementar:

6.4. Encontre oportunidades nas nossas vagas de trabalho

Nossas vagas de trabalho figuram como oportunidades na pesquisa de prioridades globais

6.5. Para onde você pode doar para ajudar na pesquisa de prioridades globais?

Você pode doar para a maioria das organizações listadas acima, das quais a melhor opção parece ser o Global Priorities Institute (você também pode doar no fim da página da Oxford Faculty of Philosophy), seguido do Future of Humanity Institute, na mesma página (visto que já está bem financiado). A Open Philanthropy não apresenta gargalos de financiamento.

(Para fazer uma doação dedutível no imposto de renda para o Global Priorities Institute nos EUA, clique aqui, selecione “Humanities division” e escreva “Global Priorities Institute” na caixa de texto.)

7. Saiba mais

7.1. Principais recomendações

7.2. Outras recomendações

7.2.1. Exemplos de pesquisas

7.2.2. Episódios de podcast com pesquisadores de prioridades globais

  • Christian Tarsney sobre viés de futuro e uma possível solução para o fanatismo moral.
  • Hilary Greaves sobre total desinformação moral, ética populacional, probabilidade em um multiverso e como tirar proveito da capacidade intelectual do meio acadêmico para abordar as questões de pesquisa mais importantes.
  • Toby Ord sobre o precipício e os futuros potenciais da humanidade.
  • Will MacAskill sobre argumento moral contra sair de casa, a reflexão sobre este é um ponto crucial na história e a cultura do altruísmo eficaz.
  • Will MacAskill sobre o equilíbrio entre frugalidade e ambição, se o longotermismo é ou não necessário e saúde mental sob pressão.
  • Andreas Mogensen sobre se o altruísmo eficaz é só para consequencialistas.
  • Marcus Davis sobre o Rethink Priorities.

 7.2.1. Outros artigos e podcasts

Quer trabalhar na pesquisa de prioridades globais? Queremos ajudar

Já ajudamos muita gente a formular seus planos sobre como trabalhar na pesquisa de prioridades globais. Se deseja trabalhar nesta área, particularmente se você puder ingressar ou estiver num programa de pós-graduação relevante:

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Notas e referências

1. Tabela 1, página 60, Hall, Robert E., e Charles I. Jones. “The value of life and the rise in health spending.” The Quarterly Journal of Economics 122.1 (2007): 39-72.
Link arquivado
Tabela 3, página 147, Felder, Stefan, e Andreas Werblow. “The Marginal Cost of Saving a Life in Health Care: Age, Gender and Regional Differences in Switzerland.” Swiss Journal of Economics and Statistics (SJES) 145.II (2009): 137-153.
Link arquivado

2. “Estimamos que custe à Against Malaria Foundation aproximadamente US$ 7.500 (incluindo os custos de transporte, administração etc.) para salvar uma vida humana.” Link arquivado

3. Página de impacto da GiveWell.

4. Página 6, GiveWell Metrics Report 2015.

5. Página 2, GiveWell Metrics Report 2015.

6. Nova estratégia de auxílio do Reino Unido: priorização das pesquisas e da resposta às crises.

7. Copenhagen Consensus: Nosso impacto.

8. Future of Humanity Institute: apoie o FHI.


Traduzido por João Fabiano.

Revisado por Luan Marques.

Original em: https://80000hours.org/problem-profiles/global-priorities-research/