Semana 33
Mas o que vegano come? Um cardápio com 80 mil plantas comestíveis parece ser mais variado que os 5 ou 6 tipos de bicho morto que estão sempre no seu prato, não?
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Mesmo pro pessoal carnista do #plantlivesmatter (que não deixa de comer carne porque planta também é vida), 70 bilhões de animais comem muito mais plantas (e rendem menos calorias) do que se tivéssemos 8 bilhões de humanos veganos.
Vamos acabar com o holocausto das plantas, matando menos plantas ao… comer só plantas?
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Até encontrar um vegano, nenhum carnista pertencia ao movimento pró-vida do alface…
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“Tudo é vida” é o novo “somos todos humanos”. O segundo, é para justificar atitudes racistas. O primeiro, um cruel especismo para se acomodar comendo picanha.
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Ainda afetado pelo livro de Mancuso (A Revolução das Plantas), outro trecho para conversar com carnistas místicos antiespecistas: “As plantas não têm nada parecido conosco; são organismos diferentes, uma forma de vida cujo último ancestral comum aos animais remonta a 600 milhões de anos, época em que, emergindo das águas, a vida conquistou a terra. Plantas e animais se separaram, então para tomar caminhos diferentes”
Sobre quantidade, não vai faltar comida: “Pelo menos 80% do peso de tudo que está vivo na Terra é composto de vegetais.”
Sobre variedade de sabores, não vai faltar opção: “Mais de 31 mil espécies de plantas diferentes têm uso documentado; entre elas, quase 18 mil são utilizadas para fins medicinais, 6 mil para alimentação, 1.300 para usos sociais (como em rituais religiosos e como drogas)…” (a lista continua)
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A raiz do problema do x-tudo é toda a potência de dor que ele multiplica ao ser produzido.
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Da ótica de milhares de galinhas poupadas, todo osso que engasga alguém é um heróico kamikaze em ação.
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E se encontrássemos em Marte alienígenas parecidos com porcos? E se fossem falantes, tivessem a mesma capacidade cognitiva que a nossa, mas aquela carninha rosada… Poderíamos conviver tranquilos ou teríamos urgência em matar para experimentar o gosto do seu “bacon”?
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Há uma teoria de que a paz mundial viria só quando fôssemos invadidos por alienígenas. Imagine se uma raça viesse torturar e comer as crianças humanas. Abaixo de 10 anos, incluindo bebês, os alienígenas fariam experiências, pisariam, montariam em rodeios, prenderiam em zoológicos, devorariam ossos, tirariam as peles só por diversão e prazer.
Nesse cenário, judeus e palestinos, esquerda e direita, comunistas revolucionários, anarcocapitalistas e neoliberais, ateus e religiosos uniriam esforços, esqueceriam suas diferenças e agiriam juntos contra um inimigo comum.
Com o inimigo vencido, a paz mundial poderia perdurar, porque todos aprenderam a se tratar como irmãos.
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O veganismo será um dos grandes responsáveis pela paz mundial, se um dia ela vier. Se você aprende a não invadir o corpo de um animal não humano, aprende que não pode aprisioná-lo, torturá-lo, esquartejá-lo, como sua visão não mudará no tratamento de animais humanos?
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Já que podemos ter 100% da nutrição sem comer animais, como você explicaria o que é um abatedouro para alguém vindo do futuro?
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Não existe argumento racional algum contra o veganismo, mude minha ideia.
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Se você não consegue assistir aos vídeos da extrema violência com que torturamos bilhões de animais, você já tem a resposta sobre qual a melhor escolha ética.
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Não consegue virar vegano? Ok. Ao menos, não atrapalhe. Apoie o veganismo abertamente. Cobre de empresas e governos, defenda amigos veganos, faça segunda sem carne, terça sem ovo, quarta sem leite e quinta sem queijo, e sexta sem couro e sábado sem nada testado em animais. Faça um mínimo esforço. E domingo descanse e veja um vídeo de um abatedouro. Não consegue virar vegano? Ok, reduza. Ao menos, finja que consegue. Você já estará fazendo algum impacto.
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“O ódio paralisa a vida, o amor a libera. O ódio confunde a vida, o amor traz harmonia. O ódio escurece a vida, o amor a ilumina”. Martin Luther King
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Perguntam se veganos podem ser a favor do aborto em casos de estupro. Claro que podem. É basicamente isso que as vacas leiteiras sofrem para manter a produção de leite. Se a vaca desejar interromper a gravidez, por que o vegano seria contra? Agora, vegano nunca vai ser a favor do estupro após o nascimento, que é o que os carnistas fazem. Carnista são a favor do aborto de bebês recém-nascidos, pois pagam por marteladas na cabeça de bezerros pelo prazer de comer vitela.
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Se o mundo todo virasse vegano de um dia para o outro, o que faríamos com tanto sofrimento a menos no mundo?
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Um carnista no açougue é uma cena em extinção. Ou porque o mundo será vegano, ou porque ele em breve estará com o coração entupido de gordura.
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Os veganos são muito chatos. Eles querem ficar nos lembrando o tempo inteiro de como somos violentos, antiéticos e como temos dissonância cognitiva. Dado que carne não é necessária na nutrição, se você não aceita que martelem cabeças de cães e gatos, por que paga para fazerem isso com vacas e porcos? Estude o conceito de “dissonância cognitiva” e terá sua resposta.
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Para fechar, um mini conto:
AS MIL E UMA NOITES DE UM PINTO
Nasceu macho.
Acordou sorrindo com os irmãos, quanta vida pela frente pra ciscar!, bater as asas, brincar na grama!, pegar sol, mergulhar no rio… Mas, estranho, ele pisa pela primeira vez fora da caixa. É colocado em uma esteira junto a centenas de irmãos, a esteira corre, ventinho bom no rosto, é gostoso, turma toda surfando junta, berros de irmãos à frente, cheiro azedo de sangue, ele vê um precipício, é muito rápido, ele tenta correr contra, tropeça em milhares de irmãos, não é tão rápido, a esteira não o deixa fugir, o precipício chega, barulho de lâminas ao fim do abismo, elas esquartejam seus irmãos, agora vai ser ele, condenado à ser triturado vivo, ele cai, a lâmina corta sua asa, sua pata, gira-o do avesso, sente muita dor, berra por clemência, o liquidificador finalmente corta seu pescoço. Tudo isso porque um ser humano quer pudim.
Mas, olha!, ele logo reencarna, quer viver, voar, ciscar! Uma segunda chance! Mas nasce pinto macho de novo. Pisa na esteira, ventinho no rosto…
FIM
[explicando, diariamente na indústria de ovos, milhões de pintos machos são jogados vivos em uma espécie de liquidificador, já que não darão lucro botando ovos. Nem sua carne tem a genética para engordar rápido e ser lucrativa]
Leandro Franz é economista, escritor e wannabe vegano. É autor dos livros “A Pequena Princesa” (Ed. Letramento), “No Útero de Paulo, o Embrião não Nascerá” (Ed. Penalux) e “120 dias de Corona” (Ed. Letramento) – este último lançado agora em 2022.