11 Mitos sobre filantropia e ajuda humanitária e ao desenvolvimento (versão resumida)

11 Mitos sobre filantropia e ajuda humanitária e ao desenvolvimento

1)“O mundo já gasta muito mais do que o suficiente em ajuda humanitária e ao desenvolvimento sócio-econômico”: Na verdade, os países da OECD gastam em média 0,32% de sua renda nacional com ajuda a países estrangeiros e suas populações.

2) “Este dinheiro gasto em filantropia tem baixo impacto”: O Institute for Health Metrics and Evaluation da Universidade de Washington estima que entre 2000 e 2014, o total doado (por doadores privados e públicos) de 73,6 bilhões de dólares destinados a saúde da criança, evitaram a morte de pelo menos 14 milhões de crianças.

3) “Os problemas no mundo são tamanhos que o que eu doar não fará diferença alguma”: Uma pessoa de classe média a classe média alta que doe 10% de sua renda mensalmente a uma organização altamente eficaz como a The Against Malaria Foundation pode conseguir gerar em algumas décadas até 80.000 redes contra o mosquito da malária que previnem a disseminação da doença. Isso pode parecer pouco, mas através desta relativa pequena quantia mensal ao longo de décadas poderão ser salvas 25 crianças pela ação de um só indivíduo, isto sem contar, demais benefícios advindos do combate a malária.

4) “ Devemos primeiro tratar os problemas daqueles mais próximos primeiro”: Apesar de no caso do Brasil não vivermos num país rico, e ainda permanecerem problemas sérios a serem resolvidos, a lógica da caridade que faz mais sentido quanto mais próxima de casa não deve ser encorajada. Não devemos esquecer dos nossos próprios problemas, mas também não devemos nos esquecer que existem países e regiões em situação ainda mais precária que a nossa. Assim nesses lugares, a relação custo-benefício por centavo doado tente a ser mais proveitosa.

5) “Filantropia e ajuda humanitária ou ao desenvolvimento são inúteis devido a governos e entidades corruptas”: De fato existem governos e entidades corruptos que podem se aproveitar da boa vontade alheia, e bloquear qualquer benefício real que doações podem gerar. Mas isto não significa que se deve doar menos, mas que se deve doar de modo inteligente, levando em consideração organizações eficazes e transparentes. Motivo pelo qual apoiamos a doação eficaz, baseada em estudos e evidências. Caso deseje fazer uma doação para uma organização destas conheça a doebem (Site, Facebook).

6) “O auxílio de filantropos e de governos só gera pessoas dependentes e que vão se acomodar a viver de assistencialismo”: De fato essa é uma possível consequência indesejada, como no caso de alimentar governos corruptos através de doações. Por exemplo, grandes doações de alimento podem tornar a agricultura local menos e menos rentável. Mas como no caso de governos e entidades corruptas, o caso não é de se doar menos, mas de se doar inteligentemente a causas que promovam o desenvolvimento e autonomia.

7) “Já que leva ao aumento da população a filantropia só atrapalha o problema da superpopulação”: Há um equívoco aqui em crer muitas vezes que o índice de natalidade parece ser inerente a uma região ou população. Em parte a própria taxa de mortalidade infantil eleva a taxa de natalidade. Do mesmo modo condições de vida e acesso a educação, que se melhorados devem levar a mudanças na taxa de natalidade de uma região pauperizada.

8) “Não precisamos de filantropia, precisamos de ação política!”: Na verdade uma coisa não anula a outra, não são alternativas, de modo que o Altruísmo Eficaz tem se expressado sobre modos eficientes de se atuar politicamente tendo em vista impacto positivo e mensurável. Em algumas causa, como no caso dos refugiados, apesar da doação auxiliar, uma ação política tende a ser mais eficaz. Em outros, onde governos não possuem verba suficiente, ou hajam obstáculos inerentes ao processo político, doações são de grande valor.

9) “O crescimento econômico por si pode eliminar a miséria, dispensando a necessidade da filantropia”: Por mais que de fato o crescimento econômico já tenha retirado um enorme número de pessoas da miséria (especialmente na China), por mais otimistas que sejamos, ainda serão necessárias décadas para a eliminação da miséria contando exclusivamente com o crescimento econômico, neste meio tempo vidas são perdidas, e sofrimento de muitos persiste.

10) “ Deveríamos focar em fortalecer sistemas de saúde nacionais ao invés de apoiar ações externas ‘verticais”: No caso de países que possuem um sistema de saúde muito debilitado, o melhor é aliviar a pressão em cima destes sistemas no combate de doenças de profilaxia simples.

11) “Impedir a evasão fiscal por empresas multinacionais diminuirá o hiato no financiamento para o desenvolvimento”: Uma melhor coleta de impostos pode sim trazer benefícios, mas está longe de ser uma solução geral. O Centro para o Desenvolvimento Global, e o Centro Internacional de Impostos e Desenvolvimento tem isto a dizer sobre o tema:

“Acreditamos que o potencial para os governos levantarem receitas adicionais tributando empresas multinacionais é limitado pelos níveis reais de lucro gerados pelo investimento estrangeiro direto em cada país. Mudanças nas alíquotas efetivas também podem ter impactos nas perspectivas de investimento. As estimativas de evasão fiscal das empresas são frequentemente apresentadas de forma equivoca, ou reaproveitadas de uma forma que exagera os potenciais impactos (…) Retóricas muito utilizadas como ‘os países em desenvolvimento perdem três vezes mais para os paraísos fiscais do que recebem da ajuda a cada ano’ e ‘60% do comércio global ocorre dentro de multinacionais’ ou ‘Zâmbia poderia ter dobrado seu PIB’ não se sustentam.”

Essa é uma versão resumida deste texto que explora todos os pontos em ainda mais detalhes.

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