Se não fosse tão triste seria engraçado o quanto o ciclo sempre se repete. Políticos que ficaram à toa, sem fazer seu trabalho para resolver os problemas prementes de nosso tempo, correm quando uma tragédia ocorre. Seja um desastre natural que pegou uma cidade desprevenida ou outro tiroteio sem sentido, essas pessoas estarão lá — ou melhor, estarão no Twitter — para oferecer seus “pêsames e orações”* às vítimas. Ao que, é claro, a multidão responderá: “Isso não basta!”
Vamos analisar isso de acordo com os estoicos. Primeiro, não há nada de errado com pesar e orações, por si só, principalmente se forem sinceros. No entanto, eles não são nem de longe suficientes para resolver a maioria dos problemas políticos ou sociais. E, no entanto, gritar com as pessoas que os oferecem também é sua própria forma oca de sinalizar virtude.
Embora os estoicos falassem sobre a importância de aceitarmos nosso controle limitado do mundo à nossa volta, eles rejeitariam essa negação moderna de nossa própria capacidade de agir. Eles ficariam desapontados em como aprendemos a nos sentirmos impotentes. Os obstáculos da vida — sejam eles na política, no meio ambiente ou nas ações de malfeitores — requerem ação. Eles exigem esforço. Eles exigem que entendamos o que está sob nosso controle de modo a efetivar as mudanças e melhorar o status quo.
Quando as fronteiras de Roma foram ameaçadas, Marco Aurélio não se limitou a enviar suas orações aos cidadãos que foram mortos. Não, ele liderou um exército para defendê-los. Quando uma praga atingiu Roma, ele não fugiu da cidade e depois voltou para falar em funerais. Ele enfrentou as terríveis condições, fazendo todo o possível para impedir a morte. Se ele foi bem-sucedido ou não, é quase secundário ao fato de que ele pelo menos tentou.
Porque é isso que um estoico faz. Nós agimos. Nós organizamos. Nós votamos. Tentamos resolver problemas. Tentamos impedir que problemas aconteçam novamente. E se os líderes que elegemos não ajudarem nisso — o que significa que eles próprios fazem parte do problema — não apenas gritamos ou reclamamos para que eles façam melhor… decidimos resolver isso também. Nós fazemos melhor. E iremos garantir de que eles também façam melhor.
Ninguém está vindo para nos salvar. Mas podemos nos salvar.
*No original thoughts and prayers, literalmente pensamento e orações
Fonte: The Daily Stoic
Disponível em:
https://player.fm/series/the-daily-stoic/thoughts-and-prayers-are-not-enough