Qual o maior impacto, afinal?

Considere as seguintes perguntas:

1-Qual a organização GiveWell capaz de salvar mais vidas por real doado?

2-Qual a organização GiveWell capaz de salvar mais vidas, ou criar um bem-estar equivalente a vidas salvas, por real doado?

3-Qual a organização GiveWell para a qual deveríamos doar, para causar o maior impacto?

Analisando um pouco mais a fundo os dados da GiveWell pude observar que, mesmo para quem já se convenceu dos argumentos do altruísmo eficaz, essas perguntas que parecem quase idênticas tem respostas bem diferentes.

Caso não conheça a GiveWell recomendamos que veja esse vídeo antes de prosseguir:

Pergunta 1: Neste caso, A malária consortium, com seu tratamento de “quimioprevenção” anti-malária, consegue salvar uma vida gastando entre 1.449 e 2.619 dólares (5.572 a 10.072 reais, na cotação de hoje).

A Against Malaria Foundation (AMF), que distribui redes tratadas com inseticidas e é muitas vezes a organização que usamos para exemplificar a custo-eficácia do combate a malária fica logo atrás, 1.909 a 3.449 dólares por vida salva (7.342 a 13.264 reais).

Pergunta 2: Neste caso, a Deworm the World é sua escolha. Ainda que ela não propriamente salve vidas, ela desvermifuga milhões de crianças em seu programa, por um custo muito baixo e impacto de qualidade de vida, educação, crescimento econômico, etc, muito alto.

A Deworm the World gera o mesmo bem-estar equivalente a uma vida salva com um custo entre 640 a 1.157 dolares (2.460 a 4.449 reais).

Pergunta 3: Neste caso, a coisa muda novamente de figura. Não se trata de entender o que a organização entrega com o total de doações mas o que aquele 1 real a mais conseguiria entregar. Trata-se do ganho marginal.

Vale fazer um parêntese. A GiveWell e OpenPhil tem, via de regra, conseguido garantir a quase totalidade da execução das ações planejadas pelas organizações que apoia, restando apenas eventuais funding gaps (lacunas de financiamento) conforme as atividades são desenvolvidas. Isso não era o caso até a existência da GiveWell e, por isso, entendo que anteriormente a resposta paras as Perguntas 2 e 3 seriam idênticas.

Para responder a essa pergunta temos que acompanhar as doações trimestrais feitas pela GiveWell em seu blog. Eles buscam identificar qual seria a maior lacuna e então alocam os recursos para aquela organização, naquele determinado momento.

Neste último trimestre, optaram por doar para a AMF os 4,7 milhões de dólares que tinham disponível. No último trimestre do ano passado optaram por alocar 10,1 milhões de dólares que tinham disponível na Malária Consortium.

Acha muito complicado acompanhar o blog para tomar uma decisão? Basta então apenas doar diretamente para a GiveWell e colocar os fundos a disposição desta organização para que o invistam como julgarem mais adequado.

Pro-tip: não quer ter que doar diretamente pela GiveWell (paga IOF e fica complicado calcular isso, só dá pra transferir via cartão de crédito, etc.)? Neste caso, você também pode fazer sua doação via doebem, que transfere os recursos para a GiveWell. Site: www.doebem.org.br

Nota final: Ainda há um monte de pormenores que eu lhes poupei neste post mas que são muito interessantes, por exemplo, as modelagens mais recentes da GiveWell que incluem interessantes considerações sobre funging (fungibilidade?) que basicamente é o quanto aquele financiamento dado pela comunidade do AE teria vindo de outra forma, por outras organizações. Como usei os dados diretos da planilha GiveWell tais ajustes já foram computados.

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