Sua impressão independente sobre algo é essencialmente o que você acreditaria sobre aquela coisa se não estivesse atualizando suas crenças à luz da discordância dos colegas – ou seja, se você não estivesse levando em consideração seu conhecimento sobre o que outras pessoas acreditam e quão confiável seus julgamentos parecem ser sobre o tópico. Sua impressão independente pode levar em consideração as razões que essas pessoas têm para suas crenças (desde que você conheça essas razões), mas não o mero fato de que elas acreditam no que acreditam.
Enquanto isso, sua crença com todas as coisas consideradas pode (e provavelmente deve!) também levar em consideração a discordância entre os pares.
Munido deste conceito, eu tento me ater ao seguintes princípios epistêmicos/normas de discussão, e acho que é bom que outras pessoas também o façam:
- Eu tento manter minhas próprias impressões independentes separadas de minhas crenças com todas as coisas consideradas;
- Eu tento me sentir à vontade para relatar minha própria impressão independente, mesmo quando sei que ela difere das impressões de pessoas com mais experiência em um tópico;
- Eu tento ser claro sobre se, em um determinado momento, estou relatando minha impressão independente ou minha crença com todas as coisas consideradas.
Uma justificativa para esse pacote de normas é evitar cascatas de informações.
Em contraste, quando eu realmente tomo decisões, eu tento sempre fazê-las com base em minhas crenças de todas as coisas consideradas.
Por exemplo: Minha impressão independente é que é plausível que uma distopia irrecuperável seja mais provável que a extinção e que deveríamos priorizar esses riscos mais do que fazemos atualmente. Mas essa opinião parece relativamente incomum entre pessoas que já pensaram muito sobre riscos existenciais. Essa observação empurra minha crença de todas as coisas consideradas um pouco para longe de minha impressão independente e em direção ao que a maioria dessas pessoas parece pensar. E essa crença de todas as coisas é o que guia minhas pesquisas e decisões de carreira. Mas acho que ainda é útil para mim acompanhar minha impressão independente e divulgá-la às vezes, ou então as comunidades das quais faço parte podem acabar com crenças excessivamente confiantes e homogêneas.
Este termo, este conceito e estas normas sugeridas não são originais minhas – veja em particular o texto Nomeando crenças, este comentário, e várias das postagens marcadas com humildade epistêmica (especialmente este). Mas eu queria uma descrição clara e concisa desse conjunto específico de termos e normas para que eu pudesse fazer um link para ele sempre que disser que estou relatando minha impressão independente, pedir a alguém a opinião dela ou perguntar a alguém se uma opinião que ela deu é sua impressão independente ou sua crença em todas as coisas consideradas.
Meus agradecimentos a Lukas Finnveden por sugerir que eu fizesse deste pensamento um post.
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Publicado originalmente em setembro de 2021 aqui.
Autor: Michael Aird
Tradução: Bruna Bernardes
Revisão: Fernando Moreno